AGULHAS NUM PALHEIRO (parte final) Em parceria com Vany Grizante
Parte final do primeiro trabalho em parceria da dupla G...
Vany Grizante e Pedro Galuchi.
Está dividida em quatro pequenos capítulos..
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(parte quatro – final)
(Agulha) – Ela parecia o Alfinete. Ficava parada, esperando o disco girar enquanto ia ouvindo a música.
(Alfinete) - Pode provocar que não vou me mexer...
(Linhas) – Dona Agulha! Explica melhor isso. Agulha cantora? O que é isso?
(Agulha) – Houve um tempo em que existiam os fonógrafos...
(Dedal) – Isso também machuca?
(Botões , em uníssono) - Ah ah ah ah ah!!
(Agulha) – Não conhecem o fonógrafo? Os toca-discos?
Todos se entreolham...
(Agulha) - Não faz muito tempo, havia discos bem maiores que os Compact Disc, os atuais CDs... Os discos tinham umas ranhuras em que a agulha passava e saía o som. A voz dos cantores. Ah! Se não fosse a agulha não tinha música.
Todos continuam se entreolhando.
(Agulha) – Que cara é essa, pessoal? É verdade! Havia até agulha de diamante!
(Tesoura) – Uau! Tecnologia de ponta! Deve ser parenta minha também...
(Alfinete, rindo) – Estou imaginando uma agulha como fone de ouvido.
(Botões)– Ah ah ah ah ah!
(Agulha) - Então! Viram como sou útil? Até fico chateada em não ir passear nos vestidos e roupas que preparo, como a linha e os botões, mas faço a felicidade de muita gente. Acalentei muitos sonhos de namorados com a música, agasalhei muita criança e idoso com frio, ajudei gente perdida a encontrar caminhos...
(Carretéis) – Puxa, dona Agulha! Quanta história a gente não sabia de você!
(Zíper) - Achávamos que a senhora era arrogante. Passava por mim, pelo pano e pelos botões e nem parava para uma conversinha.
(Dedal) - Agora que a conheço melhor até que gostei... Vou reclamar menos!
(Linha) - Quando costurarmos meias, não vou mais perguntar se você está me levando para uma pizzaria, tá?
(Tesoura) – Xi! Pessoal! Corta a conversa!A Costureira está chegando!
(Todos) - Que bagunça fizemos!... Vamos nos arrumar.
(Alfinete) - Eu não fiz bagunça, nem preciso me arrumar... Continuo espetadinho no mesmo lugar.
(Zíper) – Fecha essa boca!
Todos mostram a língua para o alfinete e ficam quietos.
A costureira abre a caixa, desenrola a linha do carretel, corta com a tesoura, coloca a linha na agulha, tira os alfinetes do pano, coloca o dedal e começa a pregar botões, acenando ao zíper como a dizer: “Espere um pouco que já chega sua vez!”