RAVENALA, A FORMIGA ALBINA

No dia em que Ravenala nasceu, houve um eclipse no sol. Tudo escureceu na colônia de saúvas. Era um sinal do céu...

A fada da sabedoria foi convidada para uma assembleia geral que deveria acontecer nos primeiros dias de vida da menina. Ela estava fora dos padrões do formigueiro e por esta razão, não poderia viver na comunidade das formigas, deveria ser banida...

O Primeiro Ministro Fortunato Formicida, abriu a sessão com um pronunciamento solenemente fúnebre:

“Augustos e digníssimos representantes da corte real, hoje nasceu em nosso meio uma formiga albina. Surda, e com uma visão diminuída é incapaz de assumir as funções de guarda ou de operária; assim, diante da presumível incapacidade para o trabalho e como está escrito em nosso código de direito à vida, ‘quem não vive para servir, não serve para viver... ’ Minha proposta é que ela seja sumariamente exterminada ou banida para sempre do formigueiro”.

O destino da formiga albina estava prestes a transformar-se num exílio de vida ou numa pena de morte, quando a fada madrinha postou-se no meio da assembleia e vaticinou:

"Esta menina será frondosa como uma palmeira. Terá asas como folhas de bananeira e navegará os sete mares nas asas dos passarinhos. Seu nome é Ravenala, a árvore-do-viajante, e o mundo para ela não terá fronteiras. O vento que sussurra em suas palmas é um acalanto para a alma de quem dela se aproxima..."

Houve um profundo silêncio no mundo encantado das formigas. Em seguida, aplausos... e a rainha deu seu veredicto: “A partir de agora, Ravenala será a cantora da corte e também minha camareira.Providenciem uma orquestra... organizem um coro...”

E daquele dia em diante, todo formigueiro aprendeu que nem tudo que é diferente deve ser banido. Muitas vezes, o excepcional é o agente que falta para melhorar a sociedade.