A GARÇA E A CEGONHA


Lá muito longe, num grande pântano na Sibéria, viviam a Garça e a Cegonha. Mas viviam sozinhas, cada uma no seu lado do pântano.
Um dia a Cegonha sentiu-se muito só, muito triste e disse:
—Estou cansada de viver assim sozinha, vou pedir à Garça que case comigo para vivermos juntas. E foi.
Depois de patinhar sete milhas à volta do enorme charco, chegou ao outro lado junto da casa da Garça:
—Dona Garça, está em casa?
—Estou.
—Olhe, eu tenho andado muito triste, sinto-me sozinha. Quer casar comigo?
—Não. Tu tens as pernas muito compridas e o teu casaco é muito curto. Além disso não tenho comida para dois. Vai-te embora, pernuda, que eu não quero casar contigo.
A pobre da Cegonha ficou cheia de pena e de vergonha e foi-se embora para o seu lado do pântano.
Mas depois a Garça pensou melhor, e achou que realmente viver só era uma tristeza. Meteu-se a caminho para ir dizer à Cegonha que já queria casar com ela.
—Dona Cegonha, olhe, eu também acho que viver só não tem graça nenhuma. Quero casar consigo.
—Agora já me habituei a estar sozinha. Não quero. Vá-se embora.
Desta vez foi a Garça que ficou envergonhada e foi-se embora toda ofendida com a Cegonha.
Mas depois a Cegonha tornou a sentir-se só e tornou a ir a casa da Garça:
—Olhe, Dona Garça, eu pensei de novo... acho que é melhor casarmos.
—Não, agora sou eu que não quero. Volte lá para o seu lado do pântano e deixe-me em paz.
Mas depois a Garça tornou a pensar e voltou a casa da Cegonha para lhe propor casamento.
Ainda desta vez a Cegonha não quis casar com a Garça.

E assim continuam, ainda hoje, a Garça e a Cegonha a visitar-se e a fazer propostas de casamento.
Mas ainda não se casaram.