SONHO DE NATAL

Antoninho chegou à casa com um punhado de flores silvestres e disse ao Roque, seu irmão mais velho.

- Vou fazer um enfeite e colocar na porta de casa para que Jesus, quando passar por aqui, ficar sabendo que nós gostamos muito dele e estamos festejando o Natal.

- Deixe de ser bobo, garoto! Imagine se Jesus vai gostar de flores do mato! Ele só gosta de gente rica, de enfeites bonitos.

- Isto não é verdade! A professora disse que ele ama todas as crianças e só fica triste quando a gente não é bonzinho.

- Tudo conversa! Você não vê como só crianças ricas ganham presentes no Natal?

Antoninho ficou confuso. Realmente, eles nunca ganharam nada nem tiveram algo especial para comerem nesse dia..

Ele tinha pedido a mãe uma goiabada que estava com vontade há muito tempo e ela disse que não podia comprar porque não tinha dinheiro.

Apesar disso, porém, ele não podia acreditar que Jesus não fosse bom e justo.

Jogou as flores na lata de lixo e foi deitar-se em silêncio enquanto o irmão continuava a reclamar da pobreza deles e dos privilégios dos ricos.

Aos poucos a sua voz foi ficando distante até desaparecer e, então, Antoninho viu a porta do quarto abrir-se devagar e um menino lindo apareceu. Sua aparência era modesta, mas uma luz maravilhosa o envolvia e Antoninho não teve dúvidas:

- Jesus!

- Sou eu mesmo! Vim agradecer as flores que você colheu para mim.

- Oh! Eu joguei fora porque o Roque disse que você não gostava de flores do mato.

- Gosto de todas as flores, mas gosto mais ainda dos meninos que as colhem para presentear-me.

- Então não é verdade que você só gosta de ricos e que por isso só eles ganham presentes?

- Nada disso. Eu gosto de toda a humanidade. Ganhar presentes não é a coisa mais importante deste mundo. Importante é ser estudioso, trabalhador, esforçado e honesto para conseguir ter um dia todas às coisas que deseja.

- Eu só queria um pedaço de goiabada...

Jesus sorriu para ele e foi desaparecendo enquanto ele acordava com os gritos do irmão:

- Trouxeram uma cesta de natal para nós, lá da Pastoral. Tinha uma lata de goiabada que já abrimos e repartimos. Aqui está o seu pedaço!

Meio sonolento ainda, sem saber muito bem se já acordara ou ainda sonhava, Antoninho meteu os dentes na deliciosa goiabada, bem vermelha e grudenta.

- Que delícia!

Maith
Enviado por Maith em 07/12/2009
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