O NATAL DE PEDRINHO
Pedrinho levantou cedo, estava feliz, era domingo, dia de feira e véspera de natal. Na noite anterior ele havia quebrado o cofrinho de barro, onde havia juntado centavo por centavo do que ganhou das vendas das cocadas do Sr. Alfredo.
Ele vendia os doces no pátio de escola municipal. Ganhava uma pequena porcentagem por cada doce vendido. Ele acreditava que se juntasse as moedinhas, no final do ano daria para comprar a bicicleta tão sonhada.
Mas ao contar o dinheiro, ele constatou que aquela quantia era um terço do valor de uma bicicleta usada. O Pedrinho não ficou triste e nem desistiu do seu sonho. Falou para si mesmo:
- só faltam dois anos! Amanha vou à feira e comprarei dois cofrinhos.
Mas ao chegar à cozinha para tomar o café da manha viu que não tinha nada sobre a mesa. A mãe triste olha para ele:
- filhinho, a gente não tem nada para comer. – lágrimas descem-lhe dos olhos.
Pedrinho olha comovido para os irmãos menores e para o pai cabisbaixo. Naquele momento a compaixão fez daquela criança um super-homem. Ele foi ao quarto, pegou o saquinho de moedas e deu a sua mãe para comprar comida:
- filhinho é o dinheirinho da sua bicicleta, você trabalhou tanto para juntar essas moedinhas.
- ah, mãezinha no ano que vem eu junto de novo.
Não tinham alternativas, tiveram que aceitar o dinheiro do Pedrinho.
À noite a pequena cidade estava em reboliço, pela primeira vez iriam assistir a uma cantata natalina. O evento aconteceria após a missa.
Armaram um palco em frente à igreja. Crianças vestidas de vermelhos cantavam hinos natalinos, uma chuva de algodão caia sobre eles, parecia um coro de anjos de tão afinados. Pedrinho e as outras crianças pareciam hipnotizados diante de tanta beleza.
Após a apresentação, para surpresa de todos, papai Noel desceu pendurado numa corda. As crianças vibraram. E para completar a alegria haveria sorteio de brinquedos. Pedrinho, assim como todas as crianças, estava ansioso. Todos os nomes foram chamados, menos o do Pedrinho.
O menino baixou a cabeça tristemente. Mas papai Noel ainda não tinha ido embora.
-ah! Ah! Ainda tenho um papelzinho aqui na minha mochila. Quem é o Pedrinho da cocada?
- sou eu sinhô – Pedrinho fala timidamente
- venha até aqui menino, tenho um presente especial para você. Que sorte meu rapaz, o melhor presente ficou por ultimo. A bicicleta é sua!
Pedrinho não se conteve de tanta felicidade.
Ao abraçá-lo, Papai Noel sussurrou-lhe nos ouvidos.
- obrigado por me ajudar a vender os meus doces.
Pedrinho sabia que o papai Noel era o Seu Alfredo, mas manteve o segredo. Preferiu acreditar que Papai Noel existe.