A lenda do tesouro no fim do arco-íris (floresta encantada) 2 [fim]

(continuação)

Foi quando algo mágico aconteceu:

primeiro, uma bordoada na cabeça;

ao virar-se, não viu ninguém

Mas avistou uma passagem luminosa e a seguiu:

acabava em uma clareira...

e se deu conta da realidade

Árvores arrancadas pela raiz

pela mesma tempestade que derrubara seu avião

até um pequeno animal jazia esmagado

Outra bordoada na cabeça,

virou-se e não viu ninguém

mas reparou onde estava

Uma "ilha de caniço": [2]

aglomerado de bambus que se curvavam ao vento

e resistiam à tempestade

E ao mesmo tempo

o aglomerado barrava o mais forte da chuva em suas folhas e troncos

para que apenas uma parte atingisse o homem

E ele quis se envergonhar de tanto reclamar...

mas sem tempo pra isso,

sentiu outra bordoada na cabeça!

Dessa vez, levando-o de volta à nave

esta repousando sobre um monte... gelatinoso!

e em sua mente uma voz lhe falou:

"És abençoado e não percebes?

Como o solo natural possui a propriedade

de ser rocha sob o sol e lama sob a chuva

Este minério especial possui propriedade semelhante [3]

Se não fosse a chuva, morrerias contra um rochedo rígido

Porém a tempestade lhe fez um amortecedor"

Sem tempo para refletir sobre a voz,

outra bordoada na cabeça

que o fez olhar ao redor

E o homem reparou em olhinhos ferozes de animais

abrigados em suas tocas, esperando a chuva passar

famintos para irem atrás da "caça"

E ele resolveu que era hora de de sair dali

usando uma casca de uma árvore como escudo

correu sem parar no meio da chuva

Guiado pelas bordoadas em sua cabeça

chegou em uma vila, onde encontrou um conhecido

que lhe serviu roupas secas e bebida quente

Enquanto contava sua aventura, outra bordoada

dessa vez de uma criança:

"Olha, 'tio'! O arco-íris!"

olhando pela janela

as cores prismáticas entre as finas gotas que ainda caíam,

o homem enfim percebeu e sorriu

Seu conhecido:

"Mas que chuva, não?

Deve ter sido terrível pra você..."

Terrível?

Logo que o avião caiu, sim, pensou que era uma desgraça.

Mas a culpa não fora da chuva, e sim de sua ganância

A chuva, coitada, fora sua verdadeira amiga

salvou-lhe a vida por duas vezes:

amortecendo a queda e afugentando as feras

Reclamara dos arranhões

mas sem a chuva estaria morto

ganhara uma segunda chance de vida

"Tua vida pra viver

teus olhos pra observar

teus ouvidos para escutar

Teu nariz pra respirar a vida,

tua alma pra sentir,

tua mente pra analisar...

Teus pés para correr,

tuas mãos para abraçar,

teu silêncio para louvar...

Nada disso é suficiente?

Que mais esperas pra ti?"

E enfim a voz em sua mente se despediu

Percorrendo com os olhos o arco-íris,

distraidamente o jovem respondeu:

"Não haveria arco-íris se não houvesse a chuva"

O conhecido,

alheio à experiência marcante:

"Mas você ainda não encontrou o tesouro no fim dele..."

Pensando na aventura,

em como seus olhos foram se abrindo aos poucos

e percebendo o quanto fora abençoado...

Para a estupefação do conhecido, disse:

"Não... não encontrei um pote de ouro.

Mas encontrei um baú de tesouros muito mais valiosos!"

* O jovem não percebeu *

* atribuindo as maravilhas ao arco-íris *

* que seu milagre fora dado pela floresta encantada *

* Mas tanto não importa... *

* as criaturas encantadas não sentem inveja *

* nem ficam com ciúmes *

* Afinal, são todos a mesma natureza *

* E não como os humanos... *

------------------------------------------------------------------------

[2]Existe uma lenda sobre a lição de humildade do caniço... que se curva diante do vento e com isso é capaz de resistir mais que as árvores rígidas

[3]Propriedade do solo: não entendo muito disso (se alguém souber, agradeço), mas basicamente: solo seco = duro, solo úmido = friável (fragmentável), solo molhado = plástico (deformável)... Não conheço o minério citado na lenda, mas quem disse que precisa ser real? :)

Voo do Corvo
Enviado por Voo do Corvo em 12/11/2009
Código do texto: T1920150
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.