O PEQUENO CAMINHEIRO ( Fazendo amizades)

(Sócrates Di Lima)

PARTE II

Depois de um dia inteiro perambulando,

Brincando entre as borboletas,

Caminhou por entre os girassóis,

Brincando e correndo a sóis,

Se fazendo de beija-flores,

Sugando o mel das flores,

Saltitava alegre no seu pequeno mundo.

De repente ouviu-se um gemido,

Parou, olhou para traz,

Verificou os lados,

E ali estava uma margarida,

Num corpo desfolhado,

Que resmungava:

- menino peralta, viu o que fizeste?

- O que eu fiz margarida? Respondeu o menino.

- Batestes a mão e me desfolhastes.

- Perdão, perdão minha flor,

Eu não percebi, ah! Que desastrado eu sou.

Ajoelhou-se ao pé da margarida, e com lágrimas contidas,

Acariciou-a com cuidados.

- Ah! Minha bela flor, que mal eu lhe fiz heim!

você me perdoa!

- Claro que te perdôo, o que mais posso dizer, com tamanha delicadeza, fez por merecer.

Não há coisa mais bela, do que a humildade que despojastes.

Senti a franqueza do teu coração, e quem sou eu para não te perdoar.

Neste instante chegou a borboleta, era sua amiga flor voadora que já o seguia.

- Por que choras meu menino?

- Ah! Bela borboleta, eu machuquei esta flor.

- É mesmo, está desfolhada. Falou-lhe a uma borboleta.

- Já não me importo, retrucou a margarida,

já não há mais ferida, há um coração bom neste menino,

E a sua humildade sarou minha dor.

- Então estou feliz margarida, posso seguir meu caminho?

-Sim, claro que sim, eu me recuperarei, vá, siga com Deus, pena que não posso ir com vocês.

Saltitante e feliz, o pequeno caminheiro seguiu sorrateiro, seu caminho entre as flores.

Na sua companhia, borboletas e beija-flores seguiram seus passos.

Menino descalço peito nu, olhar radiante, viu um tatu.

Quando o tatu viu o menino, procurou seu buraco e não encontrou,

se encolheu todo, a cabeça sob a couraça,

ninguém podia machucá-lo, que belo disfarce.

- Hei seu tatu, pode sair agora, não vou te machucar. Falou o menino.

Um eco se ouviu, uma voz grossa surgiu.

- Eu heim... Você ta maluco, olha lá para cima, tem um predador me olhando.

- Ah, mais ele não se meta a besta, corto as asas dele. Disse o pequeno.

- Mas ele tem garras afiadas, quer me devorar. Resmungou o tatu.

- Espera ai, isto vai resolver.

Sentou-se ao lado do tatu, junto as borboletas e os beija-flores,

todos olharam para cima e chamaram o predador.

-Ei seu predador, desça aqui, falaram todos juntos.

E num rasante o predador desceu, e o tatu se encolheu.

- Não se aflija seu tatu, não vou te devorar, o menino aqui, não vai deixar. (disse a ave de rapina)

- É verdade seu tatu, ponha a cabeça para fora, cumprimente este "passarinhão".

Com a voz trêmula e olhando o falcão resmungou.

- È se não fosse o menino, você seria um assassino...

- É bem provável, mas, de hoje em diante, não comerei mais tatu.

Então estamos conversados, disse o menino.

Qual é seu nome, seu "passarinhão"

Ah! Eu sou o falcão, o maior dos predadores desse chapadão.

Prazer em conhecê-lo seu Falcão.

- Para onde vai o menino? Falou o falcão.

- Não sei, sigo o meu destino. Não sei para onde vou não.

Já se faz tarde, vamos andando, quem vai comigo?

Podemos ir contigo, disseram todos os companheiros.

Sim, podem vir comigo.

Todos levantaram, e seguiram o pequeno caminheiro.

Era tarde, o sol esfriava, e todos os companheiros, ali cantarolavam.

- Somos a nova companhia, batemos em retirada,

não importa se é noite ou se é dia, seguimos a caminhada,

Com o menino iremos, para onde ele quiser,

seu corpo o protegemos, pelo que der e vier....

E a noite chegou, sentaram ao pé de uma árvore, e logo uma coruja chegou.

Chegou também um urubu, mas, todos ficaram com nojo...

Ai o menino falou:

- Por que essas caras de nojo, somos todos iguais, cada um tem seu destino, não é porque ele não cheira bem, que não é um bom companheiro. Todos somos filhos de Deus, não importa de onde vimos e nem para onde vamos, o que importa, é como chegamos. Aqui estamos fazendo amizade, criando uma família de verdade.

Eu estava sozinho, agora tenho o carinho, de todos vocês que não me fizeram maldades.

- È verdade, respondeu o falcão, não sou melhor que ele não, vem cá urubu, me dê tua mão.

E todos unidos, acenderam uma fogueira, um abraçado ao outro, se abrigaram do frio e ficaram ali a noite inteira.

Já não era mais um que caminhava sozinho, ao longo do caminho, foi fazendo amizades, e todos seguiram a liberdade, cantando e gozando a vida, na maior felicidade.

Disse ao final o pequeno caminheiro:

- Sabem de uma coisa, a amizade não é difícil de se fazer, basta com o coração um ao outro receber. Todos têm as suas diferenças e responsabilidades, todos buscam a felicidade, o amor é o bem que une qualquer pessoa.

Ninguém é melhor que ninguém, todos nascemos de um mesmo Deus, por que as diferenças? Somos todos responsáveis pelas desigualdades, para ser feliz, ninguém pode ser sozinho, é preciso começar, com uma simples amizade e construiremos um mundo, nada é impossível, a vida é bela, o sol é para todos, portanto, amigos, estou amando cada um de vocês. Dou-lhes o meu coração, me amem também.

(Jardinópolis-SP., Escrito em 26/10/2009 -17h15min. - Registrado)

PARTE I

O Pequeno Caminheiro (o PRINCIPIO)

(Sócrates Di Lima)

A tarde caia num horizonte crepúsculoso,

Caminhava numa estrada de sentido longo.,

Um pequeno caminhador e sua flauta doce,

Tocava sons líricos e sonhador.

Numa curva próxima ao sol.,

Viu uma borboleta que voava inquieta.,

De asas longas, coloridas feito o arco íris.,

Seguiu-a sem se preocupar por nada.

A borboleta pousou suas asas em um ramo,

Olhando a ele, exclamou em voz suave.,

- Para onde vais esse caminheiro sereno!!

E assustado, ajoelhou-se e se viu perdido.

- Não se preocupe, sou eu a borboleta.

- Ah que coisa linda vejo em meus olhos.,

E diante desse deslumbrante miragem,

Chorou copiosamente á sua solidão.

- Não chora meu caminheiro, olhe o infinito.,

É o seu caminho que não mais lhe é aflito,

Vim para te acompanhar e te fazer na vida.,

Homem, mas, eterno menino na lida.

Não chora, pois, daqui por diante,

Sou teu guia, teu sono, tua sede e tua fome.,

E não mais chorarás, por nada que lhe afronte,

Tens minha vida, minha felicidade, meu nome.

Deixa suas tristezas, angustias e descontentamentos,

Siga-me os passos, buscaremos nova vida, não o deixarei.,

Serás um novo ser se me deixar lhe servir.,

Pois nenhum homem sozinho na vida pode seguir.

(Em 06/072008 - Conto infantil)

O PEQUENO CAMINHEIRO III

O dia seguinte amanheceu,

Todos ainda dormindo quando o Sol os acordou:

- E ai cambada... não vão acordar não?

O pequeno caminheiro abriu os olhos,

E a claridade do dia quase o irritou.,

Olhou ao redor, somente o bicho preguiça dormia.

O pequeno caminheiro olhou pro alto e se espantou.

- Quando esse bicho chegou?

E o Facão retrucou,

- Ele chegou assim que você dormiu, pediu para ficar e aqui dormiu.

- Acorda ele, pois, já vamos levantar acampamento.

- Para onde vamos meu amigo, estamos com fome, disse o tatu.

- Não sei, vamos seguir em frente.

E todos se levantaram, até o bicho preguiça concordou e seguiram o menino.

Já eram nove horas da manhã e nada de comida.

De repente o Falcão deu um pulo a apareceu com uma cobra no bico, que gritava feito louca.

- Socorro, alguém me ajuda, tira esse animal do meu pescoço.

O menino gritou.

- Larga ela Falcão, coitadinha, ela é velha...

O falcão largou a cobra que se esborrachou no chão.

- Velha é a vovozinha, falou a cobra para o menino.

- Oh! Resmungou o menino.

Logo surgiu uma árvore e fizeram uma roda e traçaram planos para o dia, onde iam arranjar comida.

O falcão levantou vôo e lá do alto gritou.

- Tem um milharal ali na frente, vamos pra lá.

Todos seguiram o Falcão, mas quando entraram no milharal, o menino pegou uma espiga de milho e ouviu um grito.

- Saiam da minha propriedade seus ladrões ou eu atiro na "bunda" de todos.

Nisso saíram correndo sem olhar para traz.

O menino parou e enfrentou o velho que tinha uma espingarda na mão apontando para ele.

- Senhor, nós estamos com fome, não queremos roubar nada que é seu, por favor, deixa a gente pegar umas espigas de milho para matar nossa fome, e nos dê um pouco de água. Disse o menino.

- Nada disso, vão embora, nem água nem comida, sumam daqui.

O menino cabisbaixo chamou os companheiros e foram embora.

Caminharam alguns quilômetros quando o céu escureceu.

- Olha, o céu está escurecendo, muita chuva vem ai, disse o tatu.

- Precisamos nos apressar, gritou a cobra para o bicho preguiça.

- Vão vocês, eu chegarei lá, resmungou a preguiça.

-Não, vamos todos juntos, disse o menino.

- É assim que se fala, gritou o urubu do galho de uma árvore.

Começou a chover e o Falcão do alto gritou:

- Tem uma casa ai na frente, vamos pra lá.

Ao chegar à porteira, a borboleta falou:

- Será que não vão nos matar?

- Não, não estamos vendo ninguém, vamos para o celeiro, está aberto. Disse o menino.

Dirigiram-se ao celeiro, entraram e deram de cara com o cavalo.

- Quem são vocês?

- Queremos abrigo, tem um lugarzinho ai pra nós?

-Entrem ali no feno ta quentinho, vão pra lá.

E, ali ficou até a chuva passar.

Era treze horas, a tarde ainda escura, já não chovia e o sol começara a surgir.

Havia ao longe um arco-íris, e o dia ficara mais bonito.

-Para onde vamos, falou o tatu.

-Vamos voltar e seguir o norte, disse o menino.

- Mas, vamos passar lá onde aquele homem quis nos matar, falou o urubu.

- Não vamos mexer em nada que é dele.

Nesse momento chegou o dono da fazenda e uma menina.

- Pai, olha, tem um menino com aqueles animais, veja?

O pai olhou se assustou e foi até lá.

Todos ficaram com medo.

-Quem são você, perguntou o dono.

- Somos caminheiros, todos amigos, estamos indo para algum lugar. Falou o menino.,

- E onde é esse lugar?

- Não sabemos ainda, mas, estamos com fome, tem alguma coisa para nos dar? Disse o menino ao dono.

- Esperam, vou buscar comida.

Algum tempo depois, chega o dono com muita comida e todos se alimentaram menos a cobra que saiu de fininho e foi para de traz de uma pedra.

- Cadê a cobra, perguntou o menino.

O facão deu uma gargalhada e disse:

A cobra vai fumar.

- Fumar? como fumar! Indagou o menino.

- Essa cobra é viciada, olha lá, ela ta fumando, falou o urubu.

- Você não tem vergonha sua cobra, larga esse vício. Gritou o menino.

- Largo não! Respondeu a cobra, eu fumo faz muito tempo e nem pulmão eu tenho mais, deve estar preto.

-É verdade, deve estar da cor do seu urubu. Ê dona cobra, a senhora ta no fim do pito. Riu o cavalo.

- Mas a cobra vai fumar mais ainda, porque á vem um galo cego para pegar a cobra. Disse o Urubu.

- Socorro, socorro. Gritou a cobra, nem mais cigarro ela tinha na boca.

Nisso o cavalo parou diante da cobra, que já era amiga, e o galo colocou o rabo entre as pernas e saiu de fininho.

- Vamos embora, falou o menino.

Despediram-se, e acenando para o dono e a menina, partiram.

Caminharam os quilômetros de volta e depararam com o velho homem chorando, se descabelando, pois, a chuva que deu, foi de granizo e deitou todo o milharal, estragou toda a plantação.

O falcão logo falou:

- Bem feito, ele quis nos matar, nos negou uma espiga de milho e água fresca. Bem feito para ele.

- Nada disso senhor Falcão, não vamos rir da desgraça dele. Ele pode ser um avarento, mas, é um humano, e se foi castigo, não sei, ele vai repensar sua vida. A gente não pode julgar as pessoas e nem condena-las, pois, neste caso, só Deus e ELE sabe o que faz,.Disse o menino.

-Está certo menino, pela minha experiência de vida, você disse tudo. Disse a cobra.

O menino se aproximou do velho e falou:

- Senhor, podemos ajudá-lo?

O velho com os olhos cheios de lágrimas e voz trêmula falou:

- Estou envergonhado por ter negado água e comida para vocês. Talvez este tenha sido o meu castigo, porque li na Bíblia que Deus disse: Dá de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, e eu neguei comida e água para vocês. Disse o velho.

- Olha não se preocupe com isto, nós vamos ajudá-lo, estou vendo que o senhor não tem empregado aqui e eu posso ajudá-lo.

- Não é preciso menino, não é preciso, amanhã eu vou ver o que fazer, obrigado, aprendi uma grande lição, que por mais que a gente se ache auto suficiente, por mais que a gente se sinta dono da verdade e arrogante, existe algo superior ás nossas forças capaz de nos fazer repensar sobre nossas atitudes. Isto que aconteceu não é mais importante do que a lição que aprende de um menino e seus companheiros, que mesmos sendo maltratados por mim, viram o meu sofrimento e se prontificaram a me ajudar. Isto valeu por tudo. Disse o velho homem.

Então, já que o senhor não precisa da gente, vamos seguindo nosso destino.

E, em fila indiana, seguiram o menino a um destino que ele próprio não conhecia.

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Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 26/10/2009
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T1888329
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