PATY E SUAS AMIGAS

Paty era uma galinha muito inteligente. Bem informada ela sabia de tudo que acontecia no reino das galinhas. Um dia, estando Paty em visita a uma amiga, ouviu uma notícia que a deixou preocupada. “O céu cairá em sete dias às cinco horas da tarde”: era esta a notícia.

Então Paty perguntou ao pato Quaquá quem era responsável por aquele boato. Boato, sim, dizia ela porque o céu não está pregado a coisa alguma, e assim sendo, como poderia cair? O pato Quaquá, muito sério, disse que era Raposina a responsável e que ela não mentia. Puxa vida! Era preciso avisar o rei.

Paty correu de volta para sua casa e convocou sua amiga Kity, que convocou sua amiga Violette que convocou sua amiga Marriete e o restante das galinhas. Estando todas reunidas, Paty, do alto do poleiro, disse:

- Amigas, eu soube que o céu cairá em sete dias às cinco horas da tarde. Hoje é o sétimo dia e são exatamente nove horas da manhã. Precisamos avisar o rei antes que aconteça.

- Isso mesmo! – exclamou Violette – Nosso rei precisa saber para tomar providências.

O castelo do rei ficava distante do local onde moravam as galinhas, por isso elas resolveram iniciar a caminhada a partir daquele instante. Já estavam com quase duas horas de viagem quando surgiu, no fim da estrada, Raposina. Raposina era uma raposa de pelo vermelho com um sorriso malandro no canto da boca e um olhar de esperteza que assustava. Ela foi se chegando para perto das galinhas. Parou e perguntou cinicamente:

- Para onde vão estas belas e gordas galinhas tão apressadas?

- Vamos avisar ao nosso rei que o céu vai desabar hoje às cinco horas da tarde. – respondeu Paty.

- É verdade, meninas! Mas o castelo do rei fica muito longe, e vocês indo por esta estrada não chegarão a tempo. Eu conheço um caminho mais curto. Se vocês quiserem eu as levarei...

As galinhas pensaram bem e resolveram aceitar a ajuda da raposa. Enquanto isso, lá na vila onde Paty morava, o seu amigo Quaquá, que era ótimo investigador, descobriu o plano de Raposina. Ela espalhara aquele boato para atrair as galinhas e prendê-las na sua toca. Com esse ato astucioso ela teria comida fresquinha por um bom tempo. O pato investigador pensava numa maneira de evitar que as galinhas caíssem na armadilha da raposa Raposina.

- Espertinha... essa espertinha não vai prender minhas amigas. Não vai comê-las, isso eu não vou permitir ou eu não me chamo Quaquá... – dizia ele andando de um lado para o outro na margem do rio.

Como avisá-las se elas já estavam longe! Então teve uma ideia. Como nadava velozmente Quaquá entrou no rio e lá se foi a toda velocidade para as terras reais. Lá chegando foi direto falar com rei e contou tudo. O rei, então, reuniu seu exército e partiu para a estrada onde ficava a toca da raposa. Enquanto isso Raposina estava quase chegando, conduzindo o grupo de galinhas, à porta de sua toca. As galinhas estavam cansadas e a raposa as incentivava:

- Vamos meninas, já estamos bem perto, faltam só uns poucos metros... - E ria entre os dentes da ingenuidade das pobres aves.

De repente ouviu-se, ao longe, a voz do pato Quaquá gritando:

- Amigas, corram. É tudo mentira da Raposina. O céu não vai cair... O que ela quer é comer todas vocês.

E o exército do rei chegou cercando a raposa que já se preparava para fugir. Paty, Kity, Violette e Marriete agradeceram ao amigo por salvar todas as galinhas dos dentes da raposa. O rei então decretou:

- A partir de hoje eu condeno todas as raposas a serem vegetarianas. Jamais poderão comer galinhas ou outro bicho qualquer. Vá Raposina! parta para bem longe, bem longe das minhas galinhas. Não volte nunca mais, nunca mais, ouviu?

Raposina, ouvindo a sentença com tristeza, disse:

- Majestade, eu só estava procurando a Galinha dos Ovos de Ouro, e para encontrá-la eu precisava reunir todas as galinhas, pois eu não sei qual delas é a que põe ovos de ouro. E tem mais, majestade, eu nem gosto de carne de galinha...

- Galinha dos ovos de ouro... pois sim... não gosta de carne de galinha... sabidinha. – cochichou Violette no ouvido de Marriete. E Raposina, com o rabo entre as pernas, voltou para sua toca com muita fome. Agora ela só poderia comer legumes e folhas verdes. Essa era a ordem do rei.

- Boa viagem, já vai tarde - diziam as galinhas, cacarejando em voz alta, e depois muito baixinho diziam - e não volte mais porque nós viveremos muito bem sem a presença de uma raposa espertalhona.

15/10/09

(histórias que contava para o meu neto)