Um segredo para ti

Meu coração arretado

Martela as horas que passam

Martela, martela, martela...

Minhas mãos solidárias

Unem-se em abraços apertados

Esquentam-se, se esfriam

Na espera com gosto apimentado...

Meus olhinhos vidrados para frente

Não piscam, não falam, só vigiam

Os espaços, os lados, os lugares...

Na casinha chamada boca

Meus dentinhos travados

Enfileirados tal soldados

Prontos ao combate...

Já todo meu corpo em comichão...

Se corçando, se corçando um bocado

Querendo dizer o que não se pode

Dizer assim no terraço...

Espero impaciente que venhas

Ao meu encontro hoje a tarde

No lugar de sempre e sempre

Com o mesmo perfume, não falte

Quero te contar aquele segredo

Que digo a você toda tarde...