As Aventuras de Samuca
Era uma vez uma cidade muito pequena chamada Vila Verde, a cidade era conhecida por toda a nação devido ao sistema de educação criado por uma homem chamado Doutor Mor. A cidade parecia pacata e as crianças extremamente civilizadas. Mas estava para mudar, pois a mente de um herói iria se abrir e a luz do conhecimento surgir, e traria a verdade a tona.
O pequeno Samuca estava sentado na sala olhando a televisão, parado, quase hipnotizado.
- Samuca, o que você aprendeu na escola hoje? – perguntou a mãe.
- O boi bebeu a baba – respondeu o menino sem tirar os olhos ta TV.
- Que interessante querido, continue assim – disse a mãe olhando o caderno e dando tapinhas em sua cabeça.
- Baba – disse o menino.
Na televisão a Buxa cantava em ritmo funk, O bebeu baba. O bebê bebe água, o bebe também baba e o boi bebe água. Samuca continua olhando fixamente para a TV por toda tarde.
No dia seguinte na frente da escola, enquanto aguardam o sinal, varias crianças andam de um lado para outro com a cartilha na mão repetindo frases como se fossem zumbis, entre ele está Samuca.
Os pais das crianças observam do lado de ora do pátio comentando entre si, o falto das crianças estarem calmas, como eram lindas, como era difícil aprender as coisas no tempo deles, e o fato das crianças aprenderem rápido as coisas, olha só como elas lêem, e param de perguntar também e estão até menos parulhentas, todos os pais agradeciam a mudança ao Doutor Mor criador das cartilhas e considerado por todos o novo educador do milênio.
Em seu laboratório Doutor Mor acompanha as crianças através de câmeras escondidas nas escolas, começa a falar sozinho.
- HAHAHAHAHAHAHAH!!! – ri com sarcasmo – Veja o que eu fiz, essas praguinhas, essas crianças nojentas agora estão calmas, quietinhas como eu planejei, agora vou poder jogar golfe e pescar em paz, sem nenhum deles me encher a paciência, olhe esse ranhentinhos. Quem nunca quis ter filhos obedientes d fofinhos assim. Agradeçam a mim. HAHAHAHAHAHAHAHA
Depois da aula Samuca volta para casa, mais uma vez senta em frente a televisão com seu olhar parado, porém algo acontece, a TV se apaga, a luz acabou. Sem saber o que fazer sem o aparelho, Samuca pega um livro jogado na parte de baixo da estante, como muita dificuldade começa a desvendar algumas palavras, como muita força de vontade Samuca consegue em fim ler o livro. Assim que termina de ler vai em busca de sua mãe, a encontra na cozinha preparando o jantar.
- Mãe o que é uma vaca? – vai logo dizendo.
- Vaca é o bicho q da o leite.
- O leite nasce da vaca?
- Claro que não.
- Sai na caixinha? Por onde sai? Como é uma caca? – perguntou Samuca ansioso.
- Não sai pelas tetas – a mãe impaciente, rabisca um desenho e diz – Isso é uma vaca.
- Quem a tia Luiza?
- Claro que não, ela é uma pessoa não um animal.
- Mas eu vi a senhora chamando a vizinha de vaca essa semana.
- É diferente, vai ver TV.
- Não tem energia.
- É mesmo, então vai estudar e me deixa em paz.
- Oba, vou ler outro livro – disse Samuca.
- Faz o que você quiser.
No dia seguinte no café da manhã, Samuca chega na mesa com outro livro nas mãos, assim que senta começa a contar a história para a mãe.
- Ai a girafa – disse empolgado o menino – pegou e não queria fazer amizade com ninguém e ficava sempre sozinha. Não entendi por que ela fazia isso, é bom ter amigos.
- Vai ver os outros animais eram chatos.
- Será? E por que ela tem um pescoço tão grande, e por que o sapo não gostava dela?
- Não sei – respondeu a mãe nervosa.
- É triste ser sozinho, ainda bem que tenho amigos.
- Chega!!! – gritou a mãe.
- O que eu fiz – disse Samuca assustado.
- Não parou de falar um minuto, parece uma vitrola, vai assitir TV e me deixa em paz, procura o que fazer;
- Já sei, vou ler outro livro.
- Outro livro??? Para que? Vai encher minha paciência de novo. Por que está lendo tanto.
- Para aprender – respondeu Samuca.
- Faz o que você quiser, mas fica quieto.
Assim que o menino vira as costas a mãe pega o telefone e liga desesperada para o Doutor Mor, ele atendi os dois se cumprimentam e ela vai logo dizendo.
- Estou com problemas com meu filho.
- Ah esses ranhentinhos, digo anjinhos coisa mais linda do mundo. Diga, em que posso ser útil?
- Ele está fazendo muitas perguntas, me questionando muito, não para de perguntar um só minuto.
- E por que ele está fazendo isso? Ele sempre foi assim?
- Não, ele era normal, mas depois começou a ler.
- Ler! – exclamou o Doutor Isso é um absurdo.
- Mas o Sr. ensina as crianças a ler, isso não é bom.
- Claro que é bom – tenta disfarçar – esse é o sonho da minha vida, ver todas as crianças lendo – disse ele fazendo careta.
- Mas é claro o senhor é um educador conceituado, jamais duvidara da sua palavra.
- Eu poderia ir até a sua cada levar alguns livros e conversar com seu filho.
- Seria um prazer, vou passar o endereço.
Na manhã seguinte lá estava do Doutor Mor na porta da casa do Samuca, a mãe abriu a porta empolgada e o recebeu com toda boa vontade. A mãe chama o menino.
- Este é o Samuca, quer dizer Samuca disse a mãe mostrando o garoto.
- Como vai garotinho? – disse Doutor Mor estendendo a mão.
- Estou bem – respondeu o menino.
A mãe pediu licença e deixou os dois a sós.
- Então Ranhen... quer dizer garotinho você anda fazendo muitas perguntas, anda lendo livros, por acaso são os livros que escrevi?
- Antes eu lia seus livros, agora leio outros, os seus me dão sono e são pra bebezinho já tenho oito anos.
- Eu trouxe uma nova edição para você ver.
O menino pegou os livros e lêu os títulos em voz alta:
- O bebe babou no boi, Zazá viu Zezé Zoando, O mico macoco de Mimi, O navio navega navegando. Por que os bebes babão? E esse tal de Mimi quem é?
- São histórias que não precisam fazer sentido. É para aprender a ler.
- Por que preciso aprender a ler?
- Para aprender a escrever seu nome. É muito importante aprender a escrever seu nome.
- Para isso é só copiar o desenho das letras.
- Escuta aqui Ranheintinho – Doutor Mor perdeu a paciência – o importante mesmo é você fcar de boca fechada e deixar os adultos e paz. Vocês crianças são criaturainhas pequenas e nojentinhas, chatas, não param um minuto e falam, falam e falam sem parar. O que eu faço é ensinar vocês a calarem a boca. É isso que você tem que fazer moleque.
- Mamãe! – gritou Samuca assustado.
- O que você está fazendo moleque?
- Estou chamando a minha mãe. Vou contar tudo para ela.
- HAHAHAHAHAHAHAHAHA! E você acha que ea vai acreditar em você.
- O que está acontecendo – disse a mãe ap chegar na sala.
- Mãe ele disse que ler é ruim e só serve pra gente aprender a escrever o nome e me chamou de ranhentinho.
- É Senhora, seu filho está mesmo perturbado – disse Doutor Mor calmo Está até inventando coisas, imagina que eu falando uma coisa dessas. ´E preciso ler para aprender.
- É mentira dele mãe – disse Samuca desesperado.
- Fique quieto menino não me faça passar vergonha. Desculpe Doutor
- Não se preocupe é apenas uma criança. Posso falar a só co a senhora?
- Mamãe eu estou falando a verdade.
- Já pro seu quarto menino.
Samuca foi para o quarto contrariado. Se perguntando, por que as crianças nunca são ouvidas pelos adultos.
- O que acontece com meu filho Doutor?
- Infelizmente as notícias não sou boas – disse o Doutor olhando nos olhos da mãe aflita – Ele não é uma criança normal, sofre de um tipo de perturbação mental chama-se Speaktalking.
- Que nome estranho deve ser muito grave mesmo. O que eu faço?
- Sugiro que esconda todos os livros da casa e deixe que leia apenas o que eu trouxe e deixe ele assistir muita televisão.
No dia seguinte a mãe escondeu todos os livros da casa m um local onde Samuca não poderia alcançar nem se tentasse. Assim que chegou da escola o menino procurou os livros pela casa inteira, não conseguiu achar, estava na sala pronto para ligar a TV quando viu na mesa um jornal, começou a ler. A mãe entra repentinamente na sala e o menino para de ler e começa a questionar. Pergunta o que é violência contra mulher, por que existem tantas guerras, por que tem gente morrendo e de fome. A Mãe caiu no sofá tonta com tantas perguntas .
- Onde você viu essas coisas Samuca? – pergunta a ãe.
- Aqui no jornal
- Por que está lendo jornal?
- Por que não achei nenhum livro.
- E o que deixei no seu quarto?
- São pra bebes, eu já tenho oito anos e sei ler muito bem.
- Vai pro seu quarto agora. E ai de você se te pegar lendo jornais de novo.
Samuca foi para o quarto revoltado, agora que havia descoberto os livros não queria mais parar, sentado em sua cama , pensou nos livros que leu, dos lugares que conheceu através do livro, começou a imaginar que estava em um passeio pela África, de repente seu quarto se tornou uma savana, ele pulava e dançava, sua cama era um grande hipopótamo, o camiseiro era uma girafa e seu guarda-roupa um Tiranossauro Rex, ele lutou contra leões, fez amizade com o Tiranossauro e tomou chá com as Hienas que não contavam muito bem as piadas mas suas risadas eram engraçadas. A empolgação com o mundo novo era tanta que fazia muito barulho. A mãe pediu que ficasse quieto, mas ele não conseguia ouvir, quando a mãe chegou no quarto, deixou de ser sua mãe para virar a bruxa Paladium que o tirou do lindo mundo onde ele vivia. Assim que ela deixou o quarto ele virou um príncipe preso em suma torre vigiada por um Doutoragão, mas com o confinamento eles ficaram amigos e decidiram jogar mico loco.
No dia seguinte, quando chegou na escola, Samuca não conseguia entender por que seus amigos pareciam tão mortos, eram como zumbis, repetindo sempre as mesmas coisas que passavam na TV e que estavam escritas nos livros.
- Amiguinhos o que há com vocês? – perguntou Samuca.
Ninguém parecia ouvir, todos continuaram andando de um lado para o outro.
- Existe um mundo novo – gritou Samuca desesperado – Não estamos aqui para aprender nossos nomes, vamos á biblioteca, existe um mundo mágico e novo dentro de cada livro.
Todos pararam e olharam fixamente para Samuca.
- Ler é chato – disse uma das crianças.
- Não é não, podemos viajar para novos mundos, nos tornar piratas, príncipes, princesas, quando lemos podemos ser o que quisermos – disse Samuca subindo em uma mesa.
- Ler –e um “saco” – disse outra criança.
- Ler essas cartilhas realmente é muito chato. Mas só saberá se é chato mesmo quando tentar ler um livro de verdade.
- Ah. Não enche.
- Tudo bem, só peço para vocês experimentarem.
- Eu vou com você – disse uma criança.
- Eu também – disse outra.
E assim todas as crianças seguiram em direção a biblioteca. Doutor Mor viu tudo pelas suas câmeras, indignado foi até a escola Caminho do céu onde Samuca estudava, entrou na biblioteca, tomou os livros das mãos das crianças.
- Eu vou colocar fogo em todos estes livros suas pestes, eu tenho uma bomba e colocarei fogo nessa biblioteca. Uahahaha Uahahahaha.
- Não vai nada – disse Samuca – Vamos pegar ele gente.
Todas as crianças da escola partiram para cima do Doutor Mor, eles o derrubaram no chão e fizeram cócegas até que ficar com dor de barriga. Neste momento a policia e os jornalistas chegaram.
- Estamos aqui em transmissão ao vivo da escola Caminho do Céu – disse o jornalista - onde o Psicólogo, pedagogo, mestre da educação Mor, está sendo atuado pela policia da educação, ele está sendo preso pelas acusações de assédio moral contra a criança, tentativa de controle mental, maus tratos e por não saber brincar. Ele está passando por nos. Doutor o que o senhor acha das acusações?
- O que eu acho? HAHAHAHAHAHAHAHAHA, eu não sei brincar essa bando de crianças nojentas, tirem elas de perto de mim – ele começou a chorar e chupar o dedo como um bebe – Eu quero ir pra casa, minha mãe vai fazer mingau... bua bua bua.
- E nossa reportagem fica por aqui, com mais um caso de polícia resolvido. As crianças dessa escola realmente estão de parabéns, um parabéns especial para você Samuca. Bons sonhos e boa noite a todos.