UM SONHO DE LIBERDADE
UM SONHO DE LIBERDADE
Estatelada numa pedra, aproveitando sossegadamente o calor do sol daquela manhã de primavera, Margarida cismava.
Margarida, uma tartarugazinha manhosa, sonolenta e vagarosa, acalentava, desde sempre, o sonho de voar.
Isso mesmo! Voar.
Tentava que tentava, mas nada.
Nada de voar.
Nada de desistir.
Amarrou penas no seu casco, subiu numa pedra e saltou.
Mas qual! Tudo que conseguiu foi arranhar as perninhas.
Tentativas como essa, e outras mais bizarras ainda, eram feitas por Margarida, tão logo se via recuperada do último fracasso.
Um certo dia, conversando com seu amigo, o pardal Biquinho, contou a ele o seu sonho, a sua imensa vontade de voar.
Voar?! - Espantou-se Biquinho. Afinal, voar é para pássaros, é coisa para emplumados.
Mas ela lhe explicou pacientemente que voar, para ela, era o único sinônimo possível para liberdade, que ela se sentia presa em seu casco e em seu mundo limitado pela lentidão característica á sua espécie, que ela gostaria de correr o mundo, cruzar espaços em velocidade e rapidez só comparadas ás dos pássaros.
Biquinho, entendendo a sua ânsia e a sua tristeza e resolvido a
ajudá-la, foi logo dizendo que tinha a solução para o seu problema.
Ia pedir para D. Jeruza, a águia, dar uma "caroninha" a ela.
-Você voará com ela, Margarida, e poderá ver um mundo que nunca viu. Montanhas, vulcões, ilhas, mares, rios...um monte de maravilhas!
Margarida quase explodiu de tanta felicidade.
A águia Jeruza veio, agarrou Margarida pelo casco e levantou voo.
Margarida extasiou-se, deslumbrou-se e pedia a D. Jeruza para subir mais alto, mais alto, mais alto...
Ela era um delírio só.
Lá em cima, quase cruzando as fronteiras da Terra, ela despediu-se de D. Jeruza e saltou sem medo, acreditando que a altura lhe daria a condição necessária para a realização do seu intento - voar.
E então começou a cair, cair, cair...
Despencou lá de cima escorregando por todos os ângulos do seu lindo sonho.
Acabou no chão, abrindo com sua queda o buraco que lhe serviu de sepultura.
E foi então que sua alminha desprendeu-se do seu corpinho e começou a subir voando em direção ao céu.
Percebendo o que acontecia, Margarida, no extremo da sua felicidade, batia os bracinhos gritando bem alto:
- Estou livre, estou livre! Finalmente estou voando!
Publicado no blog: www.bruxinhaalegre.blogspot.com, da amiga recantista Sônia Maria Cidreira de Farias.