O BESOURO ATRAPALHADO

Desengonçado, feio, carapaça nas costas,

Assim éra o besouro atrapalhado,

De vôos curtos dando muitas trombadas,

No galho de árvore que não enxergava,

Na flor entreaberta onde extraia seu pólen,

Fugindo dos pássaros em total desespêro,

Despencando depois o corpo inerte e pesado,

No chão tão macio todo coberto de folhas.

Truculento, media forças com os adversários,

Usando seu chifre que impunha respeito,

E num jogo de empurra onde quem perdia tombava,

Ficando de costas movimentando pernas aguçadas,

Que podiam ferir qual espinhos de rosas,

É éra presa fácil para os passarinhos famintos,

Que rasantes levavam o petisco para seus ninhos.

Não tinha medos diante de tantas ameaças,

Até as crianças faziam de seu corpo brinquedos,

Quando rondava a claridade das luzes ofuscantes,

Entrando nas casas nem respeitando seus donos,

Vindo do escuro onde voava quase sem rumo,

E sem enxergar obstáculos que impediam seu vôo,

Trombava com as paredes até cair inerte e cansado.

29-07-2009