PASSARINHO CONSTRUTOR
João de barro peregrino sem paradas,
Não tem encantos nem plumagens bonitas,
Que possam despertar atenção,
Nem sabendo cantar seus trinados,
Como outros pássaros bonitos,
Que a natureza tem para oferecer.
Inquieto nas suas andanças de atropelos,
Sonda espaços até surpreendentes,
Para construir sua estranha morada,
Podendo ser num tronco alquebrado,
Ou mesmo num poste solitário,
Pois misteriosa é sua atitude.
Busca elementos que compõe sua matéria,
O barro que molda com seu bico afinado,
Misturado com detritos que sabe escolher,
Pois sua argamassa tem sómente mistérios,
Mas de uma solidez que traz espantos,
Pois não se dilui nem diante de tempestades.
Paciente qual caprichoso arquiteto,
Vai moldando aos poucos sua nova morada,
Erguendo paredes que não se desmancham,
Com meandros internos que surpreendem,
E nem o homem tem capacidade de copiar,
Tantos são seus espaços escondidos.
Depois de pronta sua obra de arte,
Cansativa diante de tantas jornadas,
Sem tempo até para saciar sua fome,
Tem os objetivos que a natureza lhe impõe,
Pois sua companheirinha logo o assedia,
Para ali perpetuarem suas espécies.
Dentro de seus meandros misteriosos,
Um ninho talvez num canto escondido,
Macio pelas plumas que trazem nos bicos,
É um motivo para se acasalarem,
E dos ovinhos qual casulos que explodem,
Filhotes gulosos nascem já querendo comer.
25-07-2009