A PATINHA DENGOSA

Seu nome era Anabelle. Vaidosa, nadava pelo lago de águas mansas, onde as ondas se formavam lá longe e vinham chegando, chegando mansinhas até se desmancharem nas margens, sem assustar ninguém, parecendo até querendo brincar.

Era mamãezinha de seus patinhos, filhotinhos ainda, nascidos de poucos dias, de um namoro que teve com o patão Antenor, o galã do lago. Todos tinham uma penugem amarelinha e que ela vaidosa, fazia questão de mostrar nos passeios matinais que fazia.

Quando Anabelle botou seis ovinhos, o patão Antenor ficava atento perto do ninho, não deixando ninguém se aproximar, nem o ratão do banhado e também as aves de rapina, pois todos queriam saborear a geminha amarelinha onde os futuros patinhos iriam se formar.

Anabelle, assustada, viu que primeiro saiu um patinho bem amarelinho, já com carinha de sapeca e quando estava livre da casca do ovo que o aprisionava, começou a ensaiar umas batidinhas de asas, como que querendo logo aprender a voar.

Orgulhosa, sua mamãezinha puxou-o com o bico, para que ficasse protegido embaixo de suas asas. Foram nascendo outros. Rápidos, quebravam as cascas de ovos com seus bicos e meio desengonçados, saiam com alguns pedaços colados nas penas ainda úmidas e já nadavam para baixo das asas da mamãezinha Anabelle.

Ela, toda vaidosa contou os ovos e viu que não faltou nenhum, tendo nascido quatro patinhos e duas patinhas, estas já mostrando vaidades, dando uns mergulhinhos para se livrarem de alguns pedaços de cascas que tinham grudado em suas penas, prejudicando suas belezas.

Protegeu todos levando para um lugar seguro, dentro de umas ramagens, escondididnhos para que nenhuma ave predadora ou cobras, lagartos do banhado e outros bichos viessem e devorassem seus queridos filhotinhos que tinham acabado de nascer.

Cuidou bem deles, dando umas escapadinhas para buscar alimentos, principalmente peixinhos que pescava, dando uns mergulhos e trazendo no bico a presa, engolindo e depois enfiava em seus biquinhos abertos, pois tinham muita fome, piando sem cessar, piu, piu, piu, piu, piu, até que satisfeitos, ficavam quietinhos, levando uns pitos da mamãezinha cuidadosa, que tinha medo dos bichos e aves predadoras que rondavam ali por perto.

Assim foi Anabelle cuidando de seus belos filhotinhos. Quando viu que já estavam preparados para sairem da toca que preparou para que ficassem seguros, pediu que os acompanhassem, nadando atrás dela em filinha indiana. Obedientes, todos sairam nadando apressadinhos, com os pézinhos se movimentando embaixo da água e acompanhando a mãe em todos os lugares que ela os levava.

Atrás, a filinha se formava, uns atrás dos outros, sem se desviarem, porque ela dizia que era perigoso nadar sem proteção, pois existiam predadores que poderiam devorá-los.

Piu, piu, piu, piu, piu, piu e a mamãezinha orgulhosa ouvia os filhotinhos felizes, já sabendo nadar, batendo as asinhas para ficarem mais fortes. Sabiam que quando crescessem, teriam que saber nadar rápidos, fazer vôos rasantes e mergulharem para pegar os peixinhos que passavam rápidos, pois seriam os alimentos para ficarem fortes e bonitos.

As comadres patas se admiravam daqueles filhotinhos tão lindos, amarelinhos, com as penas bem arrumadinhas. As patinhas então, muito vaidosinhas, exibiam suas graciosidades, nadando com elegância, parecendo até pequenas bailarinas.

Com isso, Anabelle ficava toda orgulhosa quando ouvia os comentários invejosos de algumas delas, que nunca puderam ter filhotes por não conseguirem arrumar namorados, sendo fofoqueiras, tagarelas e ficavam enciumadas quando viam aquela bonita familia passeando graciosos em todos os cantos do bonito lago.

Logo aprenderam com a mãe cuidadosa também a pescar. Mergulhavam rápidos quando viam algum peixinho passar e depois exibiam orgulhosos as presas se debatendo em seus bicos, e ajeitando bem, engoliam de uma só vez, direito para seus papinhos.

Anabelle pediu para seus patinhos machos que ohassem as duas irmãzinhas, pois sendo patinhas, poderiam ser molestadas por alguns patos atrevidos e assim se tornariam mamãezinhas muito cedo, tendo que botar ovos e depois cuidar dos filhotinhos, sem poderem desfrutar da vida gostosa que viviam.

Os irmãozinhos, sempre vigilantes, ao menor sinal de perigo de algum pato galanteador, logo partiam para cima, bicando, bicando, até que o atrevido namorador fugia envergonhado da fúria dos protetores das lindas irmãzinhas.

Assim, a linda familia ia desfilando suas graças nas águas tranquilas do lago e os filhotinhos foram crescendo, crescendo, suas plumagens iam mudando de cor, bem branquinhas para as patinhas e escuras para os patinhos. Assim, crescidinhos, mamãe Anabelle permitiu que saissem sózinhos, até que puderam viver livres e desimpedidos.

Cada um caçando seus alimentos, procurando seus namorinhos, com a mãe pata sempre vivgilante para que não fizessem nada de errado.

Viveram por muitos e muitos anos felizes, nadando, pescando, voando e buscando novos lugares onde pudessem ser admirados, pois formavam uma linda familia, todos com bicos amarelos e olhos incrivelmente azuis.

Jairo Valio