A BORBOLETINHA AZUL

Um dia ela saiu de seu casulo. Não conheceu sua mamâezinha que botou um ovinho numa folha da árvore e depois voou para bem longe.

Assim a borboletinha azul nasceu. Olhou então para todos os lados e se encantou com tudo que viu.

Bateu suas asinhas muitas e muitas vezes, até sentir que podia voar, pois achou que já era forte e estava preparada.

Saiu voando, quase trombou com um enorme besouro, desengonçado, até que pousou suave numa florzinha amarela, que lhe acenava de longe.

Ela abriu suas pétalas macias e cheirosas para que a borboletinha sugasse o seu néctar bem doce e delicioso.

Falou para a borboletinha azul. Coloque seus pézinhos sobre um pózinho que tenho bem no fundo de minhas pétalas. Depois, voe até outra florzinha amarela igual à mim e esfregue seus pézinhos para que o pó chamado de pólen, caia dentro das pétalas de minha priminha.

Com isso, novas florzinhas amarelinhas irão nascer e nós nunca acabaremos.

Assim a borboletinha azul fez. Se lambuzou do pólen e quando já estava com a pancinha cheia do doce melzinho, começou a bater as asinhas prontas para voar até outra florzinha amarelinha.

A florzinha amarela recomendou que tivesse cuidado no seu vôo, pois os passarinhos poderiam caçá-la para ser seu alimento. Voe bem rente às folhas das árvores para se proteger e não correr perigo de ser devorada.

A borboletinha azul prometeu que teria cuidado. Encontrou nos seus vôos muitas e muitas borboletas, de todas as cores, azuis, amarelas, brancas, marrons, umas pequenas, outras maiores, todas lindas e maravilhosas. Fez amizade com muitas delas e depois saiam passear em bandos, pousando em flores lindas, perfumadas. Todas ofereciam suas pétalas bem abertas para que pousassem e se deliciassem com o néctar bem docinho, parecendo mel silvestre.

Notou que todas as borboletas iam em bandos até a beirada dos rios e lagos e gostavam de lamber o barro úmido. Explicaram que ali continha sal, muito importante para elas ficarem fortes, poderem voar cada vez mais alto, serem rápidas para escaparem dos predadores, principalmente dos pássaros que gostavam de tudo que era inseto, e as borboletas eram as preferidas. Faziam isso para depois irem alimentar seus filhotinhos nos ninhos, todos de bicos abertos, ansiosos.

Foi ficando cada vez mais forte, bonita, suas cores azuis despertavam alguma inveja das amiguinhas, mas ela não ligava, era muito meiga, suave e gostava de todas elas.

Gostava de voar bem longe, muito alto, sentir a brisa do vento, até conseguir pousar nas folhas das árvores para ali repousar e depois botar um ovinho. Depois o ovinho se transformava num casulo, até que um dia outra borboletinha azul, muito bonita, igualzinha à mãe, nascesse, bateria suas asinhas rápidas, muitas e muitas vezes, para ter forças e depois procurar as flores, de todas as cores, lindas, cheirosas, que adoravam suas visitas.

Abriam suas pétalas macias e perfumadas e ofereciam seu delicioso néctar. Depois em troca, ela levava o pólen, um pózinho amarelo para outras flores para que elas não morressem e perpetuassem suas espécies.

Jairo Valio

26-06-2009