O PASSARINHO CURIÓ

Era uma vez um passarinho da espécie Curió que vivia livre na natureza, no meio das matas perto das flores, cantando feliz um canto maravilhoso que todos se encantavam de ouvir. Um dia cantando todo alegre no galho de uma árvore, viu uma gaiola com as portas abertas, que um caçador colocou de propósito para capturá-lo, pois ele era muito apreciado por criadores por seu canto maravilhoso.

Curioso e faminto, o passarinho olhou dentro da gaiola e viu que tinha alpiste, um alimento muito apreciado pelos passarinhos. Entrou desconfiado, devagar, quando de repente ouviu um barulho "Plac" e a portinhola da gaiola se fechou.

Desesperado, se debateu nos cantos da gaiola machucando as asinhas.

Sem achar saída, cansado, ficou deitado esperando pelo que aconteceria. Até que viu o homem cruel que o aprisionou ali, onde não poderia mais voar livre para todos os cantos nem cantar nos galhos.

O homem, feliz, com cuidado, desceu a gaiola que estava em cima da árvore com a ajuda de uma corda e a levou para sua casa onde existia uma grande varanda com diversas gaiolas de pássaros de todas as espécies que ali eram colocadas ao raiar do dia e recolhidas só quando chegava a noite.

Seu novo dono deu-lhe o nome de Pitico. Ele viu ali outros passarinhos que cantavam sem parar, mas um canto triste, sem aquela felicidade que tinham quando estavam em liberdade. Conheceu passarinhos de outras espécies como canários da terra, do reino, belga, pintassilgos e até sabiá laranjeira. Era uma algazarra, pois todos cantavam seus cantos, cada um parecendo querer cantar mais bonito que os outros.

Triste, Pitico tentava cantar, mas o seu canto mal saia e isso acabou colocando-o em desespero. Via que os passarinhos em liberdade cantavam felizes nas árvores lá fora, nos pés de frutas e em todos os lugares. Ele ouvia atento suas alegres sinfonias, mas não podia mais cantar, tinha tristezas e observava que seu dono trazia outros pássaros da raça Curió para perto de sua gaiola para que com eles reaprendesse a maneira de cantar. Porém, triste, prisioneiro, não tinha vontade.

Seus amiguinhos queriam ajudá-lo, mas não adiantava. Até que um dia viu que o filhinho de seu dono, bem quietinho, sem o pai perceber, foi abrindo as portas das gaiolas e os passarinhos, rápidos, sairam voando, ganhando a liberdade.

Feliz, o garotinho viu que eles ganhavam altura pousando nos galhos das árvores próximas. Os que foram criados desde pequenininhos nas gaiolas estavam meio perdidos e não queriam sair, pois perderam até a maneira de voar. NIsso, o pai apareceu e muito furioso repreendeu o filho por ter soltado todos seus passarinhos de estimação, pelos quais tinha verdadeiro orgulho, mostrando aos amigos e participando de exposições.

O filho deu então uma lição ao pai dizendo-lhe:-

-Papai, o senhor gostaria que eu estivesse preso, numa jaula, num cercado, prisioneiro, sem poder correr, brincar, sorrir, subir em seus ombros para brincar de cavalinho, gostaria?

O pai olhou com carinho para o filho querido, refletiu, pensou, e entendeu que tirar a liberdade dos animais e pássaros, além de contrariar a lei dos homens, contraria a lei da natureza, de Deus, que os criou para serem livres e conviverem em paz com as pessoas, que deveriam cuidar deles com amor e não aprisioná-los.

Então, abraçou o filhinho e prometeu-lhe que jamais caçaria e aprisionaria os passarinhos novamente, nem faria mal a nenhum outro animal.

Jairo Valio

25-09-2009