A Galinha Pedrês
Quando aquela coisinha pequenininha chegou ninguém saberia dizer se era fêmea ou macho. Sabíamos de três coisas: era uma ave, tinha saído de um ovo, e tinha por mãe uma galinha, portanto era um pintinho. Mas como tudo que tem vida, cresce e fica diferente, aguardamos que crescesse.
Chegou pra ficar. Apeguei-me de tal maneira que muitas vezes fui chamada pela minha mãe pra ter um pouquinho de juízo, porque eu colocava a ave no colo, conversava com ela, e a acariciava como se fosse um animal de estimação.
Tornou-se uma bela galinha pedrês. Gorda, se arrastava pela casa com aquele andar rebolado, não queria saber do quintal. Quando me sentava ela logo vinha para perto, e bastava um gesto pra ela voar para meu colo. Ali abria as asas, e ficava como se tivesse no melhor lugar do mundo. Minha galinha era tão mansa, e não se assustava com nenhuma pessoa.
Um dia, ao acordar, percebei que minha galinha havia sumido. Depois de muito procurar dentro do quintal, fui até a rua, e ali pude constatar que havia uma sacola, dentro havia penas. As penas eram de uma galinha pedrês. Alguém pegara minha galinha e fizera um cozido.
Descobri que tinha contribuído com a morte de Clotilde, minha galinha pedrês. Naquele dia chorei.