A RAPOSA E AS UVAS (ao contrário)

Uma raposa, com muita fome, caminhava pelo mato procurando qualquer coisa para comer. Na sua caminhada aleatória, ela se aproximou de uma fazenda que tinha uma imensa plantação de pés de uva. Infiltrou-se por um buraco na cerca e ficou, cara a cara, com aquela maravilha. Cachos de uva madurinhos brilhando ao sol. Chegou a sentir a água crescer na boca. Tentou, por várias vezes, alcançar um cacho da fruta, não conseguindo, desistiu da empreitada.

Um corvo, que estava pousado na cerca assistindo tudo, disse:

- Ora, dona Raposa! Não me venha com aquela desculpa de fábula: “estão verdes demais.” Isso é argumento de quem não quer se esforçar para conquistar seus objetivos. Só um perdedor age assim.

- O senhor Corvo diz isso porque pode voar e pousar bem em cima do parreiral bicando quantas uvas quiser.

O corvo disse a ela que pensasse bem. “Talvez valha a pena lutar.” Finalizou voltando a limpar as penas de uma das asas.

Envergonhada com a observação da ave, a raposa pensou:

- O senhor Corvo tem razão. Eu não lutei o suficiente para conseguir meu alimento. Que exemplo posso deixar para os meus descendentes? Na verdade é isso mesmo: nada se consegue de graça. Tudo tem um pagamento, e eu não quero ser vista, pelas crianças, como um exemplo de covardia e de despeito.

E, olhando ao seu redor, ela viu grandes pedras no chão. Pensou: “se eu empurrar uma dessas pedras para baixo do pé de uva, subir e ficar em pé nas patas traseiras, eu alcançarei um cacho dessas saborosas uvas.”

E assim fez. Sob os aplausos do corvo, ela saboreou as uvas docinhas pensando com seus botões: “quando as circunstâncias não ajudarem, não despreze o objeto desejado, lute por ele.”

09/04/09

(histórias que contava para o meu neto)