DODÓI DOS OLHOS

Da luz dos seus dez aninhos,

Laila, a linda menininha,

Tem um drama muito sério:

A sua ‘poodle’ ceguinha.

E Laila matuta assim:

“– Meu mimo foi sempre ela.

Como foi ter vista curta

A pobre de uma cadela?

A minha menina Hanna,

Quando jovem fez bravata.

Mas ela perdeu a vista

Por causa da catarata.

Fosse eu endinheirada,

Hanna ainda enxergaria.

Não andaria às escuras,

Dia e noite, noite e dia.

Ela vive tropeçando

Nas pernas de todo mundo.

Mas não para de seguir-me

E não me larga um segundo.

Boa mão de um oculista

Faria a Hanna vidente;

O caso é que não tem grana

O papai da paciente.”

E Laila, dona da Hanna,

Disse ao pai, em quase prece:

"– Papai, não tem cirurgia

Para cães?! Hanna merece!

Hanna cega, que tragédia!...

Aliás, não é ceguinha...

Hanna só tem vista curta.

Coitada dela, tadinha!..."

Fort., 31/03/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 31/03/2009
Reeditado em 31/03/2009
Código do texto: T1516286
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.