NATAL SEM PAPAI NOEL
NATAL SEM PAPAI NOEL
Era uma vez um garotinho chamado Miguel, que morava num sitio junto com seus pais Francisco e Dolores, e mais treis irmãos, Cristina, Margarida e Rafael.
Moravam numa casinha muito simples, com as paredes feitas de barro, coberta de sapé, piso de terra batida. A casa tinha dois quartos e uma pequena cozinha, onde sempre acontecia o encontro da familia.
Miguelzinho, como era tratado, com cinco anos tinha verdadeira paixão pelos animais e sempre ia ao pasto com seu pai, montado na garupa de um burrinho muito manso, buscar a vaquinha para tirar leite na mangueira, com o bezerrinho correndo atrás e o cachorro Feitiço acompanhando, pois era seu amiguinho de travessuras.
Ele fazia de conta que também tinha um curralzinho, e ali colocava na sua imaginação de criança, pequenos de ossos de animais, como se fossem o boizinho, a vaquinha e o bezerrinho, que mamava sem parar.
Era época de Natal. Seus pais não tinham dinheiro para comprar presentinhos para seus queridos filhinhos, pois perderam tudo numa seca brava, que destruiu toda a lavoura, feijão, milho, arroz e mandioca, não sobrando quase nada para se alimentarem. Assim, eles trataram de explicar para as crianças toda a situação que, mesmo chateadas, compreenderam tudo.
O problema maior era o Miguelzinho, o mais novo dos filhos. Ele falou com seu pai que gostaria de ganhar no Natal animaizinhos iguais ao que tinha visto na Cooperativa de Laticinios da Vila, para poder brincar com eles no seu curralzinho.
Francisco então teve uma ideia e falou com sua esposa Dolores, que era uma pessoa muito habilidosa. Logo bem cedinho, no dia seguinte, foram até o barranco do rio que passava ali perto e pegaram uma boa quantidade de barro, que depois de bem amassado, tornou-se uma massa lisinha.
Depois foram moldando com as próprias mãos, para os meninos, pequenos animaizinhos parecidos com os que Miguelzinho pediu. Para as meninas, alguns pratinhos, canequinhas e chaleirinhas, para que elas brincassem de casinha. Depois de tudo pronto, colocaram as peças dentro do forno de barro que eles tinham no quintal para serem queimados e assim ficarem duras e muito firmes.
Cataram então umas taquaras, limparam um pedaço do terreiro e fizeram um curralzinho caprichado, contendo até um cochinho, onde Miguelzinho e seu irmão Rafael poderiam colocar comidinhas para seus animaizinhos de barro "comerem", como capim, milho, quirera e um pouco de sal.
Quando Miguelzinho acordou no Dia de Natal, perguntou aos pais se Papai Noel tinha trazido algum presente para eles. Contentes, responderam que Papai Noel tinha passado por ali e deixou para eles presentinhos, que estavam guardados no fundo do quintal, bem pertiho de seu curralzinho.
Foram correndo juntos ver o que Papai Noel tinha lhes trazido. Miguelzinho ficou com os olhos brilhando ao ver seu curralzinho com um boizinho, uma vaquinha, um bezerrinho e um cachorrinho, todos lindos, à espera para brincarem.
Felizes com os presentes, os meninos foram com o pai buscar seus cavalinhos de pau de vassoura e os laços feitos de corda, para brincarem de vaqueiros. Levaram então os animaizinhos de barro pra pastarem e no final da tarde iriam buscá-los, trazendo de volta para o curralzinho, onde passariam a noite. E as meninas, junto com a mãe, foram brincar de casinha na pequena e alegre cozinha daquela familia simples, feliz, porém muito amorosa.
Francisco e Dolores, com os olhos cheios de lágrimas, agradeceram ao Menino Jesus tamanha felicidade de seus filhos, mesmo tendo eles ganhado presentinhos tão simples, feitos de barro, mas modelados com muito amor.
Jairo Valio