Versos da minha Infância

Na minha infância aos sete anos, já tão distante,

Vem na minha memória, fragmentos, flagrantes,

De momentos inesquecíveis....

Num velho roçado de milho,

Batata doce,macaxeira,feijão

Era o que meu pai plantava,

Para a nossa alimentação

Caminhava em meio ao milharal

Acompanhava os passos dos meus pais

Trançava os cabelos das bonecas de milho.

Minhas irmãs e eu, fazendo traquinagem atrás.

Meu pai zangado quando olhava...

_Quem fez essa arrumação?

Eu logo tomava as dores

Nem foi eu, nem elas não!

_ Oras! Mas quem fez?

Decerto, as suas mãos!

E quem confessar

Por essa vez, não apanha não!

" _Foi nós papai,

Não bata em nós não!

A gente desfaz todas as tranças

Pois o senhor tem razão,

Eu sei que a boneca vai virar

Uma espiga de milho prá nos alimentar.."

Ouvia , uma voz conhecida

Cantando uma triste canção

Era da minha mãezinha

Enquanto catava feijão

Era cantiga de guerra...

De tanto ela repetir,

Foi que eu aprendí...

De onde era àquela guerra?

Eu nunca ouvi falar

Mas escutei com atenção

A minha mãezinha cantar...

Hoje guardo na lembrança

Ainda como recordação

Canto com todas as letras

Àquela triste canção.

Não sei, só sei que foi assim...

& "Toca bumbo, toca surdo, toca tudo

Que já é é sinal de guerra

E quando ouvir a corneta tocando,

Sou eu que estou chorando

Com saudade da minha Terra.Bis

Pára bumbo, pára surdo, pára tudo

Que já é meu momento derradeiro

E quando ouvir a corneta tocando

Sou eu que estou chegando

No Rio de janeiro.Bis

Quem achar o botão da minha blusa,

Faça favor de entrega a mamãezinha

Diga à ela que seu filho já morreu

Entregue minhalma à Deus

E a corneta a mariquinha.Bis"

Dora Duarte
Enviado por Dora Duarte em 06/03/2009
Reeditado em 15/11/2019
Código do texto: T1472863
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