ENCANTAMENTO ENCANTADO

(Este é o meu primeiro trabalho com teor infantil. Pensei em fazer um trabalho no fantastico mundo das crianças mas com produto de sabedoria, busca, saber, romance, magia, fantasia. Unir tudo isto num unico tema: ENCANTAMENTO ENCANTADO)

Era uma vez um belo castelo encantado onde existia uma bela princesa encantada que encantava todo o reino com o seu encantamento.

Longe dali, no lugar muito distante, existia um príncipe que não era encantado mais vivia no encantamento de seu reino ao lado do seu velho pai rei que reinava todo aquele lugar com muita simpatia e alegria.

Para todo aquele reino, o rei Reinaldo reinava todo o seu reino mas não reinava a sua esposa e rainha e mãe do príncipe Ricardo.

A rainha Glória Vitória era graciosa pela graça que ela alcançou perante os seus servos. Amada, que dava aos pobres roupas e comida, principalmente na época de frio.

Entre um reino e outro existia a fada Fadinha e a bruxa Bruxelas. Que guerreavam entre si quem tinha mais poder.

Foi quando, certa ocasião, o príncipe Ricardo saiu para passear pelo bosque da sua terra, com o seu alazão, companheiro de jornada e aventura, por coincidência, Encantada, a princesa, saiu para passear com o seu inseparável cãozinho Corajoso, que de corajoso não tinha nada; a sua gatinha Bela, que o que tinha de bela, tinha de astuta, bem sabia isto o medroso Corajoso, que sofria nas mãos (patas) da gatinha.

O bosque estava florido com flores de todos os gêneros, gostos, cores e aroma, aquela aparência da primavera fez com que Encantada se encantasse com o encanto daquele bosque encantado.

Bem perto dali, o príncipe Ricardo, não admirado com as flores, mas com os animais que saíram para caçar. Ele com o seu arco e sua flecha, pensou em até caçar um pouco, mas pensou um pouco e disse:

─ Mas se eu dar uma de caçador e caçar estes animais, na próxima vez eu não vou ter animais para admirar! Vou deixar estes animais viverem em paz!

E assim o fez. Montou o seu cavalo novamente e seguiu pelo bosque admirando cada detalhe. Quando se deu conta, já estava bem longe de seu castelo. Pensou em voltar pois estava ficando tarde e isto não seria bom.

A princesa Encantada, ainda mais encantada com os raios de luz solar penetrando pelas enormes árvores, também se deu conta que estava bem longe de seu reino e o pai, viúvo rei Pandin, nome que ninguém sabia a origem e muito menos tinha o nome de perguntar por que deste nome.

Quando a princesa olhou para baixo, viu a sua valente gatinha enfrentando uma cobra, mas o Corajoso, só de nome, o cãozinho, estava se escondendo atrás do longo vestido da princesa. A luta duraria pouco entre a cobra e a gatinha, pois se tornou até covardia quando em uma única zunhada na cobra Bela já havia vencido.

Bela recebeu um afago de sua dona e seguiram rumo ao seu castelo quando de repente encontrou uma velha que lhe disse:

─ Moça linda, ah como eu queria ser jovem como você!

Respondeu Encantada:

─ Mas isto não é mais possível, adorável senhora!

─ Mas eu aposto que se você estivesse no meu lugar, você iria entender a minha dificuldade ─ disse a velha.

─ Mas isto não é possível... ─ acrescentou a princesa.

Quando a velha arrematou:

─ E se eu dissesse que é possível, você aceitaria trocar de idade comigo somente uma vez na vida, só para eu ter a chance de me sentir jovial como você outra vez!

─ Se isso fosse capaz, eu faria este favor para a senhora!

─ Quer fazer um teste, bela jovem?

Encantada fez um sinal de positivo com a cabeça e de repente uma luz transportou naquele lugar. Encantada estava com a sua pele enrugada, cabelos brancos, mãos pocadas de labuta, sentindo dores nas costas e com a vista um pouco ofuscada. No entanto, a velha que não era mais velha, estava linda, maravilhosa. Parecia ser uma princesa de verdade, mas de fato, só parecia.

Encantada, achando que tudo iria voltar ao normal novamente exclamou:

─ Muito bem, senhora, agora podemos voltar ao normal?

A velha que agora era jovem deu uma grande gargalhada, zombou de Encantada e exclamou:

─ Boba, você acha que eu vou trocar o meu atual corpo por uma traça velha assim como você? Agora eu sou linda e nunca mais eu quero voltar a ser velha!

A bruxa desapareceu no meio do mato com a rapidez da juventude. Deixando a não mais bela princesa aos prantos.

Foi quando, ouvindo todo aquele chororó, o príncipe Ricardo se aproximou daquela idosa que estava no chão, abraçada com os seus dois companheiros chorando muito. No início ele pensou que ela estava sentindo fortes dores costumeiros da sua velhice, depois pensou que algum malvado que vive no arrebol daquele bosque e lhe causou algum mal.

─ Senhora, aconteceu algum problema?

Encantada que estava desencantada com o encanto jogado sobre ela, tomou um grande susto com a presença do robusto jovem príncipe. Mas logo ela percebeu que ele estava ali disposto a ajudá-la.

─ Calma, senhora, eu estou aqui para ajudá-la! O que houve?

─ Uma coisa terrível...

Ricardo se aproximou um pouco mais e sentou no chão ao lado dela. Pôs a sua mão sobre o seu ombro para consolar a inconsolável jovem idosa.

Ele ouvia atentamente o que dizia Encantada. Ela o contou sobre como chegou àquela situação.

─ Isto não pode ser, eu vou te ajudar a recuperar a sua força vital... Vamos, eu vou te levar para a sua casa!

─ Não posso! O meu pai não vai acreditar no que aconteceu. Ele também não pode me ver deste jeito!

─ Então eu vou te levar para um lugar seguro!

Ricardo colocou Encantada em cima do seu alazão e seguiu rumo ao seu castelo. Desde a sua infância, Ricardo descobriu um porão que saia de uma gruta e dava direto para o castelo do seu pai. Evitando qualquer encontro desastroso com a sua mãe, uma mulher atenta ao que acontece ao seu redor, levou a princesa que não era mais tanta princesa assim, e deixou-a em seu quarto.

Lá, ela não seria incomodada por ninguém, nem mesmo a sua mãe. Ricardo a deu comida e roupas limpas. Já era muito tarde, e exausta, Encantada dormiu na imensa cama. Ricardo ficou por um grande tempo velando o sono daquela senhora, inconformado com o que aconteceu com ela, foi quando pensou na fada Fadinha que vivia nas redondezas do reinado do seu pai, rei Reinaldo.

─ É isto, esta fada pode ajudá-la!

Já era muito tarde, mas Ricardo pouco se importou com a noite, com os perigos que poderia encontrar. De uma coisa era certo, Ricardo era muito valente. Era capaz de enfrentar ogros, dragões e qualquer ser vivo que demonstrasse fúria e força descomum.

Trancou a porta de seu quarto, para que ninguém incomodasse Encantada e saiu com o seu alazão pelas estradas escuras daquele reino. O local aonde Encantada morava era bastante longe e ele tinha que se apressar antes que a sua sentisse a sua falta pela manhã.

Assim que chegou no casebre daquela fada, foi surpreendido com a discussão da fada com uma bela moça. Ele se escondeu para ouvir o que estava acontecendo.

─ Eu sou mais poderosa que você, Fadinha. Veja, eu sou uma bela jovem de novo e você é uma velha.

─ O que foi que você fez desta vez?

─ Nada demais, apenas consegui a minha juventude de volta!

─ Você pode ter a sua juventude, na aparência, mas será uma eterna velha, jovem por fora, mas continua com a mesma idade de cem anos.

─ Cale a boca, você está com inveja da minha beleza.

─ Por quando tempo você acha que vai ficar assim? Com certeza há alguma porção mágica que pode acabar com esta magia!

─ Existir, existe, mas nada desta vez você poderá fazer. Se você espera que eu conte, está muito enganada. Desta vez não tem chance alguma.

Bruxelas saiu no meio do mato e desapareceu. Deixando Fadinha preocupada com a jovem que sentiu a fúria daquela bruxa. De repente Ricardo apareceu dentre um arbusto disposto a ajudar a princesa Encantada.

─ Fadinha!

─ Jovem Ricardo, o que faz aqui a esta hora da noite? Aconteceu algum problema no castelo? Com o seu pai? Com a sua mãe?

─ Não senhora, o caso é ainda mais sério! Eu não pude deixar de ouvir a sua conversa com aquela jovem... E eu sei quem foi a vitima!

─ Você sabe?

─ Sim... A jovem que não é mais jovem está lá em casa, neste momento, dormindo em minha cama. Ela está sofrendo muito, precisando urgentemente de sua vida novamente. Por isto eu estou aqui. A senhora precisa ajudá-la.

─ Lamento, príncipe, desta vez não há nada que eu possa fazer! Não sei como quebrar o encanto! Aquela que saiu daqui agora a pouco é a minha irmã Bruxelas...

─ Sua irmã?

─ Isto mesmo! Mas nem sempre foi assim! Nós duas éramos grandes amigas. Morávamos bem longe daqui com o nosso pai, um grande mágico que tinha em nós duas a sua mais rica benção. Mas não sei por que, certa ocasião, ela saiu para passear e quando voltou, era uma senhora com aparência de cem anos.

─ E o que aconteceu depois?

─ Ela pediu ajuda ao meu pai e ele não conseguiu descobrir uma formula de dar a força vital de jovem para ela. Bruxelas se rebelou amaldiçoando o meu pai, que morreu de desgosto. Fiquei muitos anos sem vê-la. E resolvi procurar a minha irmã, foi quando eu vim parar aqui.

─ E o que aconteceu?

─ Bruxelas, desde então, só pensa em destruir vidas, e eu em salvar estas vidas das mãos de minha irmã. Ela acha que é uma perseguição da minha parte, mas não é. Eu prometi para o meu pai que iria salvar a vida da minha irmã e levá-la de volta para o meio da nossa parentela.

─ Mas a senhora pretende fazer como?

─ Venho tentando através dos conselhos a por alguma consciência em sua cabeça. Mas não adianta. O coração de Bruxelas está em pedra!

─ Quer dizer que a princesa vai ficar assim para o resto de sua vida?

─ Eu não garanto, pois é difícil definir sobre isto, mas pode haver duas possibilidades. Uma não vive sem a outra.

─ Quais são as possibilidades?

─ No alto da montanha do Encanto existe um dragão guardião de uma pedra. Um cristal que é capaz de mudar qualquer encanto. O problema que até hoje, todo aquele que tentou pegar o cristal, não voltou. Conta a lenda que eles viraram árvores da montanha. Mas aquele que conseguir, tem que fazer uma escolha!

─ Que tipo de escolha?

─É aí que entra a outra possibilidade, o amor!

─ O amor?

─ Isto mesmo. Aquele que se apoderar do cristal tem que escolher entre a sua vida e a vida da outra pessoa.

Ricardo se despediu de Fadinha e seguiu rumo ao seu castelo, desconsolado pela oportunidade de vida ou morte que tinha pela frente. Quem seria esta pessoa que daria a sua vida pela vida de Encantada? Pensou no pai da princesa, ou algum namorado que possivelmente ela poderia ter.

Quando chegou em sua casa, foi direto para o quarto, para dar a notícia para a princesa e não a encontrou no quarto.

─ Mãe, a senhora entrou em meu quarto?

─ Eu não meu filho! Você está procurando por alguém?

─ Não... É que eu deixei... Deixa pra lá!

─ Filho, muito obrigado pela copeira que você mandou!

─ Copeira? Que copeira?

─ Cristal! Você não a contratou para me servir?

Foi quando Encantada apareceu em sua frente, vestida como um serviçal do castelo.

─ Ah sim, a Cristal... Claro, mãe. Ela é uma excelente senhora e vai ajudá-la e muito.

Assim que teve um momento a sóis com Encantada, ele contou tudo o que a Fadinha lhe relatou. O jovem príncipe ficou de coração cortado quando viu rolar dos olhos da princesa lágrimas quase que descontroladamente.

Ela achava que não mais voltaria a ser a bela jovem que encantava pelo seu castelo. Que tinha o carinho do pai, a presença de príncipes de reinos adjuntos, querendo cortejá-la. Naquele momento, a jovem pensou: “Muitos homens queriam me namorar, e agora não há quem eu posso dizer que me ama!”

Quem daria a sua vida pela vida de Encantada?

Os dias foram se passando e a notícia de um casamento tomou conta de toda a região e de castelos mais longínquos. O casamento do rei Pandin e de uma bela jovem chamada Tânia. Quando Encantada soube do fato, queria ver este fato histórico para o reinado do seu pai.

O rei Pandin estava sobre um encantamento de Bruxelas, que era a jovem com quem iria se casar. Ninguém daquela região se deu conta do desaparecimento de Encantada, devido a esta magia de Bruxelas. Se o casamento acontecesse, as chances da princesa seriam resumidas a nada.

A preparação para o casamento acontecia tudo muito bem. E não ia demorar muito para acontecer aquela união.

Numa certa ocasião, Encantada saiu do castelo para chorar. Era noite, a lua cheia dava um brilho especial por aquelas bandas. A princesa, desconsolada, pôs-se a chorar diante do lago. Ela chorava amargamente que acordou o jovem príncipe.

Ele foi até o seu encontro, calmamente para não assustá-la.

Ricardo não sabia explicar aquele fato. Talvez tenha sido o reflexo da princesa no lago cristalino, ou o brilho da lua que dava um esplendor àquele momento. Mas Ricardo olhou para ela, ainda de longe e não viu uma velha senhora, mas uma bela jovem como ele nunca viu antes.

Agora, de fato, Ricardo estava encantado com o encanto da bela princesa Encantada. Ele via uma jovem de beleza incomparável e pensou: “Nossa, como ela é linda!”

─ Encantada?

─ Ricardo? O que fazes aqui?

─ Eu ouvi um choro e vim ver quem era... O que aconteceu com você?

─ Todas as madrugadas tem sido assim. Eu volto à minha aparência de jovem! Mas é por apenas alguns minutos!

─ Você é linda!

─ Você quer dizer que eu era linda! Este corpo não me pertence mais!

─ Não... Você continua linda!

Os olhos de Ricardo brilhavam diante da princesa. Ela não era simplesmente linda. Parecia um anjo diante dele!

Ricardo não sabia o que estava acontecendo com ele. A sua mente pensava em mil e umas coisas. Ficaram se olhando por alguns minutos sem dizer uma palavra sequer, quando ela começou a brilhar.

A bela jovem princesa deu lugar àquela velha senhora que ele havia avistado tempo atrás.

─ Não chore Encantada...

─ Como não chorar? Olhe para mim e me diga o que você vê!

─ Eu vejo uma linda princesa. Não importa como está a sua aparência. O que importa para aqueles que te ama é como você está por dentro. Você é e sempre será uma eterna jovem. Você é jovial por dentro!

─ Obrigada, meu caro príncipe pelas belas palavras!

Os dois voltaram para o castelo. Encantada deitou-se em sua cama, nada comparada à que ela estava acostumada a viver, mas era até aconchegante, comparado às camas de outros serviçais.

Porém, Ricardo não conseguiu dormir nada, estava só a pensar na possibilidade de ajudar aquela bela, realmente bela princesa.

Antes mesmo de o sol despontar no horizonte, ele foi ao encontro de Fadinha, queria saber se a única alternativa era dar a sua vida pela vida dela. Independente de qual seria a resposta, ele estava disposto a fazer o possível e o impossível para cometer tão ato nobre.

─ Príncipe Ricardo, você por aqui novamente!

─ Fadinha, eu quero saber da senhora, se realmente não existe uma outra alternativa!

─ Acredito que não! Por quê? Você está disposto a se sacrificar por ela?

─ Eu não sei direito, mas eu acho que eu estou apaixonado por Encantada!

─ Meu jovem príncipe, nesta vida você nunca deve ter dúvidas. O que você vier a fazer, você deve pensar que é o certo. Para o amor não deve haver talvez, por acaso, coincidência ou dúvidas. Se você ir para o alto da montanha enfrentar o dragão, para salvar a vida de Encantada, se não for por amor, morrerá tanto você quanto ela!

Poderá morrer aos dois. Estas palavras ressoaram em seu ouvido como um sinal de alerta. Ele não tinha ainda certeza do que estava acontecendo dentro do seu coração. Ele só tinha a certeza que o que de fato estava acontecendo, nunca havia acontecido antes.

Voltou para o castelo já tarde. Passou todo o dia diante da robusta montanha, que reinava altivamente sobre aquela região.

Quando voltou para o castelo, ao passar pelo lago, lá estava Encantada novamente, chorando diante do seu reflexo naquela cristalina água.

Ricardo se aproximou e aquele olhar encantado da princesa deu para ele a certeza que ele queria ter.

Uma música celestial reinou em seus corações, e se existia alguma dúvida do que ele queria fazer, agora não tinha mais pois aquela magia do amor tomou conta de seu semblante dando afirmações do que ele sentia e ainda não sabia, só precisava da oportunidade, do momento e da situação para sentir o amor de verdade dentro do seu intimo.

─ Encantada, você confia em mim?

─ Claro, Ricardo, você é a pessoa que eu mais confio, que nunca virou as costas para mim mesmo sem me conhecer...

─ Eu te prometo que você vai voltar a ser a magnífica princesa que você sempre foi e sempre será!

─ Como? A fada falou que só existe a alternativa de dar a vida por amor... E quem é que me ama nesta vida? O meu pai está enfeitiçado, e todos os homens que chegaram diante de mim estavam mais interessados em minha beleza ou na minha riqueza... Eu nunca vivi um amor de verdade!

─ Para tudo existe a primeira vez... Eu também não acreditava muito no amor, mas sabe de uma coisa? O amor é um sentimento bom de sentir. Eu acho... Tenho certeza que não vai ser dragão que vai impedir um amor verdadeiro e real de viver este sintoma celestial!

A hora de voltar para a fisionomia de uma idosa, ela saiu correndo pelo jardim do palácio. E Ricardo, vendo aquela situação, não se conformava com o sofrimento daquela magnífica deslumbrante princesa.

Pegou o seu alazão, a sua inseparável flecha e arco, uma espada e foi direto para a montanha.

A viagem até o alto daquela montanha já seria uma aventura. Ele encontraria muitas ciladas, mas o corajoso e valente príncipe, naquele momento, não se importava com a sua vida, mas com a felicidade de Encantada.

O primeiro obstáculo que ele encontrou foi um pântano. Ainda escuro, a noite dava um ar assustador para aquele lugar. O pântano reservava muitos perigos, perigos estes que ele não sabia o que, quando e como apareceria.

Ricardo ouviu um uivo saindo do meio daquele matagal acidentado, tudo escuro, apenas o brilho da lua que dava um tom acinzentado para o local. Quando ele se deparou com um dragão.

O cavalo, já acostumado com a coragem do seu dono, não temeu aquela indesejada presença. Ricardo desceu do seu alazão, desembainhou a sua espada para enfrentar o dragão.

O dragão tinha a estatura de um homem. Não era muito grande. Sua pele era marrom e era capaz de fazer algumas ações ainda desconhecidas.

Quando Ricardo partiu para cima do dragão, uma parede saiu da terra como uma defesa. E houve um contra taque de rocha vindo em sua direção.

Ricardo se defendia como podia. Ora com a sua espada, ora com o seu escudo. Sem ainda ter entendido aquela magia, mãos em forma de terra brotaram, segurando as suas pernas.

─ O que está acontecendo aqui?

Quase sem defesa, ele avistou o dragão, que com apenas uma mexida das mãos, era capaz de controlar o elemento terra. O dragão se aproximava, quando Ricardo pegou a sua espada e quebrou as mãos que o segurava. E subiu numa árvore.

Ficar no alto, longe de qualquer existência de terra era a alternativa até pensar em um bom contra taque. Novamente as pedras brotaram e como uma chuva, foi arrematada em sua direção. Ricardo se livrava daquele amontoado de pedras se defendendo como podia.

Foi quando, defendendo-se de uma grande pedra, pedaços caíram sobre a água espirrando no dragão. Que não suportou a força que a água teve sobre ele.

─ Água mole, pedra dura tanto bate até que fura!

Foi o que Ricardo falou, se lembrado de palavras do velho sábio do castelo dando conselhos para o seu pai, quando ele era apenas um pequeno príncipe, mas que ficava atento a tudo que o sábio dizia sobre os ensinamentos da vida.

Ricardo deu um mergulho dentro da água e depois saltou para cima do dragão. O seu corpo úmido deixava o dragão indefeso.

Com o seu escudo cheio de água, jogou no dragão que ia se desmanchando aos poucos. E foi assim. Um mergulho que Ricardo dava na água, voltava num salto para cima do dragão, até destruí-lo.

Uma poeira de terra partiu na direção de Ricardo e evaporou pelas narinas dele, ao ponto de dar um grande espirro.

Vencido o dragão Terra, Ricardo continuou a sua caminhada. Alguns minutos depois, Ricardo estava diante de outro dragão, com uma aparência mais forte que a do último dragão.

─ E agora, que espécie de poder este dragão possui?

─ Como você passou pelo meu irmão Terra? ─ Disse o dragão para Ricardo!

─ Você fala? ─ Perguntou Ricardo

─ Até hoje, ninguém passou pelo guardião da Terra, e se isto aconteceu, você matou o meu irmão, você vai pagar pelo que fez!

Um jarro de água saiu da boca do dragão em sua direção. Foi tão rápido que Ricardo não teve nem a chance de se defender.

─ O dragão que controla a água! ─ Exclamou Ricardo, caído no chão! ─ E agora, como poderei ver a este inimigo?

A fúria da água era tamanha que dava até trabalho para Ricardo se livrar daquela força. Tomou mais um golpe de água, e depois outro. Exausto no chão, mas decidido a se sacrificar pela felicidade de Encantada, segurou firme na terra que estava em suas mãos, apertando-o com muita força.

Quando veio outro golpe de água que poderia ser o baque final, sem a espada e o escudo que estava longe de seu alcance, pôs a mão suja de terra na direção da água e fechou os olhos.

Quando abriu os olhos a água se desfez. Ao olhar para as suas mãos, a imagem daquela sujeira se lembrou de outra frase do velho sábio que por inúmeras vezes disse ao seu pai:

─ Numa nova guerra, o antigo inimigo pode ser o seu aliado!

Pegou o seu arco e sua flecha, passou no chão e mirou para o dragão que controlava o elemento Água.

Quando o dragão abriu a sua boca para soltar uma jorrada de água, ele disparou a sua flecha que cortava aquela força sem nenhum problema, matando o dragão.

Uma nuvem se fez e veio ao encontro de Ricardo, desaparecendo sobre a sua cabeça. Trazendo uma ligeira dor de cabeça. Mas nada que o impedisse de continuar na luta.

Seguiu a sua viagem e a grande gruta que colhia o grande dragão guardião do cristal já era possível ser visto. Mas de repente, apareceu o terceiro dragão.

Este, com olhos que fumegavam e aquele pele vermelha, dava a impressão de que controlava o fogo.

─ Dragão, se você quer se manter vivo, é melhor deixar eu passar. Eu já matei dois de seus irmãos e não quero fazer o mesmo com você!

O dragão levantou as suas garras e uma bola de fogo se formou. Que era lançada contra Ricardo. A primeira ele se desviou, a segunda ainda conseguiu se livrar com a sua rapidez. A terceira, bem mais certeira, não daria tempo de se livrar, a não ser deixar que o escudo fizesse o trabalho.

Bastou apenas uma bola de fogo no escudo para ela se transformar em cinzas. Veio uma outra bola e Ricardo tentou se defender com a espada e ela se derreteu.

─ E agora, como vencer? O aço se derreteu pelo fogo e a madeira foi consumida. Estou indefeso.

─ Você pode ter passado pelos meus irmãos, mas lhe garanto que desta vez não haverá chance de me vencer! Eu sou o guardião do fogo e sou invencível!

─ Não há nada invencível!

Furioso, o dragão que controlava o elemento Fogo, lançou uma bola de fogo na direção de Ricardo, que fechou os olhos e esperou ser consumido pelo fogo.

Nada havia acontecido com ele. Nem sinal de queimadura pelo seu corpo foi deixado, deixando o dragão inconformado com aquela situação.

─ O que houve? ─ Disse o dragão!

─ Um velho sábio uma vez contou para mim, quando eu tive medo de uma cortina que pegava fogo, algo que eu nunca esqueci... A parábola do beija-flor que viu a sua floresta pegando fogo. Ela ia até o rio enchia o seu pequeno bico de água e lançava sobre o fogaréu. Quando lhe perguntaram o que ela estava fazendo, disse que estava fazendo a sua parte porque amava aquele lugar...

─ Mas o fogo consumiu a floresta e nada que o beija-flor fez serviu!

─ Serviu sim. Os outros animais entenderam a mensagem e resolveram fazer a sua parte. E eu estou fazendo o mesmo,por amor eu sou capaz de dar a minha vida por amor.

Uma força surpreendente tomou conta de Ricardo que era quase que impossível controlar. Assim como o dragão do Fogo, Ricardo era capaz de controlar os elementos Terra e Água.

O dragão Fogo lançou uma outra bola de fogo ainda mais forte, e sem muito esforço, uma parede de concreto se firmou diante de Ricardo, quando ela se desfez, uma jorrada de água foi lançada contra o dragão apagando todo o seu fogo.

O que movia os dragões eram os seus elementos, já que eles se encontravam sem as suas forças, eles evaporavam. O dragão do Fogo se transformou numa pequena fumaça e foi direto para Ricardo que sentiu o seu corpo super aquecido.

Para chegar até o esconderijo do grande dragão, guardião do cristal, faltava pouco, apenas alguns metros. Quando ele se preparava para o último confronto, se deparou com o dragão do elemento Ar.

Sem dar muito tempo de espaço para Ricardo pensar na estratégia, fortes ventos o lançava pelo ar. O lançava contra as árvores e contra o chão. Até que tomou uma forte batida na cabeça deixando-o moído de dor no chão.

─ Eu não acredito que os meus irmãos morreram pelas suas mãos! Você não é de nada! Você é um verme! Vou destruí-lo com a minha respiração.

Ricardo, ouvindo aquelas palavras, encheu o seu pulmão de ar, e se levantou. Ele sofreu as investidas do ar contra as árvores e o chão. Mas Ricardo se colocava de pé novamente. E sempre assim.

O dragão tentava contra a sua vida, mas Ricardo sempre se levantava.

─ Por que você não desisti?

─ Eu sou um príncipe, e me ensinaram a nunca desistir, mesmo quando o meu oponente inimigo parece ser mais forte do que eu!

─ Mas você não tem nenhuma chance!

─ Eu também não tinha nenhuma chance contra o Fogo, a Água e a Terra.

O Ar tentou mais uma vez contra Ricardo, mas ele se mantinha firme em não desistir, levantando-se por mais uma vez. Até que o dragão fez o ar sumir diante do heróico príncipe. Ficando sem ar, impossibilitado de respirar. Ricardo se ajoelhou diante daquele forte dragão, mas se lembrou das palavras do grande sábio: “O vento sopra por todos os lados. De frente, de detrás, dos lados, de cima e de baixo, mas a montanha nunca se curva diante do seu furor”.

Naquele momento, não era preciso do ar para respirar, algo sobrenatural se movia dentro de Ricardo. As suas veias não pulsavam mais sangue apenas, seu coração não era mais apenas um órgão que pulsava. Ricardo se levantou, movido pelos outros elementos e ainda mais pelo maior elemento indestrutível, o amor.

O dragão não entendia como o jovem em sua frente era capaz de fazer aquilo, e lançou uma forte corrente de ar contra Ricardo, mas o heróico príncipe se defendeu e contra atacou com os elementos que estavam se movendo dentro dele.

Agora era o dragão que necessitava do ar e não conseguia respirar...

─ Cada o ar... Eu não consigo respirar!

Ele evaporou e desapareceu pelo espaço, depois formou um pequeno redemoinho em direção a Ricardo e adentrou em seu corpo.

Agora não faltava mais nada. Só o último dragão. O destemido dragão guardião do cristal.

Quando chegou à gruta, encontrou o imenso dragão que dormia sossegadamente. O sol já despontava no horizonte. Podendo controlar os elementos, Ricardo fez uma espada de pedra e foi na direção do dragão.

Os ouvidos do dragão eram tão sensíveis que só em ouvir a respiração de Ricardo, ele havia se assustado.

─ Quem é você?

─ Eu sou Ricardo e vim atrás do cristal!

─ Como você chegou até aqui?

─ Acabei com os dragões que controlavam os elementos da natureza!

─ Você acabou com os dragões que controlavam os elementos da natureza e agora quer o elemento da vida!

─ Elemento da vida?

─ Claro... O cristal tem poder da vida. E como você acha que vai conseguir este elemento? Destruindo-me?

─ Se não houver outro jeito, eu estou disposto!

─ Para você ser merecedor de possuir o cristal da vida, você tem que fazer três provas! Mas, vou logo dizendo, se você errar uma, você e quem mais estiver envolvido com este cristal, morrerão!

─ Estou disposto! A quem tenho que enfrentar?

─ Não é nada disto que o jovem valente está pensando. As provas que você vai enfrentar não têm nada haver com a força e a coragem, mas com a mente e o coração. A minha primeira teoria conta a história de um mundo bem distante, também chamado de planeta Terra, mas lá, as pessoas vivem o mundo da realidade, enquanto aqui se vive neste mundo encantado. Preparado realmente para o teste?

─ Acredito que sim!

─ Três engenheiros fizeram três construções grandiosas. O primeiro fez em menos tempo e ganhou o Titulo mais nobre daquele reino, mas depois de alguns meses a sua construção caiu matando centenas de seres humanos. O segundo fez a sua construção em um tempo razoável, ao termino foi aplaudido e agraciado com medalhas e honras pela aparente beleza da construção. Realmente, era mui bonito, tão bonito que não servia para ser usado, ao fim, perceberam que era apenas ornamento sem serventia. O terceiro demorou um pouco, para dizer a verdade, ainda está precisando de gente para ajudá-lo nas últimas colunas. As pessoas o criticam, não vêem segurança, o plano e o amor que ele está dando apesar de não o ter terminado... O que isto significa meu caro príncipe?

Ricardo parou, fechou os olhos, andou de um lado para o outro. Maquinou as palavras do dragão que de valente não tinha nada, mas demonstrava uma sabedoria inigualável. Enquanto os quatro últimos dragões tinham uma voz que ressoava com força e grossa, aquele tinha uma aparência mansa e tranqüila.

“O que quer dizer esta parábola?” ─ Foi o que pensou Ricardo, querendo chegar À uma conclusão. A sorte parecia ter o abandonado. Agora ele se encontrava diante da sabedoria e não mais diante da força e valentia de um velho guerreiro.

Mas o jovem príncipe não era apenas valente, que chegou a enfrentar com o seu pai e o seu exercito reinos que queriam invadir a sua terra. Na infância, quando não estava treinando a sua mente com um velho sábio, que sempre o fazia passar por estas provas, dando-lhe parábolas e enigmas para decifrar, ele estava observando o mesmo sábio dando conselhos para o rei. Conselhos estes que sempre eram por meio de enigmas, parábolas e mistérios que só ao coração era possível decifrar.

─ É isto! ─ Exclamou Ricardo dando-lhe um sobre-salto de alegria.

─ Descobriu, meu jovem?

─ O primeiro construtor que quer terminar tudo às pressas e não se importa com as conseqüências mesmo funestas. O segundo é aquele que tenta cobrir o seu vazio com aparência. Ostenta-se aos olhos de todos, e no fundo, sua obra não serve para nada. Já o terceiro, é aquele que tem ideal e não se importa com aquilo que dizem. Segue calmo e tranqüilo sua construção, não procura a glória do agora, mas trabalha com certeza de estar preparando alguma coisa muito importante!

O dragão ficou maravilhado com a bela resposta do jovem afirmando em seu coração que ele era realmente um herói, não um herói por ser guerreiro, mas por guardar em seu coração palavras e ensinamentos sábios.

─ Muito bem! Você passou pelo primeiro teste, mas lembre-se que a vida é implacável, primeira dá a prova e depois as lições. Que lições você vai tirar? Espero que esteja preparado para as lições.

─ Qual é a próxima prova? ─ Indagou Ricardo, mostrando pressa e ansiedade.

─ Presa e ansiedade só serve para atrapalhar! Esteja preparado para as suas oportunidades com calma e tranqüilidade. A vida é feita de esperança que simboliza, saber esperar.

─ Tudo bem!

─ Um jovem apressado, sem tempo para nada, quis comprar um presente para alguém. Entrou numa loja e encontrou um idoso do outro lado do balcão surrado. Maravilhado com as especiarias do local, o jovem perguntou o que era possível se comprar ali. De imediato o velho disse que vendia todos os tipos de dons e talentos. “Custa muito” ─ perguntou o jovem. O velho sábio logo respondeu que tudo ali era de graça. O jovem contemplou a loja mais um pouco. Seus olhos brilhavam com a beleza do local. Ele avistou jarros e vidros de fé, pacotes de esperança, caixinhas de salvação e sabedoria. Tomou coragem e com ambição falou: “Por favor, eu quero muito amor Divino, um vidro de fé, bastante felicidade e salvação e mais um pouco do que o senhor quiser me dar!” ─ Então o velho preparou um pequeno embrulho que cabia na mão do jovem. Vendo aquilo se irritou, achando que o velho estava brincando com a cara dele! Por que tudo coube numa caixinha?

─ Receber as coisas tudo pronto é bom. Quem não quer ganhar de presente todos os talentos e dons sem esforço? Eu confesso que queria. Mas para a nossa preparação de vida, no exercício de nosso fôlego de vida, nós não devemos ganhar os frutos, mas as sementes. As sementes, assim sendo, devemos preparar a terra, os fertilizantes, as sementes e plantar. Depois de plantada, deveremos dedicar tempo e suor para continuar cuidando. Molhando as pequenas plantas que nascem e podando. Mas o gratificante é ver o fruto do nosso trabalho!

─ A última prova contem dois exemplos: O corvo e o jarro; e a raposa e o corvo!

─ A última? E depois eu terei o cristal?

─ Sim! Um corvo morrendo de sede se aproximou de um jarro que estava cheio d’água. Mas, desapontado, verificou que a água estava tão baixa que ele não podia alcançar com o bico. Tentou derramar o jarro mas era impossível, pois era muito pesado. Ele se irritou deveras, quando se acalmou, avistou um monte de pedras. Apanhou com o bico uma das pedras e jogou dentro do jarro. Depois outra e mais outra. E outra. E a cada pedra jogada, a água subia até que ele pode beber a sua água e matar a sua sede...

─ Com pressa e sem pensar só iremos nos irritar, mas a grande lição que podemos tirar não tem haver com a paciência, mas com a inteligência: Onde a força falha, a inteligência vence!

─ O último exemplo, traz a lição do corvo novamente. Um corvo faminto furtou um belo queijo e, com ele no bico, voou para o alto duma árvore. A raposa o viu e gritou para o alto: “Bom dia, belo corvo! Que lindas são as suas penas, que belo o seu porte, que elegante a sua cabeça! Sou capaz de jurar que um animal bonito assim há de ter também uma bonita voz! Cante, que eu quero ouvi-lo!” ─ O corvo envaidecido, abriu o bico para cantar e o queijo caiu na boca da raposa...

─ Sábio Dragão da Sabedoria, para esta sua parábola poderia ter varias respostas, mas eu ficarei com duas. A primeira é que os elogios exagerados são sempre suspeitos, mas a melhor resposta que eu tenho no momento não é esta. Quando somos elogiados, que é sempre bom ser elogiado, mas nunca devemos se vangloriar dos elogios que recebemos. Se alguém é humilde não precisa dizer para ninguém que é humilde, isto não é sinal de humildade. Alias, o melhor elogio é o que define o nosso coração e não o elogio que define a nossa aparência. Beleza exterior passa, a interior fica e marca!

─ Você aprendeu tudo que o seu velho sábio lhe ensinou, ele deve estar maravilhado com a sua sabedoria!

O dragão se referia ao sábio que ensinou a grandeza da sabedoria para Ricardo. De repente, o semblante de Ricardo caiu e deu lugar a uma forte tristeza e disse:

─ Eu acho que ele morreu!

─ Por que você acha isto?

─ Ele sumiu, isto já faz muitos anos! Eu queria encontrá-lo e pedir perdão!

─ Perdão? Por que pedir perdão?

─ Eu não sei explicar porque eu agi daquela maneira com ele... Na ocasião, ele era o meu melhor amigo. O seu maior exemplo de sabedoria era a sua amizade e humildade. Mas não fui da mesma forma com ele!

─ Por que você não abri o seu coração? Desabafar é um ótimo antídoto!

─ O meu pai brigou comigo e não gostei, não foi uma acusação justa do meu pai. Uma coisa que eu não havia feito. Então fui pedir a opinião do meu amigo sábio e ele disse que o meu pai estava certo. Não gostei e briguei com ele. Pior ainda, eu o amaldiçoei pedindo a sua morte e a do meu pai!

─ O sábio falou do tempo?

─ Sim... Disse que o tempo é o melhor remédio. É o tempo que faz o homem alcançar coração sábio. E que a primeira sabedoria humana era honrar aos pais!

─ E o que aconteceu depois?

─ Existia um inimigo do sábio e eu contei para ele como encontrá-lo. Nunca mais eu o vi!

─ É sempre assim, quando agimos no momento de fúria, agimos errado. A melhor resposta é procurar manter o senso. Príncipe Ricardo, eu te perdoou!

Foi aí que o coração do dragão começou a brilhar intensamente. A sua pele se abriu e no lugar do coração se via um cristal.

─ Pegue o seu cristão e salve a vida das pessoas que você ama!

─ É o senhor velho sábio?

─ Você acabou de salvar a minha vida. O tempo tinha razão. Nestas coisas, só o tempo dirás. Você me tirou da maldição de ser guardião deste cristal! Pegue!

O coração do dragão era o cristal e Ricardo sabia o que iria acontecer se ele pegasse aquele objeto. Mas o herói não queria a morte do seu velho amigo.

─ Não, velho amigo, não vou deixar que morra. Disseram-me que o cristal tem o poder da vida e eu quero que viva.

Ricardo pegou o cristal que tinha um brilho especial, ajoelhou diante do amigo...

─ Você se esqueceu do exemplo da montanha e o vento, meu príncipe?

─ Que não importa de onde o vento venha, a montanha nunca se curva diante dela. Mas eu não estou me curvando diante do vento, mas diante de um amigo...

Ricardo levantou o cristal e exclamou:

─ Eu quero que todos os meus entes queridos, as pessoas que eu amo, retomem às suas vidas novamente, nem que para isso, eu morra!

Raios de luzes se espalharam pelo espaço. O sábio amigo, que estava ofegando no chão, recuperasse; o encantamento que Bruxelas jogou sobre o rei Pandin é quebrado e o momento mais esperado acontece.

Encantada recebe uma jorrada de luz fazendo-a brilhar intensamente e voltar à sua beleza de tempo atrás. No exato momento, Bruxelas, no exato momento de seu casamento, assumiu o seu velho corpo.

─ Soldados, prendem a esta bruxa!

─ O que o senhor meu rei está dizendo?

Pandin pega uma taça de ouro que reluzia e coloca na frente dela. Ela, então percebe que o encanto havia sido quebrado e não era mais aquela bela jovem que estava prestes a assumir o reino daquela região tão importante.

Bruxelas perdeu o seu vigor, e a sua beleza. Tentou lançar ainda uma maldição, mas ela havia percebido que também tinha perdido o seu poder.

Encantada, feliz por voltar à sua vida de autrora, correu pelo castelo à procura de Ricardo e não existia canto que o encontrasse.

Quando avistou pela grande janela do seu quarto o rei e a rainha diante do velho sábio, e um corpo estendido numa carroça.

Ela partiu em disparates até a entrada do castelo, onde já se encontrava um aglomerado de plebeus chorando e lamentando a perda, a grande perda.

─ Fadinha, o que houve com o Ricardo ─ Disse Encantada com os olhos umedecidos.

─ Ricardo, ele deu a sua vida por amor a você!

─ Como assim?

─ Ele subiu até a montanha para, enfrentou dragões para conquistar o cristal e dar a você a sua vida de volta, em troca, ele morreu...

Encantada se aproximou do corpo de Ricardo, quando ela ia passando, a multidão ia abrindo espaço para aquela bela jovem. Fadinha vinha logo atrás e se pôs ao lado do velho sábio.

─ Minha jovem princesa, Ricardo fez isto porque te amava!

─ E o que eu faço agora, velho sábio? Se eu acabo de descobrir que ele me amava e já o perdi?

─ Só o amor pode mudar os fatos da história! O amor é capaz de suprir as maiores necessidades humanas. O amor é capaz de nutrir uma semente diante do deserto. O amor é capaz de dar a vida até a uma pedra!

Encantada, segura firma na mão de Ricardo e se debruça sobre o seu peito, lamentando muito e dizendo ao mesmo tempo, que o queria de volta.

As pessoas estavam presenciando um amor que todos desconheciam. A princesa do reino vizinho e de um príncipe que até então não tinha descoberto ou vivido a sua história de amor. Uma princesa que cortou qualquer investida de outros reinos e príncipes, que queriam casar-se com ela e um príncipe que nunca teve a idéia de um dia se casar, só queria viver uma vida de aventura.

As lágrimas de Encantada rolaram pela sua face e descia suavemente até o lado esquerdo do peito de Ricardo. Aquelas lágrimas eram de amor. O amor que era capaz de tudo, como disse o velho sábio.

No ímpeto de vida, as lágrimas tinham realmente amor, foi o que a multidão passou a dizer depois que Ricardo abriu os seus olhos.

Todos trocaram as lágrimas por sorrisos, os prantos por regozijos. Ricardo ainda não entendia o que estava acontecendo. Ele só se lembrava que estava enfrentando dragões e o mestre da sabedoria, mas o que houve depois para ele, era o seu próprio mistério.

Encantada a olhá-lo, recebeu em troca as investidas do olhar. Os dois tinham no olhar um brilho descomum, de só quem já viveu um grande amor pode, talvez, decifrar.

Ela o abraçou fortemente, agradecida pela grande prova de amor. Ricardo, se levantou daquela carroça que em nada se lembrava a grandeza de um reino, e frente a frente com Encantada, a abraçou e beijou-a.

Longe dali, Bruxelas era lançada no calabouço e recebendo de imediato a sentença de morte, considerada uma bruxa.

O rei Pandin maquinou os seus últimos acontecimentos, tentando se lembrar dos últimos fatos, mas só tinha em mente, o desaparecimento da filha. Quando mandou os seus soldados se prepararem para ir em busca da filha, avistou uma grande carruagem vindo até o seu castelo.

─ Majestade, o rei Reinaldo e sua família estão à caminho do seu castelo!

O rei Pandin só teve tempo de vestir uma roupa mais apropriada, uma roupagem real e encontrar a visita, que no momento era indesejada.

Quando a carruagem real parou diante de seu castelo, saíram Reinaldo e esposa de uma carruagem, Ricardo de uma outra e depois, ele avistou mais adiante, o cãozinho Corajoso e a gatinha Bela.

Ricardo se aproximou da carruagem, deu a sua mão e uma bela e magnífica jovem saiu de dentro dela.

─ Você está simplesmente linda!

─ Obrigada, Ricardo... Está com muito medo de enfrentar o meu pai?

─ Quem já enfrentou cinco dragões não vai ter medo de enfrentar o seu pai, embora eu prefira os dragões!

O pai de encantada correu assim que avistou a filha. Deixou de lado toda a cerimônia nobre. A saudade era maior que aquelas cerimônias de recepção ou coisas do gênero.

─ Aline, minha filha! Você voltou!

─ Papai, que saudade do senhor!

Abraçaram-se por muito tempo. Era até emocionante o carinho que ambos tinham um pelo outro.

Minutos depois, dentro do castelo, um banquete era servido para recepcionar a realeza visitante. Pai e filha não se desgrudava um minuto sequer. Do lado da filha do rei, estava Ricardo. E Encantada que ficava dividindo a sua atenção entre o pai e o amado herói.

─ Papai...

─ Sim, Aline!

─ O rei Reinaldo tem algo para dizer!

O pai de Ricardo tomou a palavra e bem direto, foi logo ao assunto central da sua vinda àquele reino.

Sem rodeios ele pediu a mão da princesa exuberante Encantada para o seu filho Ricardo. O rei Pandin, analisando o entusiasmo do príncipe e da princesa, fez uma cara de desgosto no início e depois, com um largo sorriso, pegou uma taça de vinho e se levantou para brindar a vida dos dois nobres que estavam completamente enamorados.

Aquele momento festivo continuou ainda mais. Música, dança e comida para todos os visitantes e as pessoas daquele reino que se encontravam presentes naquele momento único na vida de Ricardo e Encantada.

Os noivos foram convidados a dançar uma bela música. E com maestria dançaram juntos, encantando a sutileza e graciosidade do casal.

─ Diga-me uma coisa... O seu nome é Encantada ou Aline?

─ Eu me chamo Aline. Sempre fui Aline. Encantada é um epíteto que as pessoas do reino me deram!

─ E eu, com quem vou me casar? Com Aline ou com Encantada? ─ Brincou Ricardo!

─ Com as duas... Aline e Encantada!

─ Neste caso, eu acho que meu pai tem que pedir permissão para eu me casar com Aline também, pois ele pediu por Encantada...

─ Eu te amo, Ricardo!

─ Idem... Eu sou um homem de sorte, vou me casar com uma mulher completa...

─ Na verdade, eu que sou uma mulher de sorte, irei me casar com o homem mais completo de todos os reinos.

A notícia do casamento de Encantada/Aline tomou repercussão nos reinos circunvizinhos. Todos queriam abençoar a vida daqueles dois nobres enamorados. A notícia de como tudo aquilo havia acontecido assumiu o mesmo patamar de notícia.

Ricardo era conhecido como o príncipe que enfrentou a morte para dar a vida à sua amada e Aline, como a mais encantada das encantadas no mundo dos encantos.

Como era de costume no reino do rei Pandin, o rei concedia um desejo ao pedido da noiva, não importasse quem iria se casar. E não seria diferente com a filha.

─ Filha, você esta deslumbrante! Está mais encantada ainda do que dizem de ti!

─ Obrigada papai!

─ Todos os convidados já chegaram?

─ Sim... Mas não é por isto que eu estou aqui. Como você sabe, é costume nosso, realizar um sonho da noiva, não iria ser diferente agora...

─ Um sonho meu?

─ O que você desejar!

Aline pensou um pouco e disse:

─ Der a liberdade a Bruxelas!

─ O que minha filha?

─ isto mesmo papai... Conceda a liberdade a Bruxelas!

─ Depois de tudo o que ela nos fez?

─ Acredito que ela esteja arrependida...

O rei, sem hesitar mais, atendeu o pedido da filha e mandou os seus soldados soltarem a Bruxelas que se encontrava nas profundezas do castelo, presa no calabouço.

Aline foi ao seu encontro, junto com a irmã de Bruxelas, Fadinha.

─ Princesa!

─ Você está livre Bruxelas, por que não volta com a sua irmã para a sua terra e procure viver uma vida totalmente diferente do que vive hoje!

─ Obrigada princesa... Eu vou seguir o seu conselho e voltar para o meio da minha parentela!

As duas irmãs se abraçaram, entraram numa carruagem real e nunca foram vistas. A notícia que ficou ali, é que Bruxelas, assumiu o nome de Amanda e está, ao lado da irmã, a reconstrução da sua terra que ficou por muitos anos esquecida.

Mas voltando ao casamento. Ao som de uma magnífica música, Ricardo e Aline se casaram, recebendo a benção dos dois reinos.

E depois daquela união, nunca mais, a maldição reinou no meio deles. Até mesmo porque, em Ricardo possuía ainda os cinco elementos: Terra, Fogo, Água, Ar e Vida. E com o tempo ele iria colocar em prática, aquela grandiosa força vital.

Como toda história do mundo encantado termina: “E viveram felizes para sempre!”

***by: Jonatas Alberto

***Pseudonimo: John Peter Parker / John Lion