A RE VOLUÇÃO NA CAIXINHA DE COSTURA E A COLCHA DE RETALHOS
A RE VOLUÇÃO NA CAIXINHA DE COSTURA E A COLCHA DE RETALHOS
Era uma vez uma Vovozinha muito especial, e uma caixinha de costuras.
A Vovó sempre foi uma costureira de primeira. Vivia a costurar coisas lindas. Uma mais especial que a outra. Seus netinhos adoravam as novas criações da vovó e viviam a desfilar por ai sempre na última moda. E a caixinha de costura, bem, também era muito feliz!
Linhas, agulhas, botões, alfinetes, zíperes, carretéis de linhas etc etc ...todos se transformavam nas mais belas obras de arte pelas mãos da vovó e o clima na caixinha de costura era de pura magia.
Mais aconteceu o que alfinete nenhum esperava. Uma alfinetada no coraçãozinho daquele caixinha assombrou a alegria geral. A Vovó estava doente e acamada só lhes restava uma cadeira de balanços vazia e uma caixinha de costura sem nenhuma utilidade.
Os dias passaram e nada da Vovó levantar-se da cama. Os seus netinhos estavam sempre lá, mais nenhum remendo, por menor que fosse, para ser feito. Era só monotonia e saudades.
O botão de Perola resolveu, então, convocar uma assembléia, uma reunião extraordinária para discutir o rumo dos apetrechos daquela caixinha e tomarem providências.:
- Essa situação não pode perdurar. Precisamos nos mobilizar e encontrar uma solução. – falou com maestria o botão de perolas.
- Mas o que podemos fazer? – perguntou o carretel de linha cor de laranja.
- Nossa vovó está doente há muitos dias e não pode costurar – remendou o dedal.
- E se ela não sarar? Vamos fugir para outra caixinha de costura? – indagou muito triste o pequeno alfinete.
- O que é isso, ta loco seu bobo, e vamos então nos separar depois de tantos anos? – berrou muito assustada a tesoura.
- Acalmem-se, acalmassem – pedia o botão de perola. – Por isso mesmo estamos aqui. Juntos poderemos refletir melhor e encontrar uma solução.
Um pouco mais animados os apetrechos foram se assentando e escutando o que o botão de perola tinha a dizer.
Ele lembrou a todos que a Vovó era uma grande artista da moda. Por toda uma vida zelou e cuidou pelo bem estar e integridade daquela caixinha de costura que a acompanhava desde os doze anos. Aquele era o lar de todos. Eles sobreviveram a filhos e netos e ninguém sairia dali se não fosse para ser transformado em uma bela arte.
Assim como eles, o botão de perola garantiu que a Vovó também deveria estar muito triste e com muitas saudades de cada um deles, deitada, sozinha naquela cama fria e sem amor. Onde criação nenhuma poderia sai voando por sua imaginação.
- Isso mesmo, é época de carnaval. Vovó não perderia por nada a chance de criar uma bela fantasia e assim levar a todos nos para brincar o carnaval. Por isso ela tinha comprado tanta lantejoula, brilhos novos e panos coloridos. – lembrou a almofadinha de espetar agulhas.
É, ela deve estar muito triste mesmo – se intrometeu na conversa a almofada da cadeira de balanços.
- Então, e você não acham que Vovó espera que a gente fique aqui para sempre, acham? – perguntou o botão de perola.
- Não, claro que não! – responderam em coro os apetrechos.
- Pois é, mas estamos todos aqui, parados, inertes, completamente sem ação, entregues à preguiça e às reclamações. – afirmou o botão de perola.
- Mas então o que podemos fazer? Você tem alguma idéia, algum plano? – perguntou o potinho de lantejoulas já muito ansioso com aquela conversação toda.
- Claro, VAMOS COSTURAR! – incentivou o botão de perola.
Os apetrechos soltaram um enorme HÁMMMM!,. sem entender muito bem o que o botão de perola queria dizer. Mas ele sabia exatamente o que dizia e desenrolou seu plano sensacional e foi explicando:
- Sozinhos não somos nada. Apenas um botão não faz uma roupa, não cria uma arte. Assim também de nada adianta a linha sem a agulha e ai vai. Mas, juntos podemos fazer a diferença. Podemos escolher ao invés de ficarmos aqui, um olhando para outro e reclamando, nos unirmos e cair na costura! Vovó nos ensinou tudo, somos capazes. – emocionado discursou o botão de perola.
Assim, o botão de perola explicou passo a passo o que fariam e uma enorme, colorida, divertida e disputada revolução começou dentro da caixinha de costura.
Botão daqui, botão de lá. Lantejoulas para todos lados, recorta daqui, recorta ali. Até que uma linda colcha de retalhos surgiu.
E lá ficaram, agora já sendo uma colcha, arrumadinha em cima da cadeira de balanço até que algum netinho chegasse e a levasse até a Vovó.
E os netinhos olharam e de cara notaram aquele belíssimo trabalho. Pura arte! Mais ninguém soube explicar quem o teria deixado lá, quem o teria feito? Mas a Vovó não precisa de explicações, assim que levaram a colcha para Vovó e delicadamente a corriam, ela sabia o que tinha acontecido e bem baixinho resmungou:
- Eu sabia que vocês dariam um jeito de chegar até mim!
E assim foi.
A revolução da caixinha de costura fez nascer uma linda colcha de retalhos que os levou até a Vovó, aquecendo seu coraçãozinho que de tão feliz que ficou logo sarou!