CAÇADA À TOA

Tirei, hoje, o dia inteiro

pra vir caçar, como um rei;

deitar pavor na floresta

e guerrear – pá, pei, pei!

Nessa caçada, caipora

nem pererê zombeteiro

não me vão botar quizumba,

que meu corpo tem chaveiro.

Já meu cachorro mateiro

acoa bicho em buraco...

Será peba, tatu, onça,

preá, guaxinim, cassaco?

Um tejuaçu correu

lá por cima do lajedo;

anhambu levanta voo,

caçador morre de medo.

Rei tirano expõe seu trono,

caça da mata sai cedo;

triste do bicho do mato

na mira de quem tem medo.

Quem caça com chumbo alheio

não escolhe boa rês...

Tanto faz paca, cutia,

como um pequeno-burguês.

Tirei, hoje, dia inteiro

pra vir caçar, feito um rei;

e, como é caçada à toa,

lá vai chumbo – pá, pei, pei!

Fort., 03/02/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 04/02/2009
Código do texto: T1420727
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.