A FESTANÇA DA BICHARADA - Poema de Tchello d'Barros
A FESTANÇA DA BICHARADA
No reino do Curupira
Bem no meio da floresta,
O canto da Corruíra
Avisa: _Hoje tem festa!
E surgindo lá do mato
Veio o Quati de repente,
Pediu a ajuda ao Sapo
Pra vender cachorro-quente.
O Tatu saiu da toca
E veio ver lá do fundo:
O Mico fez a pipoca
Mas jogava em todo mundo.
Era um baile animado,
Tinha banda musical
Iniciaram o bailado,
Nesta festa "animal".
No violão compassado,
Uma Lebre bem sapeca
E um Jabuti aloprado
Tocava a sua rabeca.
A gaita tocava o Gato
Ou será que é o contrário?
Era um mestre de fato
Pra ele não tinha páreo.
Tinha dupla de Cigarra
Com Lagarto baderneiro:
Ela tocava a guitarra,
Ele tocava o pandeiro.
Tinha vez que dava medo,
Pois naquela confusão:
Dançavam Corvo e Morcego
Cotia e Corujão.
E naquela melodia
Da música que não pára,
Viu-se até coreografia
Na dança da Capivara.
Todo mundo se animava,
A dançar ali na pista.
Só um bicho não dançava,
Era o tal Bicho-Preguiça.
Estavam todos dançando,
Já era de madrugada
E o Galo veio cantando:
_Fim de festa, bicharada!
Mas o Gato quis miar:
_A minha gaita sumiu!
Onde a gaita foi parar?
_ Ninguém sabe, ninguém viu!
Lá num galho da copada
Bugio com ela fugia
E disse pra bicharada:
_Tchauzinho, até qualquer dia!
No mato foi se embrenhando
Quase toda a bicharada,
E pegaram o malandro
Já era quase alvorada.
Ele explicou então
Que não havia furtado.
É que para o bailão
Não lhe tinham convidado
_A gaita não quis roubar,
Eu só peguei emprestado.
Quero aprender a tocar
E tocar bem afinado!
Deixaram ele aprender
E ao estar capacitado,
Convidaram para ser
Gaiteiro noutro bailado.
Nosso amigo fez bonito
Naquela apresentação.
Depois ficou conhecido
Como o rei do bailão!
Tchello d'Barros
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