Promessa infantil
Era um menino peralta, desses que ninguém segura. Um adjetivo para ele talvez seja pouco: danado, traquino, levado, travesso. Assim era Rogerinho.
Sua ficha escolar era recheada de advertências, suspensões. O caderno tomado de bilhetes da professora. Estava sempre metido em confusões.
A casa, ele virava de ponta-cabeça: quebrava vasos, derrubava livros, tirava os tapetes fora de lugar, comia a sobremesa antes da janta.
Não havia um dia em que ele não apanhasse da mãe ou do pai. Os irmãos menores riam, mas ele dizia-se “azarado” por sempre descobrirem suas peraltices.
Um dia, Rogerinho cansado de tanto apanhar, tomou a seguinte decisão, depois de uma surra daquelas:
-Por um dia, só por um dia, vou ser o menino mais quieto do Jardim Conceição! Hoje eu não hei de apanhar – prometeu.
Os irmãos duvidaram, talvez ele mesmo também duvidasse se seria capaz. Contudo, o desafio estava lançado.
Acordou sem que a mãe precisasse lhe chamar para ir à escola. Fez tudo sem reclamar e sem baderna: escovou os dentes sem espalhar na pia o creme dental; vestiu o uniforme sem arremessar o tênis e a meia na cabeça de um irmão; tomou café da manhã sem mastigar o pão e mostrá-lo triturado, ainda na boca, para a caçula.
Na escola, ofereceu-se para fazer o exercício na lousa e não desenhou nenhum nome feio com o giz. Ajudou a professora a carregar o material na saída com toda a educação que recebera dos pais.
Durante o caminho de volta a casa, mesmo diante da tentação de roubar fruta do pé de goiabeira de D. Ana, resistiu bravamente. Tinha uma promessa.
Passou a tarde em harmonia com dos irmãos e fugiu de confusão. A mãe, discretamente, trancou-se no banheiro por alguns minutos e ajoelhada, agradeceu aos Céus por aquele milagre tão esperado: finalmente o filho havia tomado jeito.
À noite, já deitado em sua cama, Rogerinho dá-se conta de que havia conseguido livrar-se das merecidas punições por um dia.
Tomado de uma felicidade descomunal, levanta-se e começa a pular na cama, festejando o feito como um herói. As crianças batiam palmas.
- Que algazarra é essa aqui? – irrompe o pai pelo dormitório adentro.
E ao constatar o filho de pé sobre a cama, aplica-lhe cinco tapas no bumbum.
(Maria Fernandes Shu- 09 de dezembro de 2008)
Era um menino peralta, desses que ninguém segura. Um adjetivo para ele talvez seja pouco: danado, traquino, levado, travesso. Assim era Rogerinho.
Sua ficha escolar era recheada de advertências, suspensões. O caderno tomado de bilhetes da professora. Estava sempre metido em confusões.
A casa, ele virava de ponta-cabeça: quebrava vasos, derrubava livros, tirava os tapetes fora de lugar, comia a sobremesa antes da janta.
Não havia um dia em que ele não apanhasse da mãe ou do pai. Os irmãos menores riam, mas ele dizia-se “azarado” por sempre descobrirem suas peraltices.
Um dia, Rogerinho cansado de tanto apanhar, tomou a seguinte decisão, depois de uma surra daquelas:
-Por um dia, só por um dia, vou ser o menino mais quieto do Jardim Conceição! Hoje eu não hei de apanhar – prometeu.
Os irmãos duvidaram, talvez ele mesmo também duvidasse se seria capaz. Contudo, o desafio estava lançado.
Acordou sem que a mãe precisasse lhe chamar para ir à escola. Fez tudo sem reclamar e sem baderna: escovou os dentes sem espalhar na pia o creme dental; vestiu o uniforme sem arremessar o tênis e a meia na cabeça de um irmão; tomou café da manhã sem mastigar o pão e mostrá-lo triturado, ainda na boca, para a caçula.
Na escola, ofereceu-se para fazer o exercício na lousa e não desenhou nenhum nome feio com o giz. Ajudou a professora a carregar o material na saída com toda a educação que recebera dos pais.
Durante o caminho de volta a casa, mesmo diante da tentação de roubar fruta do pé de goiabeira de D. Ana, resistiu bravamente. Tinha uma promessa.
Passou a tarde em harmonia com dos irmãos e fugiu de confusão. A mãe, discretamente, trancou-se no banheiro por alguns minutos e ajoelhada, agradeceu aos Céus por aquele milagre tão esperado: finalmente o filho havia tomado jeito.
À noite, já deitado em sua cama, Rogerinho dá-se conta de que havia conseguido livrar-se das merecidas punições por um dia.
Tomado de uma felicidade descomunal, levanta-se e começa a pular na cama, festejando o feito como um herói. As crianças batiam palmas.
- Que algazarra é essa aqui? – irrompe o pai pelo dormitório adentro.
E ao constatar o filho de pé sobre a cama, aplica-lhe cinco tapas no bumbum.
(Maria Fernandes Shu- 09 de dezembro de 2008)