As certezas

Quando escrevo sobre Luysa,me lembro de Pedro Bloch,que escrevia o "Criança diz cada uma" na revista "Pais e Filhos".Adorava ler,e nunca pensei que também escreveria sobre isto,mas criança é bichinho que surpreende mesmo,né?

Minha Luysa sempre foi muito segura.Arteira,vivia aprontando.Com dois anos já desconcertava a gente numa boa!Sumiu no dia de seu 3º aniversário,assim,de repente.A família na sala,conversando,vendo TV...

-Cadê a Luysa?Alguém notou a falta da danada.

Todo mundo procurando no apartamento:

-Luysa!

Nada.

Estava no banheiro.No escuro entrou,fechou a porta,apanhou um potinho na pia e abriu,depois de ter tentado comer o sabonete de mel e amêndoas,que jazia ao lado da pia cheio de marcas de dentinhos.

A cara rechonchuda estava toda branca de desodorante cremoso,ficou visível quando abrimos a porta e acendemos a luz.Tinha uma explicação,muito séria e simples da parte dela:

-É "QUeme"!disse,cuspindo o sabonete.

Outra.

-Num táxi,eu,ela e muitos pacotes no banco de trás.Com carro na garagem,não dirijo ( fiquei com trauma,depois de quase atropelar um caminhão...da polícia militar!) e estavamos indo na casa de uma colega minha,encontro de Natal entre amigas,amigo secreto,"escambau"..Minha amiga na frente,conversando sobre ela.

-Esta menina é muito linda,uma boneca!Tu sabe disto,Luysinha?

Ela,com sua segurança costumeira:

-Sim.Eu sei sim!Sou um "amôlo" mesmo!

Depois desta,este virou seu apelido entre meus amigos:Amôlo.Até hoje.

Última.

Setembro de seus três anos.Minha irmã canta na liturgia da Igreja da Unificação.Chegou em casa com o violão na mão.Luysa disparou até a garagem:

-Tia Su!Tia Su!

-Fala,amor!

-Canta pá mim a música do "Senhor"?

Emocionada,minha irmã largou a bolsa no chão e ali mesmo puxou o violão da capa,dedilhou e cantou um hino de Swami Sathya Sai Baba,que Luysa já tinha ouvido na missa.

" O Senhor entrou em nossas vidas,

nos mostrou a direção:

PAZ,AMOR,VERDADE,NÃO VIOLÊNCIA E RETIDÃO!

Somos como..."

-Nãao é essa,tia Su,para!Paara!Gritou Luysa.

-Qual é que tu quer então,amor?Perguntou minha irmã.

-Aquela assim,ó (explicou):

"O SENHOOOR, DA LIBERDADIII!

CONSIDINDO CONTISTADO BODE FORTIII!"

...Cantou sua versão do Hino Nacional,enquanto batia palminhas e o pé.

Ninguém segurou o riso!

Brigeth
Enviado por Brigeth em 05/12/2008
Reeditado em 05/12/2008
Código do texto: T1319419
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