As Fábulas de Esopo

Minhas lembranças de infância estão permeadas pelas Fábulas de Esopo. De fato, minha mãe, de sua maneira, contou algumas fábulas [meu pai preferia divertir-me com as façanhas de “Pedro Malazartes”], meu padrinho Francisco outras, meu tio-avô Lino mais algumas e meus tios Luiz e Raimundo mais outras. Mas foi meu tio Helio, com sua maneira muito peculiar de contar, quem mais me saboreou com essas de Esopo somadas às de La Fontaine. Contador de estórias e histórias nato, tornou para mim inesquecível o suspense e o drama com que colocava cada ação. Meu tio Helio criava no ato de contar, adicionando cores e sons próprios a cada narração. Embora algumas sejam mais conhecidas, como “A Raposa e as Uvas”, “O Lobo e o Cordeiro” etc, há outras que considero melhores do ponto de vista didático. Por exemplo, “A Rã e o Touro” acho exemplar no sentido de que evitaríamos muitos mal-entendidos usando a perspicácia ali presente. Poderia citar outras mas, ao invés disso, publiquei aqui um e-book contendo uma seleção de 50 fábulas. Era um desejo antigo reunir aquelas que considero mais interessantes e, finalmente, consegui. Convido o leitor a baixar o e-book que aqui publiquei com o título acima. São fábulas selecionadas e adaptadas da edição em língua portuguesa do século XIX "Fabulas de Esopo - com applicações moraes a cada fabula" - 1848 - Paris, Typographia de Pillet Fils Ainé [domínio público em http://pt.wikisource.org], vertidas diretamente do grego por Manuel Mendes, da Vidigueira. A adaptação foi composta após quase que uma tradução do português daquele século para o português brasileiro de hoje. Sempre que possível procurei manter a forma pronominal [segunda pessoa do singular] utilizada na edição parisiense, até porque é muito utilizada em diversas regiões do Brasil. Para se ter uma idéia do português de antanho, cito aqui uma passagem da fábula que intitulo “O Pinheiro e o Coqueiro” (quando meu tio Helio me contou ele cunhou o título “O Carvalho e a Palmeira”, mas resolvi adaptar para árvores que são mais fáceis da criança de hoje identificar), que nas palavras de Manuel Mendes chama-se “A Faia e a Cananoura”: “a Faia alta e direta não queria dobrar-se ao vento, antes vendo a Cananoura, que se maneava facilmente, a conselhava que estivesse sem dobrar-se”. Por isso, embora tenha havido alguma dificuldade, foi muito divertido. Diversão que desejo tenham: minha pequena filha Leticia, minhas netas Yasmin e Elis (a elas dediquei o trabalho) e todos que se aventurarem por essa delícia que é o caminho das fábulas. Espero que gostem!

Grandes Abraços!

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