A abelhinha dourada
Meu avô contava que há muito tempo, num lugarzinho distante daqui, havia um fazendeiro muito rico. Ele era o maior produtor de mel da região. A sua fazenda era próspera e ficava num lugar muito bonito.
Dentro da fazenda e nos arredores eram repletos de árvores e campos floridos. Dava gosto ver as borboletas e os pássaros coloridos sobrevoando aquele imenso jardim.
Porém o fazendeiro era um homem mal, avarento e ambicioso. Só tinha um empregado, que já estava velho e cansado, mas que apesar dos maus tratos permanecia fiel ao patrão e porque amava muito a natureza.
Numa linda manha de primavera o fazendeiro voltava do campo quando foi surpreendido por um enxame de abelhas. Elas passaram por ele, mas não o atacaram. Pareciam inofensivas e dóceis.
Ele percebeu que as abelhas eram guiadas por um o pontinho iluminado. Quando o pontinho pairava sobre um local onde havia flores, as abelhas desciam educadamente para colher o néctar. O fazendeiro ficou intrigado e relatou o fato ao empregado.
O empregado explicou que se tratava de um fenômeno raro, e que o pontinho iluminado era uma abelhinha dourada, que ao receber os rios de sol, um brilho sutil refletia sobre as flores tornando-as ainda mais atraentes.
Na medida em que as abelhinhas recolhiam o néctar iam polinizando as flores tornado aquele lugar cada vez mais florido e cheio de vida.
Mas apesar da linda fazenda, o fazendeiro ambicioso, nunca se fartava, sempre queria mais.
Um dia ele falou para o empregado:
- vou ganha muito dinheiro com esse inseto de ouro, o mundo precisa conhecer essa maravilha.
- não cometa tal loucura!
- cale-se insolente! Esbravejou o fazendeiro chicoteando o pobre empregado.
Até que um dia munido de uma redinha de nylon o fazendeiro conseguiu capturar a abelhinha dourada.
- que maravilha, sou o homem mais rico do mundo! Vou ganhar muito dinheiro.
A abelhinha era dourada com ouro puro, os olhinhos vermelhos pareciam duas pedrinhas de rubi, as asinhas eram semelhantes a uma película de cristal desenhada com fios de ouro. Era a jóia mais linda que ele já tinha visto em toda sua vida. Tamanha foi a sua loucura que não se deu conta de que aquela abelhinha era um ser vivo. Ele simplesmente a colocou numa caixinha de veludo e a guardou num cofre.
Pobre abelhinha!
Na manha seguinte ele notou que as abelhas estavam muito agressivas e voavam sem rumo. No decorrer do dia uma a uma foram se dispersando. As colméias ficaram vazias.
Com o passar dos dias, sem as abelhas para polinizar, as flores foram murchando. E tudo foi ficando seco e sem vida.
Já não havia pássaros nem borboletas.
Mas o fazendeiro parecia não se importar com o que estava acontecendo, ele pensava que iria ficar muito mais rico com o seu insetinho de ouro.
No dia em que o fazendeiro decidiu vender a sua jóia preciosa ele teve uma grande surpresa.
Ao abrir a caixinha de veludo, ele encontrou uma abelhinha comum, sem brilho dourado, sem luz e sem vida.
Dizem que o pobre empregado nunca mais foi visto e que o fazendeiro enlouqueceu após perder tudo o que tinha.
Até os dias de hoje ninguém sabe ao certo se a abelhinha dourada foi uma lenda ou uma aberração da natureza. O que se sabe de verdade é que apesar de continuarem a fabricar o mel aquelas abelhas nunca mais foram dóceis.