A Maior Mágica do Mundo
—Pai! Vamos a um show de mágica?
—Podemos ir, mas geralmente é um pouco caro. Não sei se temos dinheiro o bastante.
—Só uma vez. Lá na escola, ofereceram ingressos com descontos.
—Tudo bem...Compraremos três ingressos e vamos, eu, você e sua mãe.
Chegado o dia do show de mágica, a família Solano saiu para ver o show. Foram de fuskinha antigo, o carro da família. Lá chegando, estacionaram em um estacionamento pago. O pai tinha pouco dinheiro, mas tudo estava valendo a pena, pois a felicidade do filho valia muito mais do que o dinheiro.
O show...Ah!...O show foi lindo. Tudo muito bem organizado, desde a beleza da assistente, as músicas, os efeitos até os gestos do mágico. Durante o show, coelhos foram tirados da cartola, pombas brancas alçaram vôos, a assistente foi serrada ao meio e até brincadeiras com cartas foram feitas.
Saíram do show e pelo caminho o filho não parava de falar sobre tudo que vira e os pais também participaram daquela alegria, aproveitando aquele momento especial. O Tempo passou e em um dia de domingo, o filho estava em frente à televisão assistindo a um programa, no qual se apresentava o mágico dos mágicos falando que todas as mágicas são truques e mostrando como são feitos os truques.
—Pai.
—Sim, filho.
—É verdade que todas as mágicas são truques?
—Sim, é verdade.
—É do jeito que ele está mostrando?
—Acho que cada mágico tem o seu jeito de trabalhar o truque.
—Mas então por que as pessoas assistem se sabem que é um truque?
—Acho que no fundo as pessoas não gostam de saber como é o truque. Quer dizer, elas querem sair maravilhadas dos shows. O que importa é o show.
—Mas, será que não existe uma mágica de verdade? Fala o menino decepcionado.
—Eu conheço uma mágica de verdade. Diz o pai.
—Me mostra pai!
—No momento certo, eu mostro.
—Não pode ser agora?
—Não! No momento certo.
O tempo passou e certo dia o menino chegou chorando na sala de casa e o pai estava lá assistindo televisão.
—Por que você está chorando?
—Mamãe me bateu!
—Por quê?
—Por que eu sujei todo o meu quarto de tinta.
—E o que aconteceu depois?
—Ela me obrigou a limpar tudo.
—Se você já limpou, então por que continua chorando?
—Por que estou com raiva dela. Nunca mais vou gostar dela.
—Lembra quando te disse que ia te ensinar uma mágica de verdade. Chegou o momento.
Os olhos do menino brilharam. O pai aproveitando o momento, pediu ao filho que fechasse os olhos.
—precisa fechar os olhos pai?
—Sim.
Agora, pense em sua mãe e diga tudo o que ela tem de bom. O menino ouvindo aquilo, respondeu instintivamente:
—ainda estou com raiva dela.
Esqueça a raiva e pense só no que sua mãe faz de bom para você.
—Ela faz o café da manhã, limpa a casa, faz o almoço, conta histórias pra eu dormir, me leva para passear, me dá presentes...
—Agora pensa em um momento bem gostoso em que você estava junto com sua mãe?
—Foi no natal. Ela me deu um vídeo-game e me abraçou. Foi muito bom.
—Imagina ela te abraçando agora.
—Tô imaginando.
—É gostoso?
—Muito.
—Agora abra os olhos.
O menino abriu os olhos e perguntou:
—Mas qual é a mágica, Papai?
—Você ainda está com raiva da mamãe?
—Não.
Esta mágica é a maior mágica do mundo e se chama perdão.
—Mas o que é que ela faz?
—Ela faz desaparecer a raiva e o ódio que estamos sentindo pelas pessoas. Esta mágica chamada perdão, não é um truque, é mágica de verdade e o mais importante é que está ao alcance de todos. Qualquer um pode fazer esta mágica.
Ao terminar de falar o pai olhou para o sofá e percebeu que o filho já estava dormindo e os olhos remexiam, talvez estivesse até sonhando um sonho especial, daqueles que valem a pena ser sonhados.