O macaco sem compostura

O macaco engraçado

Pulando de um galho a outro

O macaco pula, pula

É o macaco Chico da minha avó

Macaco sem compostura

De dia não dorme direito

De noite fica admirando a lua

É um macaco ladrão de banana

É o tal macaco sem compostura

Minha avó já não agüenta

As caretas que ele faz

São caretas sem vergonha

São caretas feias demais

Esse tal macaco Chico

Foi presente do tio Tião

Que tinha um macaco em casa

Que se chamava Faiscão

Um dia chegou lá no sítio

O tio Tião desconfiado

Dizendo trazer para minha avó

Um presente muito engraçado

E sem muito que dizer

Foi logo mostrando o pacote

Dentro de uma linda gaiola

O macaco de muitos magotes

Era o Chico irmão do Faiscão

Macaco todo arteiro

Macaco metido a besta

Todo tempo maxixeiro

Minha avó nada disse

Se queria ou não o bicho

O macaco cheio de graça

Macaco cheio de macaquice

E num deslize de nada

O bichinho logo se soltou

Correu em busca das árvores

Levando o cachimbo do vovô

Deu cambalhotas, soltou gritos

De um galho para outro saltou

Viu uma penca de bananas

E sem cerimônia, logo, logo a devorou

Minha avó ficou louca

Pegou rifle e apontou

Atingindo bem no traseiro

O danado do bicho comedor

Mas de nada adiantou

Foi só pura animação

De uma a uma foi sumindo

As bananas da plantação

Meu tio Tião foi embora

Não quis mais o bicho levar

Foi um presente de grego

Que veio ele a minha avó ofertar

Deste dia em diante

Minha avó paz não teve

Fica o dia a planejar

Uma maneira de detê-lo

Pensou em várias armadilhas

Armou várias que falharam

Pensou em armar um plano

De prender o macaco salafrário

Ela arquitetou bem um plano

Para noite de lua cheia

Uma penca bela de amarelas bananas

Em plena noite que o terreiro clareia

Lambuzou todas de grosso mel

De guerreiras abelhas italianas

Abelhas todas em armado combate

Para ajudar a vovó bacana

Na hora que o tal macaco

Resolvesse comer a fruta

Iria levar tantas ferroadas

O dito cujo sem compostura

Não deu outra e foi certeiro

O plano da minha avó

Lá no meio do terreiro

Estava a penca totalmente só

Quando o danado do bicho veio

E roubou a primeira banana

Não deu tempo de pegar a segunda

As abelhas assanhadas debandam

O tolo macaco aperreado

Querendo delas se livrar

Correu em direção ao lago

Que não deu tempo alcançar

Ficou então todo ferroado

Sem poder se quer mais andar

Ferroaram os seus dois olhos

Seus pés, seu rabo e seu paladar

Mas o bicho ficou tão inchado

Que só você vendo para crer

O macaco sem um pingo de compostura

Ficou feinho, feinho de doer

Minha avó cheia de pena

Foi com dó o bichinho acudir

Fez fumaça para mandar embora

As abelhas e assim poder reagir

Cuidou dele até ficar bom

Hoje é o seu macaco xodó

Come banana o dia inteiro, o danado

No sítio da minha bondosa vovó.