A BELA ADORMECIDA
(conto de domínio público)
recontado por Rosa Regis

Num reino muito distante
Havia uma princesinha
Cujo nome era Aurora.
Nome que deu-lhe a Rainha.

Quando do seu batizado
O Rei, seu pai, prometeu
Sua mão a um belo príncipe
Filho de um amigo seu.

Na festa estavam presentes
Três fadas boas, madrinhas
Da jovem princesa Aurora,
Com suas mágicas varinhas.

Chamavam-se: Flora, Fauna
E primavera. Um dom
À princesinha ofertaram
Cada uma. Isso era bom.

Flora doou-lhe a beleza
E Fauna, uma voz bonita.
Porém na hora da última
Houve uma coisa esquisita:

Um barulho de risada
Terrível! Huá! Há! Há! Há!
Era uma outra fada:
Malévola – a fada má.

E, por não ser convidada,
Ela afirmou para o rei:
- Por não ter sido lembrada,
Uma praga eu jogarei:

- Ao fazer dezesseis anos
A princesa espetará
Seu dedinho numa roca
E em seguida morrerá.

Disse isso, e evaporou-se
Antes que a guarda real
A conseguisse prender,
Deixando pra trás, o mal.

Mas faltava ainda uma
Das fadas presentear
A princesinha. E ela
Fez o mal amenizar.

Pois Primavera interveio
Na praga da fada má.
Assim sendo a predição
Só em parte se dará.

“Não será sono de morte
O sono que ela há de ter,
Ela será despertada
Pela força do querer.

Um beijo doce de afeto
E o amor maior do mundo
Virão desperta-la um dia
Desse seu sono profundo”.

E o rei protegendo a filha,
Em seu reino decretou:
- Quebre-se e queime-se todas
Rocas de fiar! Falou.

Fauna, Flora e Primavera,
Decidiram por tomar
Conta da sua afilhada,
Tentando a praga evitar.

Dentro da floresta, numa
Cabana de lenhador,
As madrinhas se instalaram
E a criaram com amor.

Dezesseis anos se foram.
E, no dia do décimo sexto,
As madrinhas se juntaram
E, arranjando um pretexto,

Mandaram-na passear
Com um motivo bem tolo:
Só pra poder preparar
Para ela um belo bolo.

E andando pela floresta
A princesinha encontrou
O príncipe, seu prometido,
E por ele se apaixonou.

Mas a princesa pensava
Que era uma camponesa.
Morava com as suas tias!
Disto ela tinha certeza.

Assim, ela sai correndo
Daquele belo rapaz
Que, estando apaixonado
Por ela, corre-lhe atrás.

E faz que ela prometa
Que o irá encontrar.
Ela diz não, resistindo.
Mas, finda por aceitar.

E marca lá na cabana
Onde mora com as “tias”,
As fadas, suas madrinhas,
No finalzinho do dia.

Mas quando ela chega em casa
Lhe espera grande surpresa:
O bolo de aniversário
E... descobre que é princesa!

A descoberta lhe deixa
Triste, pois fica sabendo
Que já era prometida.
Isto a faz ficar sofrendo.

Nem imagina que o homem
Por quem se apaixonou
É o mesmo a quem seu pai,
Como esposa, a doou.

Enquanto isso, Malévola,
Que acabou descobrindo
Onde se encontra a princesa,
Para a cabana está vindo.

Chegando perto de Aurora
A chama e faz fitar
Uma luz verde e brilhante
Que a vai hipnotizar.

E por uma porta mágica
Da floresta a faz passar
Para, em seguida, com um fuso,
O seu dedinho furar.

Aurora já cai dormindo.
E as madrinhas, num segundo,
Pra proteger a princesa,
Fazem dormir todo mundo.

E voam para a cabana
Buscando o desconhecido
Que nada mais é que o príncipe,
Da princesa, o prometido.

Mas ele fora levado
Por Malévola, que o venceu
Depois de uma grande luta
E num calabouço o prendeu.

Mas Primavera descobre
Onde o príncipe foi parar,
Enfeitiça a guarda e o solta
Para a princesa ir salvar.

Malévola e as fadas boas
Enfrentam-se, afinal:
As fadas defendem o Bem
E a bruxa defende o mal.

Com a espada da verdade
Que ele ganhou de presente
Das fadas boas, o príncipe
Vence a luta, finalmente.

A bruxa má que virara
Num dragão, se evapora
Consumida pelo mal.
E o príncipe salva Aurora

Com um beijo de amor.
Daquele sono profundo
Ele a tira. E nos seus braços
A traz de volta ao seu mundo.

Sendo desfeito o feitiço
O reino todo acordou.
E a princesinha, feliz,
Com o seu amor se casou.



Natal/RN – 06 de setembro de 2008.