O RAPTO DA PRINCESA

Em outros tempos, a filha do rei Lumar, ao sair a passeio, foi presa por um feiticeiro. O rei das terras, onde a princesa estava presa, percorrendo seu território, viu a menininha, soltou-a permitindo que ela voltasse para o seu castelo. A menina chegou. Estava muito suja, assustada e chorava muito. O rei Lumar, preocupado, perguntou à filha o que tinha acontecido. E a menina, soluçando alto, respondeu.

- O rei me prendeu, amarrou meus pés e mãos...

O rei, que era muito ponderado, ficou pensativo. Ele não conhecia o soberano daquelas terras, mas sabia da sua fama de bondoso e justo. Como poderia ter cometido uma barbaridade daquelas. Não. Prender uma princesa é um ato de insanidade que pode resultar em uma guerra. O povo ficou revoltado quando soube do seqüestro da princesinha.

O rei Lumar, antes de tomar qualquer providência, resolveu investigar o ocorrido sem a presença do seu exército. Não ia agir por impulso, isso nunca. Sendo mágico, transformou-se em uma mosca azul e, à noite, entrou nos aposentos do rei Tízio. Pousada na cortina, a mosca azul esperou o cair da noite.

A noite chegou. Enquanto o criado arrumava o leito real, o casal conversava sobre os acontecimentos daquele dia.

- Sabe, querida, hoje eu encontrei uma garotinha presa em uma gaiola pelo feiticeiro da montanha. A coitadinha estava tão assustada que me doeu o coração. Então eu a libertei para que ela voltasse para casa.

- Querido, você precisa expulsar esse feiticeiro de nossas terras. – disse a rainha, enfatizando a palavra expulsar.

- Acho que tem razão, querida. Os atos desse maluco podem desencadear um conflito entre nosso reino e os vizinhos. – completou preocupado o rei Tízio.

O rei Lumar, na forma de mosca azul, ouviu tudo e, assim que amanheceu ele voou de volta para o seu castelo. Chegando, já na forma humana, ele ficou espantado com o que viu. O exército estava preparado para atacar o castelo do rei Tízio. O povo, em passeata, gritava por justiça pedindo a prisão do rei desnaturado.

- Meu Deus! – exclamou Lumar – Ainda bem que cheguei a tempo de evitar esta loucura...

Com a presença do rei, exército e povo ficaram calados. Lumar, nervoso, disse:

- Vocês têm ideia do tamanho da bobagem que estão prestes a fazer?

- Majestade, a princesa foi presa pelo rei...

- Quem lhe deu a certeza? Tem provas que possam incriminar o rei Tízio? Por acaso o general investigou? – questionou o rei Lumar – Como pode crer em aparências?

- Bem...bem... – gaguejou o general do rei.

Então o rei explicou tudo. Repreendeu, severamente, o seu exército e o povo mostrando a eles que um ato impensado pode gerar a destruição de um país. Juntando-se ao rei Tízio, Lumar cedeu parte do seu exército para ajudar na captura do feiticeiro da montanha que, muito esperto, fugiu para bem longe jurando nunca mais pôr os pés naquelas terras. Lumar e Tízio tornaram-se grandes amigos dividindo tudo para que seus reinos prosperassem em paz.

E assim, crianças, a sabedoria de um rei evitou uma guerra destruidora. A sabedoria, a cooperação e a justiça são os ingredientes para instalar a paz no universo.

28/08/08

(histórias que contava para o meu neto)