Biografia de um rio
O rio era o mesmo das outras histórias. Lindo e com suas águas cristalinas, continuava correndo rumo ao mar.
Qual mar ele não sabia, mas sabia que desembocaria em algum, fazer o que, destino de rio é sempre o mesmo: Correr, correr, correr e entregar-se ao mar na confiança de um dia chover rio novamente.
Bem, o caso é que esse rio viu o sapo que virou príncipe e muitos príncipes que viraram sapos, mas que os contos de fada nunca contaram justamente para não acabar com o encanto que sempre encantou tantas princesinhas, principalmente as mais feias que ficavam encalhadas e a espera do tal príncipe encantado que nunca chegava.
Mas o rio, nosso rio, um dia chorou ao ver que estava morrendo com uma coisa que os homens chamavam de poluição. Contra esse inimigo o rio amigo não conseguiu lutar e daí, numa tarde de primavera que tinha tudo pra ser linda e cheia de vida, ele fechou seus olhos d’água e disse adeus a vida.
E toda vida que vivia nele também, muito triste com a morte do rio amigo que era cheio de histórias verdadeiras de sapos príncipes verdadeiros e encantados, de tristeza morreu junto com ele.
Esse foi um dia muito triste mesmo e eu só sei dessa história porque as espumas assassinas com seu riso maquiavélico tomaram conta do desencanto que abraçou até mesmo os mais incrédulos e hoje, o rio dos encantos que levava a vida, é levado acorrentado pela morte que continua buscando algum mar.