CRIOULO, O MELRO"
Em sua cor inspirada,
De Crioulo lhe chamei.
De belo não tinha nada.
Meu melro que tanto amei...
Pássaro mais fascinante,
Juro,jamais vislumbrei!
Se beleza lhe faltava,
Tinha ares de um rei!...
O seu canto mavioso,
De tão raras melodias!
Ecoava majestoso...
Qual divina sinfonia!...
Era manso e não voava,
Quando solto pela casa,
Livre, andava pelo chão!...
Às vezes me intrigava,
Francamente, eu jurava!
Ver em forma de uma ave,
O espírito de um cão.
Sempre que à mesa eu estava,
E as crianças ajudava,
Com os deveres, a lição...
Se sentindo desprezado,
Ele vinha disfarçado...
Assustáva-me,o danado!
Quando bicava meu pé.
Aí,deveras zangada,
Com ele - séria ralhava!
Á chamar sua atenção...
Mas ele nem me ligava...
Com a cabeça inclinada ,
Só querendo um cafuné.
Outras vezes eu brincava...
Escondia-me lá na sala,
No quarto, por todo o canto!
Sempre atento e curioso,
No seu passo cauteloso,
Ele vinha me achar...
E tudo virava alegria,
Quando enfim, me descobria!...
Atrás da porta eu lhe sorria,
Em suspense a lhe esperar.
Depois de tanta proeza!
Precisava com certeza,
De um agrado, um carinho...
Um afago bem gostoso!
Pra ele todo dengoso,
Adormecer de mansinho,
Ficar de papo pro ar...
Essa vida tem mistérios...
Difícieis de decifrar!
Pois, conforme os seus critérios,
Até os bichos são amigos!
Também eles, sabem amar...