O castelo assombrado
Num final de semana, os pais de Gabriel e Isabela resolveram fazer um passeio diferente.
Fizeram as malas, pegaram os filhos, o cachorro Dudu e ganharam estrada sem destino certo em busca de aventura.
Depois de ter rodado o dia todo e já cansados, desanimados e arrependidos por saírem sem um planejamento, avistaram no alto de uma colina, um enorme castelo só um pouquinho iluminado.
Não tiveram dúvidas! Todos concordaram em buscar abrigo e pouso naquele lugar, afinal, a fome e o cansaço era tanto que até Dudu concordou latindo e abanando o rabo.
Estava uma noite muito fria e chuvosa e chegar até a porta do imenso castelo não foi nada fácil, pois o pequeno caminho que levava da estrada até o topo da colina estava escorregadio pela lama e coberto de mato. Mal conseguiam se enxergar devido a escuridão da noite, o que salvou foi Dudu e seu faro, que apurado como era, os levou rapidamente até o que pensavam ser o local de um descanso seguro.
Parados em pé diante da enorme porta, puxaram uma corda que deduziram ser a campainha e eis que um estridente grito foi ouvido fazendo eco por todo o vale.
Dudu que era tão valente, com o susto que levou foi parar debaixo da saia da Isabela enquanto Gabriel ficou ali, parado e durinho de medo. Diante disso tudo a porta se abriu rangendo como se não fosse aberta há muito tempo e apareceu um velho muito magro, alto e tão branco que quase se via através dele, seu nome era Adamastor e os recebeu como o mordomo do castelo.
Muito educado, Adamastor convidou a família para entrar e ouvindo a história de que estavam perdidos, molhados, cansados e famintos, os hospedou com muita gentileza e nobreza convidando-os para passar a noite ali.
Gabriel e Isabela preferiram dormir no mesmo quarto. A cama era enorme, tudo ali era enorme... Eles começaram a brincar de tudo quanto era jeito, afinal aquele quarto era maior que o quintal da casa deles.
Brincaram, brincaram e já exaustos, deitaram na cama e olhando pro teto começaram a contar as teias de aranha que eram muitas e assim começou a disputa de quem contava o maior número de teias, até que de repente, a maçaneta da porta começou a girar.
Eles se levantaram rapidamente e sem fazer barulho se esconderam dentro do armário.
A porta se abriu e por ela entrou um esqueleto com cara de caveira horrível. Os dois mal podiam acreditar no que estavam vendo e Dudu que estava com eles escondidinho dentro do armário, arregalou os olhos e até babou ao ver tantos ossos juntos e num só pulo, lá estava o cão com um dos ossos do esqueleto na boca. Do buraco da boca da caveira saiu um grito e pasmem, ele começou a chorar lágrimas de pó.
Gabriel e Isabela saíram de dentro do armário ainda com um misto de medo, perplexidade e sem entender nada, pois, o tal estava sentado na cama sem o osso da canela – esse estava na boca do Dudu – e com cara de desilusão.
Isabela foi logo devolvendo o osso que tomou do cachorro e pedindo desculpas. Depois de encaixá-la no lugar, a caveira se apresentou como Rebeca, a dona do lugar e lhes contou que há muitos séculos não tinha ninguém para conversar, exceto Adamastor, o zumbi que além de mordomo era seu único amigo.
Ouvindo toda a história de Rebeca, Isabela e Gabriel resolveram reunir todos para uma reunião de emergência, afinal o assunto era de extrema urgência.
Sentaram-se ao redor da grande mesa da biblioteca e as crianças, primeiro explicaram aos pais o acontecido. Como todo bom adulto, eles não acreditaram na história dos filhos e já estavam para começar a bronca quando Rebeca e Adamastor entraram no recinto.
Depois que voltaram do desmaio e do susto e já a par da situação, os pais das crianças, também penalizados com tamanha tristeza que aquela solidão de Rebeca e Adamastor representava, resolveram encontrar uma solução para o problema. Foi então que surgiu a grande idéia.
Todo o castelo passou por uma bela reforma e faxina.
Já estava todo iluminado e decorado para a grande festa de Hallowenn que estava quase para acontecer e que prometia ser a maior e mais bela festa de toda região, afinal, aquele castelo era objeto de grande curiosidade de todos porque nunca ninguém tinha visto ou ouvido falar de alguém que morasse ali e também era foco de histórias que o povo inventava de assombrações.
Gabriel, Isabela, seus pais, Adamastor, Rebeca e até mesmo Dudu mandaram convites para toda cidade e capital, todos que haviam recebido o convite confirmaram presença.
Os convidados foram chegando, todos fantasiados com o tema da festa. Eram pessoas fantasiadas de bruxas, fadas, vampiros, caveiras, mas ninguém tão bem caracterizado quanto Adamastor e Rebeca que acabaram fazendo amizade com todos os convidados, o que foi a alegria maior não só deles como também das crianças e seus pais que criaram essa festa com esse mesmo objetivo.
Aquela noite ficou gravada na memória e no coração de todos e até hoje Gabriel, Isabela e Dudu passam férias no “Castelo Assombrado” que depois da festa foi transformado em um acampamento de férias, assim, Rebeca e Adamastor nunca mais se sentiram sozinhos.