O ENTERRO DO SAPO - Cap. V
Menina ficou curiosa e perguntou por que o garoto queria ver a árvore por dentro.
_ O que você acha que tem naquela árvore? Ela é só uma paineira onde moravam passarinhos, não tem mais nada lá.
_ Tem sim! Eu já vi um calango entrar no buraco que tinha no sovaco da árvore. Agora eu quero ver a casa dele.
A árvore, antes de ser atingida pelo raio, tinha os galhos voltados para cima, como braços estendidos para o céu. Num deles, particularmente, havia uma reentrância semelhante a uma axila.
Liviva começou fazendo ironia com o que ele dissera.
_ Vamos sim! Primeiro nós vamos ver se o sovaco da árvore sente cócegas. Depois eu estou louca pra ver como são os móveis, a cama, tudo o que tem na casa do calango. Vai ver, as cadeiras têm buracos para quando ele sentar, meter aquele rabo verde. Deve ser engraçado mesmo.
Enquanto ela falava, Zico percebeu que a irmã estava fazendo molecagem e se zangou.
_ Então você não vai lá! Eu sei que tem uma casa de calango e pronto.
_ Não, seu bobo! Calango não tem casa, tem toca! - afirmou Liviva.
_ Toca é a casa de bichos! É a mesma coisa...
_ Não é não! Depois você vai ver, é diferente! Casa é só de gente.
_ Casa não é só de gente. Tem casa de cachorro, tem casa do curral de vacas, tem até casa do chiqueiro de porcos. Todo mundo tem casa.
Menina achou que a discussão sobre casa já estava aborrecendo e os interrompeu. Estava na hora de voltar ao posto na janela. A irmã mais velha, sempre calada, retirara-se para o quarto que compartilhava com a avó. Menina achava Latide muito estranha e