O ENTERRO DO SAPO - Cap. II
Curiosa, aproximou-se da avó e perguntou por que fazia aquilo. Sinhá Doninha ignorou-a. Maria pacientemente explicou:
_” É pru modi acarmá a tempestade! Ela joga a água mansa na tempestade pra modi acarmá...”
Menina prosseguiu:
_ Uê! Eu não sabia que a gente deve molhar a chuva quando tá com medo. Quem foi que disse isso pra vovó? Molhar a chuva é a coisa mais boba que eu já vi. A chuva não tá com sede nem nada...
_” Fica quieta Menina! A vó doceis tá rezano. Num atrapaia” - Pediu a moça.
_ Eu só quero saber por que ela está fazendo isso. Quando o papai chegar do trabalho eu vou perguntar pra ele. Aposto que isso é besteira. Eu queria sair daqui e olhar a chuva.
A opinião do pai era muito importante para Menina. No seu entender, ele sabia de todas as coisas. Nenhuma pergunta que fizesse a ele, ficava sem resposta. A avó, quando consultada, dava respostas que não faziam sentido. Esta era a opinião da garota. Também a avó não era de dar muita conversa pra ela, preferia, ostensivamente, os outros netos. Menina olhou pras irmãs e viu que elas continuavam estáticas e com as caras de patetas. Impaciente cutucou as costelas do irmão, e falou baixinho:
_ Zico! Vamos sair daqui! Eu não quero ficar vendo essa reza. A vovó está igual galinha d'angola, toda assustada. Nós vamos ficar aqui parados como bobos?
O garoto, mais prudente, respondeu.
_ Não é reza não! É só a vovó com medo da chuva. Se a gente sair ela vai brigar.
_ Ela nem vai ver. Tá ocupada jogando copos de água pelas janelas. Não vai ver nada.