A caixa misteriosa
A caixa misteriosa
Era quase fim de tarde, um barulho de gente indo e vindo apressada para chegar em casa: Carros, buzinas, motos, bicicletas e pedestres se confundiam em um amontoado de gente nervosa: trabalhadores, estudantes, flanelinhas, enfim, homens, mulheres, crianças cansados de trabalho, estudo e diversão.
O homem ia passando pela rua e de longe avistou algo que chamou sua atenção. Um objeto forrado em papel lustroso, chamativo, ali, no meio, no centro da rua chamando a atenção de quem passasse por lá naquela hora. Olhou para um lado, olhou para o outro querendo perceber se mais alguém observava o objeto que era, agora, fruto de sua cobiça e como não vendo mais ninguém a olhá-lo, aproximou-se e viu o que era.
O homem encontrou uma caixa.
Rapidamente tratou de segura-la, agarra-la, de dizer que agora, aquele objeto que estava, ali, largado, solto, sozinho no meio da rua em que o homem vinha passando, tinha dono, era dele. Daquele momento em diante, a coisa era diferente e que ninguém se atrevesse a querer que fosse diferente.
Essa caixa era quadrada. Para ser quadrada ela tinha que ter... Isso mesmo, para ser quadrada tinha que ter os quatro lados iguais. Pois bem. Na parte de cima da caixa tinha um furo. Esse furo era redondo, imagine, um furo redondo, na parte de cima da caixa quadrada, pode ou não pode? Se a caixa era quadrada, qual era então o lado de cima da caixa? E quantos lados a caixa tinha na verdade?
O homem curioso, antes mesmo de examinar melhor o que era aquela caixa ou se tinha dono além dele, é claro, para ele achado não era roubado, logo colocou seu olho naquele furo para ver o que tinha dentro daquela caixa. Olhou, olhou, olhou e... O que você acha que o homem viu? Você pode me dizer? Pode? Ele começou a olhar, olhar e achou estranho! O que será que aquele homem viu que o deixou tão estranho? Você acha que ele agiu corretamente, fez certo, encontrar uma caixa e logo ir olhando o que tem dentro dela?
Depois de tanto olhar ele começou a sentir o peso da caixa. Passou par uma mão, passou para a outra, segurou com as duas, esticou os braços, abraçou a caixa, fez sinal que, desfez o sinal... Você acha que a caixa era leve ou pesada? Lacrada ou com alguma abertura? E no interior da caixa? Era claro ou escuro? Ao colocar o olho no buraco, ver o lado de dentro da caixa, o homem fez uma cara esquisita. Como é uma cara esquisita? Uma cara esquisita é feia ou bonita? É triste ou alegre? Você, você que me olha, pode representar para mim uma cara esquisita?
A cara esquisita do homem com caixa na mão chamou a atenção de outras pessoas que passavam pela mesma rua que o homem passara, encontrara uma caixa e tomado de súbita curiosidade foi logo bisbilhotado e olhando o que tinha no interior da caixa.
A confusão estava formada. Juntou o vendedor de picolé, o homem do sorvete e do gelé, a criança vendedora de balas e dindin. Chegou o homem da água de coco, o vendedor ambulante, o menino engraxate, pense, um outro já acionara a imprensa e flash, câmera, repórteres, agora disputavam lugares para que se pudesse pegar um bom ângulo. Daí a pouco uma multidão de curiosos já tinha se formado. Um logo tratou de inventar um jogo e logo, logo estavam todos apostando, tentando adivinhar o que tinha dentro da caixa, pode?
Se você fosse chamado para anunciar as apostas, como você faria? E se fosse apostar, qual seria seu palpite?
O homem sacolejou, sacolejou a caixa, olhou para a multidão, fez novamente uma cara esquisita, tornou a olhar pelo furo, sorriu, fez cara de choro e resolveu atirá-la no meio da multidão. O que você acha que aconteceu? A multidão parou para ver onde cairia a caixa? Alguém pegou a caixa ou deixou a caixa cair no chão? Se alguém pegou a caixa, o que aconteceu? E se você pegasse a caixa, o que você faria? E se a caixa tiver caído no chão, o que terá acontecido com ela? E o homem, depois que se livrou da caixa, foi embora ou ficou esperando a reação da multidão? Contou o que tinha visto para outras pessoas?
O alvoroço foi grande, quando menos se espera , era gente correndo para todos os, o lema era o já tão conhecido: “Salve-se quem poder”. Crianças subindo em árvores, mulheres escondendo-se por trás de árvores e ouros mais fervorosos teciam suas orações achando ser um ato terrorista ou o sinal dos fins dos tempos vindo, sabe-se lá de onde, dentro de uma caixa misteriosa, anunciar que já era chagada a hora de tudo acabar.
E se esse homem que vinha passando na rua, que encontrou a caixa, que percebeu que a caixa era quadrada, que tinha um furo, que colocou o olho para descobrir o que tinha do lado de dentro da caixa, que sacolejou a caixa e depois arremessou a caixa no meio da multidão, fosse você? O que você acha que faria com a caixa? E com o que tinha dentro da caixa?
Assim como você, também sou curioso, conta para mim, conta.