A MENTIRA DA GARÇA
A MENTIRA DA GARÇA
Em um lindo lago
Agitado mais que parado
Repleto de peixinhos
Grandes e pequenos
Magros e gordinhos
Voava e revoava
Olhava e voava
Revoava e tornava a olhar
A grande e branca garça
Solitária e grande
Faminta e branca
Há garça!
Graciosa garça.
Pousando sobre o lago
Passa horas a observar
Peixes pulando
Peixes saltando
Todos eles
O dia saudando
E sem emitir um só grasno
Sua presença é notada
_Cuidado com a garça
Gritam do meio do lago
De repente!
Peixes saltando
Peixes pulando
Não para o dia saudar
Mas,
Para da garça escapar
Nadando, nadando todos
Ao fundo Vão chegando
Como alguém que entende
Um recado dado
Ela abre elegante
Suas asas mais que grande
Salta no vazio
Voando sobre o lago
_Amanhã eu volto
Deixando um alto
E o Sonoro Grasno.
A noite vai caindo
Graciosa e paciente
A garça no seu ninho
Aguarda ardentemente
O raiar de um novo dia
Que chega se aproximando
Devagar quese parando
Sem alarde anunciando
A hora está chegando
_Vou pro lago, vou voando
_Minha idéia anunciar
_O meu plano declarar
_Que peixinhos vou almoçar.
Em quanto isso lá no lago
Mais parado que agitado
Peixes e peixinhos
No fundo aprofundados
Comentam entre si
_A garça esteve aqui
_Pousou e observou
_Bateu asas e voou
_Com certeza vai voltar
_Bem atento, cada um deve fivar.
Nem bem amanheceu
E a garça apareceu
Seu estomago roncando
Os peixinhos à boicotando
Não querendo cooperar
Só restando a dona garça
com paciência esperar
Há garça!
Astuta garça.
A noite vai subindo
Rapidinho rapidinho
Pensa esfomeante
A garça estonteante
_Vou voando pro ninho
Alça um voo elegante
Grasna alto
A garça exuberante
Outra noite que termina
Novo dia que se chega
Se levanta dona garça
Bate as asas lá de cima
Com surpresa é surpreendida
E do lago se aproxima
A grande garça branca
Solitária e grande
Faminta e branca
Há garça!
Faminta garça.
Os peixinhos lá do lago
Esquecendo o perigo
Vão deixando se levar
E chegando mais pra perto
Até com ela dialogar
Que astuta e oportuna
Não vai deixar passar
Sua isca vai jogar
E um peixinho vai fisgar
_É verdade verdadeira
_Eu voava lá em cima
_Lá de cima é que eu via
_Pois no meio deste lago
_Vai passar a rodovia
A notícia foi um choque
Trouxe grande correria
Peixes grandes e pequenos
Peixes magros e gordinhos
Verdadeiramente era grande a esteria
De repente um peixinho
Mais medroso que afoito
Com a garça fez acordo
Espalhou-se as boas novas
Divulgou-se a notícia
Que a garça sua "amiga"
No seu bigo o levaria
Pois além do horizonte
Outro lago haveria.
A notícia com alarde
Trouxe grande euforia
Quem sabe a dona garça
Em seu bico levaria
Cada um por sua vez
Respeitando-se a fila
Com louvor naquele dia
O acordo foi firmado
Pro outro dia confirmado.
Dona garça elegante
Abre o bico exuberante
Pois na fila indiana
Os peixinhos inquietantes
Vão pulando e vão cantando
O dia é marcante
_Quem diria que um dia
_Uma garça graciosa
_Da morte nos livraria
_Viva! Viva! Viva
Um dia que se vai
Outro que se vem
A cena se repete
A garça num vai e vem
Alegre e contente
De manhã, a tarde e anoitinha
A refeição está garantida.
Nun lugar não muito longe
Mais perto que distante
Um amigo bem presente
O carangueijo "Salvador"
Aquele história escultou
E da garça desconfiou
Decidiu investigar
E para lá se encaminhou
_Dona garça por favor
_Esta história é um horror
_Se uma estrada neste lago vai passar
_Eu aqui não vou ficar
_É simples de fazer
A garça replicou
_Se aqui não quer ficar
_No meu bico é só pular
Duas vezes não pensou
O garangueijo Salvador
E certeiro como sempre
No seu bico segurou
_Voa voa dona garça
_Bate as asas sem parar
_Que do altoeu quero ver
_O que está prá acontecer
E a garça alça voo
Imaginando o cardápio
Tão gostoso variar
As horas vão passando
A garça dissimula
O carangueijoa a observa
Que estrada mais que nada
É mentira dessa garça
_Dona garça, dona garça
_Sua história é absurda
_Nunca lhe disseram que a mentira
_Tambérm tem a perna curta?
Sentindo o perigo que de perto a rodeia
Dona garça bem legeira
Passa longe do seu ninho
Tudo que eu quero
É me livrar desse individuo
Sobe e desce, desce e sobe
Gira gira sem parar
E no final de tudo ele ainda está lá
Pendurado ao seu bico
O carangueijo Salvador
Agarrando seu pescoço
Num aperto mui voraz
Fala a graça a grasnar
_Calmo ai, o ar vai me faltar
_Quem mandou você
_Meus amigos enganar?
E num espiral fatal
Começa a girar
Dona garça sem parar
Tudo fica escuro
Chega o fim do mundo
O tombo é cruel
Despenca a garça lá do céu
_Parabéns óh Salvador
_Tudo terminou
_Pois hoje com louvor
_Cumpriste o seu papel
_Da Garça nos livrou
Da grande garça branca
Branca e faminta
Faminta e estuta
Branca e grande
Há garça!