Revolução nas Matas do Norte
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João e Maria, após muitos anos de trabalho e poupança resolveram construir a sua casa.
Vendo de que forma construiriam, sem poluir a mata, mandaram chamar o compadre Castor e a sábia Coruja.
Resolvendo os impasses e as diferenças, o compadre Castor deu o rol de materiais e acordou o seu serviço.
João e Maria então discutiram a relação e decidiram ir as compras.
João: Maria é melhor você me ajudar em casa, enquanto eu vou as compras do material, pra começar a construção de nossa casa.
Maria: É João, providencie tudo, sem esquecer de pechinchar.Pois homem é tudo igual, nada decide, sem nos perguntar.
Narrador: João ia seguindo resmungando o comentário da irmã, quando a D. Coruja que ainda estava por ali, sem querer interromper, mas já interrompendo a conversa alheia disse:
- D. Coruja: É João, faça as suas compras, mas não esqueça a Nota Fiscal, pra contabilizar os custos e ter a garantia do imposto recolhido ao governo.
- João: Com todo o respeito D. Coruja, a senhora está ultrapassada. Ninguém nessa mata paga imposto para o governo.
- D. Coruja: Eu pago os meus impostos, pois é com ele que o governo faz as suas obras.
- João: Tudo bem, mas o que ele fez até hoje aqui na mata? Só o que conseguimos ver foi os outros governantes desfilarem nos arredores com carro conversível, morar num apartamento de luxo, assistir a Tv a cabo, promover concursos públicos para os seus amigos e ainda viabilizar obras superfaturadas.Sem falar nos serviços de atendimento de péssima qualidade.Portanto, não me venha dizer que o Sr. Macaco será diferente.
- Coruja: Ora seu!...você não pode julgar sem conhecer, o rapaz mal assumiu. Precisamos dar crédito, ou melhor, contribuirmos também para que a sociedade garanta o direito a todos na mata.
- João: Ah!Ah!Ah! Ta bom, ta bom.Tchau, Sra. Coruja! Estou com muita pressa.Mais tarde a gente conversa, pois tenho que comprar e entregar o material pedido pelo sr. Castor, para a construção da minha casa.
Narrador: Assim João seguiu ao comércio local para fazer as suas compras.
João: Bom dia Sra. Raposa! Já vim do comércio do Sr. Coelho e me parece que aqui nesse estabelecimento, o cimento, a madeira, os pregos e as telhas estão mais baratos.
Raposa: Bom dia! É Sr. João as coisas aqui são sempre mais baratas. De tudo eu vendo, só que não dou nota fiscal.
João: tudo bem! Não se preocupe, não estou exigindo esse papel. Não me serve de nada. Não é meninos?
Raposa: Sr. João, não tenho tudo, mas conheço um cara naquele estabelecimento, ali adiante, bem próximo àquela ressaca poluída.
É o Sr. João Ratão, ele tem o restante do material a preços módicos. Mas vou lhe avisando, que ele também, não dá nota fiscal. Está bem assim!
João: Está ótimo, muito obrigado! Até a próxima!
Narrador: João sem se importar com a nota fiscal vai a busca dos outros materiais restantes, que complementavam o seu rol.
Já em outro estabelecimento:
João: Bom dia!
João Ratão: Bom dia.. O que deseja?
João: A Dona Raposa me mandou aqui com o Sr. Para aviar o restante do meu material, caso o Sr. Ainda tenha!
Narrador: O Sr. João Ratão, meio que desconfiado. Olhou de um lado para outro e tirando as suas dúvidas exclamou:
J.Ratão: Ufa! Agora sim, por pouco pensei que era o fiscal do governo.
João: Não, não.Eu vim aqui para comprar o resto do material que me falta para a construção de minha casa. E precisa ser entregue ainda hoje.
J. Ratão: A Raposa deve ter dito que não dou nota fiscal, né!
João: Sim senhor, e até aprovo, pois o governo não faz nada!
Narrador: João Ratão desatou num riso sarcástico dizendo:
-João Ratão: Ah!Ah!Ah! Isso é que é cidadão. Faz da cidadania, justiça com as próprias mãos. Vocês também fazem assim não é criançada?Mas deixe-me ver a lista.
Narrador: O vendedor esperto passou vista na lista e mais do que depressa aviou o material, recebeu o dinheiro, contabilizou os lucros e mais uma vez o governo saiu perdendo.
João e Maria construíram a casa, estavam felizes, mas logo sentiram os problemas da mata assediarem ao redor. Os salários atrasaram, as obras nas pontes nem iniciaram, a escolinha de velha desabou, começou a faltar luz, os rios apresentaram maior poluição, os cipós das árvores não ofereciam segurança, as árvores velhas caiam com as chuvas fortes, o caminho começou a fechar e como se não bastasse, a falta de empregos, o inverno aos poucos se alojava à noite. De forma que todos os bichos da floresta, descontentes começaram a reclamar da administração do Macaco.
Cigarra: Meus amigos, já nem posso cantar em segurança, tenho medo de a qualquer momento cair com essas árvores mal conservadas.
Formiga: Com essas chuvas rasas, a nossa casa fica inundada e ninguém faz nada por aqui.
Macacos: Apesar de nós elegermos o nosso parente temos também o direito a reclamar, que os cipós, umas das prioridades em campanha estão causando muitos acidentes, com vítimas fatais.
Cuca: Quando eu era governo, apesar das queixas, alguma coisa se fazia, agora nem isso. Precisamos tirar o mico do palácio.
Sapo: É isso aí, precisamos eleger um representante de peso, pra reivindicar os nossos direitos no governo.
Raposa: Todo tempo é assim, o governo só é de passagem. Fica com o dinheiro dos nossos impostos.
João Ratão: Concordo plenamente. Precisamos tirar esse macaco. Ele só quer o poder pra pousar pros jornais e revistas. Vive nos sugando, nos obrigando a pagar esses impostos e os serviços são de péssima qualidade.
Coelho: Acho que estamos precipitados gente.O governo somos todos nós. Vocês não acham crianças? E apesar do que disseram, poucos aqui estão com o seu imposto em dia, como eu.
Narrador: Após essa declaração o fuzuê armo-se.Foi uma grande confusão, só acalmada quando o João falou, obtendo da maioria o apóio.
João: Mesmo assim, nunca vi governo nenhum investir. Aliais, a nossa escola está caindo. E o pouco que tinha agora vai parar. Precisamos revolucionar! Eleições já!..
Narrador: Todos gritaram, cantaram e no final das contas, acabaram por eleger uma comissão liderada por João, que todo empolgado foi em direção da casa do governador e soltou o verbo.Mas, quem diz o que quer ouve o que não quer, e foi entrando passando pela sala da secretária a Sra Coruja:
-João: Bom dia Sra Coruja!
Coruja: Bom dia, João. Espere a onde você vai?
- João: Pelo visto à senhora não foi à reunião, ontem à noite!
- Coruja: é, mas a rádio cipó já se encarregou de avisar. É que eu estava um tanto ocupada em refazer os projetos, inviabilizados de serem realizados por causa da falta de verba.Espere, você não pode entrar assim!
- Coruja: tudo bem.Já entrou mesmo!
Narrador: O Sr. Macaco já sabendo pela rádio cipó, do assunto a ser abordado. E também pela mesma rádio, quem paga os impostos. Preparou-se e esperou os argumentos de João.
- Macaco: Bom dia! Sr .João em que podemos servi-lo?
- João: Senhor Macaco, se realmente você soubesse, não haveria razão de estar aqui!
Narrador: João falou, falou hora a fio, até que o Sr. Macaco se aborreceu e consubstanciado pela Sra. Coruja que entrou, de súbito disse:
- Macaco: Meu bom amigo João! Sei que as coisas na mata não estão boas.Mas nada posso fazer, pra atender as suas e as reivindicações dos seus amigos!
- João: Como? Não pode! Isso é o maior absurdo, que já disse um governo aos seus leais súditos! E se isso for verdade, acharia bom você pedir pra sair, ou então pediremos o....!
- Macaco: Ou então o que Meu amigo? você é a última pessoa que poderia cobrar algo de nós. Você vem soberbamente a esta casa, me pedir o que não posso fazer por culpa de vocês. E ainda tem a cara de pau de falar que vai pedir o meu impicheman. Esse sim é o grande absurdo!
- Crianças João pede a nota fiscal em suas compras?
- João Ratão e a Raposa repassam ao governo o imposto?
- Veja por você João, todo aqui sabem que você não pede a nota fiscal e aqueles que você representa, em sua maioria, são sonegadores de imposto.Agora querem exigir, que se façam melhorias em sua comunidade. Como vou manter a organização na mata se você não paga o imposto devido?
- Crianças todos aqui pedem a nota fiscal?
- Meu amigo caia na real, sem imposto recolhido, sem dinheiro pra investir. E se você não aprendeu, todos os recursos oriundos do imposto, que acontecem nas suas compras de mercadorias e serviços, sob a nota fiscal tão rejeitada, e´que garante o recolhimento do imposto. A fim de podermos, com esse dinheiro abrir as ruas, garantir a firmeza dos cipós, despoluir os rios, garantir os serviços e o lugar do seu filho na escola, dentre tantas coisas mais.
- João: É, mas, nas administrações anteriores nada se fez!
- Macaco: Não tenho nada com a administração anterior. O passado só serve se for fazer o presente evoluir. Então meu amigo procure ajudar.
- Exigindo os seus direitos, quando os tiver, já é de grande colaboração, faça a sua parte, pra eu poder fazer a minha!
Narrador: João caindo em si, em tempos, ao invés de representar o conselho da mata fez denuncias ao governo, do comércio ilegal perto da ressaca, que imediatamente acionou a D. Onça e desestabilizou aquele comércio ilegal. Prendeu os sonegadores e juntamente com a D. Coruja e a equipe do Programa de Educação Fiscal procuraram orientar melhor os residentes da mata, para que o Macaco pudesse administrar melhor.
Dizem até que, o Macaco foi reeleito, pois apresentou a melhor administração do dinheiro público.