ROUBARAM O SOL
Numa manhã, os caminhões começaram a tirar terra do terreno baldio onde ficava o campinho.
Os meninos da rua acharam graça.
Poderiam escorregar pela lama que se formava pela retirada.
Planejaram um rampa de skate, um tobogã de barro.
Podemos chegar no Japão? Indagou um menorzinho achando que o outro lado do mundo era logo no fundo daquele buraco.
Viram alguns dias se passarem no ritmo frenético das retroescavadeiras que finalmente foram embora.
O campo ficara muito fundo e tinha um rio lá embaixo.
E logo perceberam que não poderiam descer para jogar bola.
Colocaram cercas que impediam a entrada das crianças.
Começaram a chegar caminhões de cimento.
As crianças tiveram que brincar em outros locais.
O prédio subiu rápido.
Vieram muitas crianças que eles viam brincar, confinadas no pequeno play-ground e não brincavam com os meninos da rua.
Enquanto cresciam, se lembravam que o prédio lhes tinha tirado o campinho e, infelizmente, o Sol que as crianças do prédio não conheciam muito bem, porque não bate em todas janelas.