Infância
Era o tempo que eu esticava minhas pernas
no banco traseiro do carro
e dormia sossegadamente
Era o tempo que podia falar tudo sem pensar
Porque grande parte das minhas palavras eram irrelevantes
Era o tempo que um filme cheio de terríveis monstros
me botava medo
Era o tempo que comia o que quisesse
Sem essa neura de engordar
Era o tempo que brincava de pique-esconde à noite
Corria, suava, caía e amava
Era o tempo que brincava de coisas de menino
Como jogar bola com o meu primo, o que eu muito fazia
Era o tempo que minhas provas eram tão fáceis
Mamão com açúcar e eu errava tão pouca coisa
Era o tempo que tinha medo de ficar em frente ao espelho
E de olhar para ele pensando que ia aparecer algum mosntro
Era o tempo que eu ouvia Sandy e Júnior
Ainda juntos e a Maria Chiquinha ía cortar lenha todos os dia
Era o tempo que eu e minha prima saíamos para caçar tesouros
Com mapas confeccionados por nós duas à procura de algum brinquedo
Era o tempo que brincava de boneca com minha vizinha
E pular elástico. E mãe e filha. E escolinha.
Era o tempo que crianças viviam como crianças
E adultos como adultos
E hoje elas têm uma enorme ânsia de virar eles.