Praça de Máquinas

De repente, acorda e levanta assustado.

Escova os dentes, vai ao refeitório,

Olhar opaco, calado, cansado.

Cedo levanta, tarde se deita, na faina pegado.

Espera conformado o elevador, desce à Praça.

Sente, na atmosfera, o cheiro do óleo pesado.

Arrebatado se entrega.

Luta titânica, essa

Notas, e pequeno glossário, a quem interessar possa:

1) O poema foi reestruturado sob a forma de Indriso

2) Durante algum tempo trabalhei embarcado em navios mercantes, na rota do minério, “Brasil-Japão-...-Brasil”, sendo um dos responsáveis pela maquinaria a bordo.

3) Praça de Máquinas: região do navio que congrega o sistema de propulsão e os vários sistemas auxiliares. Em embarcações de longo curso, como era o caso, as Praças de Máquinas são grandes e têm elevador para facilitar o acesso.

4) Faina: No jargão marinheiro, qualquer tarefa realizada a bordo. Em viagens como aquelas, em navios com instalações já degradadas pelo tempo, as fainas de operação, manutenção e supervisão tornavam os dias laboriosos e cansativos.

5) Óleo pesado: óleo combustível marítimo adequado para a máquina de propulsão principal dos navios com aquelas características e função.