SOB A ESPESSA CHUVA

Chovia e do vidro do carro vi passar o rosto

Outrora conhecido, não só o rosto como o resto,

Ao qual conhecia perfeitamente a geografia.

Houve o instante em que o corpo se fez desconhecido,

Seguido do rosto permeado de incertezas e desconfianças

E o abandono, oras,este encarregou-se do plantio do nada.

Sobrou o quê? A sensação de um elo perdido irremediável,

Não sobrou sequer saudade, apenas um asco de ressaca.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 21/09/2018
Reeditado em 22/09/2018
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