Quarta feira de cinzas
(Tela do pintor alemão Carl Spitzweg, 1808-1885)
CINZAS
Carregando a noite sobre os ombros,
A manhã acordou doente, cheia de feridas.
Nos cantos da boca um frio sabor a cinzas.
A chuva não vem para lavar os escombros
Do que ontem foi queimado, agora só poeira,
Resquícios da festança que passou ligeira…
Ao homem deram a alegria, jogou-a pela janela,
Pois não lhe ensinaram o que fazer com ela.
© Ana Flor do Lácio