SOU SÓ CRIANÇA
(Três indrisos abandonados...)

I

Eu não brinco e nem vou à escola
Sem dia das crianças, páscoa ou natal
Me viro mais com bala do que com bola

Sem festa de aniversário nem funeral
Minha próxima viagem vai ser com cola
Não sou craque, mas o crack dá um astral

Mas a coisa sempre fica feia e enrola

A rua é minha casa e meu hospital


II

Aprendi desde cedo a viver no mundão
Corendo da polícia, pois não posso rodar
Eu me garanto! Mas ninguém me dá a mão

E amor e carinho ninguém vai me dar
Não tenho amigos e não tenho irmão
É sozinho que eu tenho que me virar

Não sei o que é isso de solidão

Nem nunca me falaram disso de amar


III

A rua muito duramente até que ensina
Nem pai, nem mãe nem casa eu tenho
E o meu brinquedo é cada esquina

Não sei quem sou nem de onde venho
E dizem por aí que isso é que é sina
Nessa vida em que me mantenho

Sou só criança e ninguém me ensina

Que me tiraram tudo o que não tenho


(Poesia On Line, em Mirandópolis/Araçatuba,
em 20/08/2010 - 19:00)

Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 20/08/2010
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T2450151
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