O rio secou,
e o que restou foram valas abertas
escamadas dos afluentes
que consumiram as encostas
e, na marca deixada pelo limo
deslizam poeira e pedras sedentas
enquanto uma mão sorrateira, escorrega e
entre o que sobrou, acaricia o abismo
já não há palavras
unem-se as bocas
sedentas, distantes e envelhecidas
pelo tempo passado
e, moldada pela lama seca do fundo do rio
reaparece, nova e perfeita para receber
do oásis o líquido precioso,
o viço da juventude
que, entre línguas, lágrimas e suor
deságua na boca da noite
e, o que era seco, reviveu
e uma nova vida nasceu
do amor
de nós dois


Amélia Aragão
Enviado por Amélia Aragão em 19/04/2010
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