Naná ou Dadá? Eis a questão!
A Naná vivia pegando no pé do Agenor. E o Ditinho não se conformava! “ O Ge é um chato de carteirinha.” Resmungava para quem quisesse ouvir. “ Mas nem o pior chato do mundo merece isso!”
É que tinha ficado sabendo da última: a Naná descobriu que o marido andava acessando sites pornôs, escondido dela.( Se ele pedisse vá lá que deixava, né). E pelo Google, para não ficar no histórico do computador. Quem quiser saber detalhes é só ler Nana que era mulher de verdade, que saberá os detalhes sórdidos.
“ Quiquitem espiar umas tetas, umas xavascas na Net? Inda se fosse ao vivo!”
Ninguém sabe porque se nem amigos eram, no máximo uns conversês sobre o Coringão nos botecos da vida, mas o caso é que o Ditinho tomou as dores do Agenor.
“ Aí tem maracutaia!” tentando explicar as implicâncias da mulher do Ge, durante uma rodada de bilhar no Bar do Ticão, aos parceiros. “ Quando uma fulana fica marcando em cima, sem dar tréguas ao companheiro de jeito nenhum, só pode ser pra encobrir os podres que tem.”
E falava com conhecimento de causa!
Como relatei no Nana. . ., aprontava tanto, mas tanto com a Dete que a coitada mal tinha tempo pra respirar. Era uma zinha olhando desrespeitosa prela no supermercado. Era música com amor oferecida na rádio por mulher que nunca tinha ouvido falar. Era roda de vizinhas cochichando baixinho e parando quando ela passava.Era . . .
“Cabeça vazia, oficina do Capeta!” o Ditinho justificava-se rindo.
Falar a verdade, era o tipo do marido que todo homem recrimina, mete a lenha, diz que é não passa de um safado, e tal e coisa e coisa e tal, mas no fundo, no fundo quer ser igual. Só falta coragem!
E pergunta daqui, inquire dali, fuxica dela com as putas conhecidas( e olhe que conhecia a maior parte delas) sem nada de concreto, quando a Quitéria deu o toque:
- É uma morena , trinta e poucos anos que trabalha na Lavatec?
Era.
- Rá! Mas essa zinha é muito da safada! Ta de cacho com o Mirtão pra mais de três anos!
Como é que era?
- Tem certeza, Quite?
- Soluta!
Deixa eu explicar, que vocês leitores devem estar mais perdidos que noiva virgem em lua de mel. A Lavatec era uma firma especializada em limpeza de estabelecimentos bancários com uma porção de mulheres trabalhando preles. Aliás, só contratava mulheres.
E o que o Mirtão citado tinha a ver com tudo aquilo?
Acontece que o dito cujo era o gerente local da empresa.
De repente, como se tivesse acionado o play, a Quitéria abriu a mala duma vez:
- O cara é um tremendo dum filhadaputa! Só dá em cima de mulher casada! – e complementou toda sibilina: - Pode ser a maior baranga que não tem budum – e deixando escapar um tantico de raiva: - Conheço bem umas quatro que ele anda comendo pelai.
“ E não dá bode? Uma descobrir da outra?”
- Tem não! Mulher casada sacumé, não pode bordejar perguntando e fuçando muito senão o cornélio oficial descobre e a barra suja prelas!
“ E a Nana é uma das?”
A Quitéria deu um sorriso sem graça.
- Ela passa o rodo no chão do banco e o Mirtão passa o rodo nela!
Mais tarde o Ditinho entendeu a raiva da Quite pelo gerentinho limpezal. É que uns tempos antes tinha dado em cima do cara quinem um pinhé, umas trepadinhas até que tinham rolado mas quando o Mirtão descobriu que ela estava solta na vida, sem nem um migué chifronézio de contrapeso, não quis saber de nada e meteu-lhe um belo pontapé na bunda gorda.
- Eu não cantei a bola proceis? - Trovejou entre goladas de cerveja para os amigos, naquela tarde no Saramandaia. – Não falei que tinha truta nessa brabeza toda?
Ra, mas não deu nem cinco horas e tratou de mandar uma cartinha anônima pro Agenor, dando pistas, nomes, locais, o escambal a quatro!
Resultado: o Ge podia ser uma besta mansa, um mandado nas mãos da Dona Fera, mas corno já era demais! Meteu-lhe a mão na cara sem dó, ajeitou seus teréns, alugou um cômodo na Vila do Flor e tratou de arrumar um advogado dos bons para a separação litigiosa.
Mas precisou não! Repartiram os bens numa boa, ela ficou com a casa onde moravam, ele com uma que tinha alugado prum casalzinho que vivia atrasando o aluguel e saíram sem encrenca. O resto foi tudo ali no mezzo a mezzo. Até colher e garfo o Agenor fez questão de contar e repartir direitinho.
Depois foi só cair na gandaia. Que neguinho quando separa por causa de chifre quer comer o que aparece pela frente,só de ódio.
Mas tava fora do circuito! E quando acontece isso, o cara fica zuretão. Foi por isso que rangou muita baranga, encheu a cara muuuuitaas vezes, acordou mijado na rua outras mais .fez cagadas uma em cima da outra, brigou com quem não merecia. Resumindo,fez de quase tudo! Só não deu o rabo, porque nunca teve inclinação pela coisa, nem comeu viado, porque aí já seria sacanagem demais!
Até o Ditinho dar os toques e levá-lo para o caminho certo.
Aí começaram a aparecer os filés!
Hoje tá tranqüilo, tranqüilo.Deixou de ser corno, porque quando fulano larga da vagaba encerra o expediente( vocês já ouviram falar de corno de ex-mulher?), melhorou até nas piadas que conta e namorando a Suelen, uma ruiva de fechar o quarteirão. Gostosa pra caramba, porém rodada quinem estrada principal. Mais da metade dos homens da cidade tinha passado ela no rodo.
Por isso quando alguém comenta se não fica meio receoso dos chifres voltarem, dá uma risada gostosa e tasca:
- Eu não! Estou com a Suelen por três motivos. Primeiro que é um tesão! Mil vezes melhor que a Dada( como perceberam tinha trocado o nome da ex.). Segundo que ninguém tem nada com a minha vida e a Su faz barba, cabelo,bigode e se bobear dá uns retoques na sobrancelha, como ninguém mais..
“ E o terceiro?”
- Bem. Eu quero namorar puta mermo! Quanto mais, melhor!
“ Porque?”
- Assim nunca mais vou sentir aquele comichão de querer casar dinovo! To fora!
Como perceberam, junto com os chifres, o Ge também ganhou sabedoria.
Um adendo:quando a Dadá, ops. . . Naná procurou o Mirtão e deu o toque que estava livre, ele fez quinem com a Quitéria. Um belo pontapé nas áreas baixas.Mas se preocupem com ela não! Enganchou namoro com um plantador de laranja no município vizinho, velho como ele só mas podre de rico. E viúvo!
Fizer certinho, fica melhor que antes com o Agenor.