O IGLU
O IGLU
Fiquei sabendo pela empregada do 701 , conhecida como “ boca-rebelde”... (essa alcunha tinha duas origens : a segunda decorria de sua tara felativa), que um casal descendente de esquimós havia se mudado para o bloco vizinho há uma semana (alguém de vocês conhece um esquimó ou assemelhado? ).
Culto que sou ( tenho toda a coleção da Reader’s Digest), sei perfeitamente que ofertar a esposa aos visitantes do seu doce lar é um dos hábitos esquimonianos, e se o sujeito renega o anfitrião considera-se inaceitavelmente ofendido ( imagina um bambi numa situação dessas).
Ouriçou-me, pois, o pensamento: comer de graça a mulher do cara e com o consentimento do corno cultural. E eu tava mesmo numa secura das brabas, até a “boca” tava me rejeitando.
Comecei então a cubar a saída do bloco em pauta. Não demorou muito apareceu o nosso amigo: grande , atlético , com cara de mau e ao seu lado ... Meu Deus, muito obrigado... uma gostosa morena, cabelos pretos-lisos, os peito de mamãozinho ainda-verde, a boca safada, coxas indescritíveis. Ah, que felicidade!!
Mas como chegar ao iglu da deusa e do brutamontes? Com que desculpa?
Pronto, já sei.
Blim, blom e abre a porta o parrudo.
“Oi, tudo bem, meu nome é Klaus, sou morador do bloco ao lado e soube que vocês vieram do pólo-norte...”
Ele balançou a cabeça afirmativamente .
“É que eu tô fazendo uma pesquisa pra faculdade , justamente sobre esquimós e seu modo de vida. Se a gente pudesse trocar uma idéia”.
De pronto manifestou-se a hospitalidade do camarada. “Entre”.
Entrei , com os olhos de águia procurando a morena. Na sala não estava. Sentamo-nos e ele disse: “Bem meu nome é Ikon... Eu tava bebendo uma cerveja , quer uma?”.
“Se não for incômodo”, respondi.
Volta ele com a cerveja. “Que curso tu tá fazendo?” . “Geografia, licenciatura, vou acabar dando aula pra molecada”. “É, pra quem gosta. Eu montei uma oficina de conserto de geladeiras e freezers, tem tudo a ver comigo”, riu.
Papo vai, eu tava com um modelo de formulário contendo algumas questões básicas conseguidas num www e comecei a questioná-lo mostrando interesse. Ia anotando. A certa altura ele falou a única coisa que eu queria ouvir:
“Você sabe que é da nossa cultura oferecer a esposa a aquele que nos faz uma honrosa visita. Portanto, essa experiência enriquecerá o seu trabalho” .
A taquicardia aumentou.
Bem, tava com duas camisinhas, não ia precisar mais do que isso. O bondoso vizinho pede licença e retira-se da sala. Nisso ad’entra no / ao recinto nada mais nada menos que o monumento. CALORÃO!!!! Ela se apresenta: “Tudo bem? Misla”.
“Klaus, sou amigo do Ikon”.
“Fique à vontade”.
Foi tudo tão rápido, ouvi então a voz do dono da casa atrás de mim: “Klaus!!”.
Virei-me. O cara tava acompanhado por uma... como definir?.... monstra, baleia, filha-de-uma-égua, cara de ursa-polar, cheirando a óleo rancificado de pinguim.
“Minha esposa, Ravena”.
Quase desmaiei. Falta de ar. Vontade de cagar. Ânsia de vômito.
“Vocês podem ocupar o quarto dos fundos”, falou o desgraçado, cuja mãe provavelmente morou na zona.
A coisa de 145 Kg mais ou menos, sebosa e nojenta, agarrou minha linda mãozinha encaminhando-me ao salão de tortura, ao purgatório.
Até hoje não sei como consegui uma ereção, acho que foi de medo. Traumatizado , fiquei cerca de um ano e meio sem conseguir transar, vinha-me sempre a imagem das pelancas me sufocando, das tetas grandes e moles dentro da minha santa boca e o maldito cheiro nauseabundo insistia em não desaparecer das minhas fossas nasais.
Triste recordação.
A sorte é que mudei-me logo após o acontecido. Calhou do meu velho, militar da ativa , ser transferido.
Mas uma certeza eu tenho... a gorducha sim é que era a irmã do canalha, a cônjuge era a boazuda.
E parece que os vejo morrendo de rir depois que a vítima saía , com cara de descrença na humanidade, do apartamento 507.